Esta pesquisa foi realizada durante o ano de 2007 pela educadora
Célia Diva Renck Hoefelmann com a Fundação Catarinense de Educação Especial.
ResumoEste relatório tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa que avaliou as contribuições da educação Condutiva para crianças e adolescentes com paralisia cerebral em programas de atendimento especializado... no estado de Santa Catarina. Participaram desta pesquisa: Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Condutiva, Fundação Catarinense de Educação Especial e APAES dae Balneário Camboriú, Camboriú, Florianópolis, Porto Belo e Itajaí ...
Os resultados desta pesquisa apontam para complexidades da Educação Condutiva e as dificuldades dos profissionais se apropriarem de sua essência. entretanto, mesmo com os profissionais ainda em processo de aprendizagem, os alunos já refletem resultados positivos. ... Não é possível implantá-la em outras instituições sem a assessoria e presença de um condutor.
Sumário - Introdução
- Educação Condutiva: Seu papel na aprendizagem, elementos essenciais, o condutor, o programa, a série de tarefas, intenção rítmica, o grupo e princípios básicos.
- Percurso Metodológico: A descrição da realidade, a crítica da realidade, a formação contínua e a criação coletiva.
- As Contribuições da Educação Condutiva
- Considerações Finais
- Referências e Anexos
E na íntegra copio as
Conclusões:
Os resultados desta pesquisa apontam que a Educação Condutiva traz muitas contribuições para os alunos com paralisia cerebral, pois busca sempre o movimento ativo e consciente. Entretanto, os resultados são mais evidentes quando o aluno consegue compreender e aprender a rotina de trabalho. Em relação ao trabalho desenvolvido nas APAEs, ainda se configurando como uma abordagem em construção, há muitos resultados significativos com os alunos, principalmente no que diz respeito às aquisições motoras, desenvolvimento da linguagem, compreensão, atenção e alimentação. Pelo relato dos profissionais, a qualidade dos atendimentos oferecidos a estes alunos com base na Educação Condutiva é superior à verificada em propostas de trabalhos anteriores. Como nas instituições participantes, os profissionais ainda estão em processo de aprendizagem, não se estabeleceu relações entre a periodicidade e a duração dos atendimentos nos grupos com os alunos. Pelo que foi observado, o grande diferencial foi a organização e a qualidade deste atendimento e não exatamente o fator tempo. Em relação aos alunos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Condutiva, todos tiveram conquistas importantes, principalmente nos aspectos motores, cognitivos e afetivos e agora mostram uma personalidade ortofuncional que permite a eles ter uma maior independência no contexto de sua funcionalidade. São mudanças pequenas, mas significativas e ocorridas em curto espaço de tempo, ou seja, de julho a dezembro de 2007. Para que estas aquisições sejam mantidas e ampliadas é necessária a continuidade do trabalho. A formação do profissional, na perspectiva desta pesquisa, foi um aspecto muito importante. A Educação Condutiva, que a princípio era entendida como uma abordagem de fácil compreensão, revelou ao grupo, inclusive à pesquisadora, toda a sua complexidade. Em um processo muito intenso de aprender e ensinar, muitas crises apareceram, mas foram amenizando aos poucos, na medida em que aumentou o entendimento sobre a teoria. Contudo, cabe ponderar que o processo de aprendizagem dos profissionais ainda não está consolidado, mas em processo de elaboração. Este é um consenso entre os participantes.
O término deste Projeto dá a impressão de que se está interrompendo o processo. Foram poucos meses para um aprendizado tão intenso. O atraso da condutora, devido a problemas com o visto, prejudicou a organização dos trabalhos, neste sentido.
Há um consenso entre fisioterapeutas, professores e demais profissionais no que se refere à qualidade desta abordagem. Os fisioterapeutas, que atuaram como líderes dos programas, compararam seu trabalho anterior à pesquisa com o atual e indicaram preferência por este. Os professores, por sua vez, mencionaram a importância do aprendizado deste ano.
Em se tratando dos professores, é importante que tenham um papel mais ativo neste processo, que reflitam sobre a sua prática e que possam contribuir mais com as questões da Educação. Não se deve negar as teorias da aprendizagem já conhecidas, mas apoiar-se nelas para entender a Educação Condutiva. Nos contextos onde o professor se fez presente ativamente, os resultados foram melhores. A pesquisa demonstrou a relevância da formação profissional e do trabalho coletivo – cabe lembrar que todas as ações ocorriam nos grupos: os estudos, as discussões, assim como os desabafos, enfim, todos os momentos vividos... Contrariando a expectativa inicial, a pesquisa revelou que não é possível implantar a Educação Condutiva em outros centros educacionais especializados do Estado de Santa Catarina sem a presença ou assessoria direta de um condutor. Este fato se deve à complexidade da abordagem. Mesmo os profissionais que participaram dos cursos e deste Projeto ainda não dominam todos os pressupostos desta abordagem. Esta conclusão é compartilhada por todos os fisioterapeutas e demais profissionais envolvidos no Projeto. Até mesmo nas instituições que já desenvolvem estratégias da Educação Condutiva, se não houver a assessoria de um condutor, o processo de aprendizagem dos profissionais poderá estabilizar ou, muito provavelmente, retroceder. Houve um grande investimento de recursos humanos e materiais por parte das instituições, do Instituto Guga Kuerten e da Fundação Catarinense de Educação Especial. Hoje se tem a certeza de que estes recursos foram investidos em uma abordagem que realmente oferece novas possibilidades para os alunos com paralisia cerebral. Cientes deste fato, todos os profissionais e instituições ficam apreensivos com relação aos desdobramentos da Educação Condutiva no Estado, pois este Projeto e as demais ações relacionadas se encerram no término deste ano e, a partir de então, cada instituição se responsabilizará pelos encaminhamentos em seu espaço. A principal preocupação está concentrada na necessidade de alguma forma de assessoria, uma vez que a aprendizagem dos profissionais ainda está em construção. Uma estratégia viável, sugerida pela pesquisadora e discutida nos grupos, é a consolidação de espaços que desenvolvam a Educação Condutiva em sua essência, com a presença de condutores, para que, em um futuro próximo, possa se oferecer um curso de especialização em Educação Condutiva no Estado, buscando estabelecer parcerias com instituições da Hungria ou da Inglaterra. Este procedimento é necessário, pois a aprendizagem da Educação Condutiva necessita da prática. Para construir esses espaços com qualidade, é imprescindível a presença de facilitadores motivados para aprender. Conscientes de suas necessidades, as APAEs participantes deste Projeto discutem as possibilidades de contratar um condutor e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Condutiva já está contratando um condutor para continuar o trabalho.
Diante deste panorama, torna-se fundamental a manutenção do convênio com a FCEE, a fim de garantir a cedência de professores para atuar como facilitadores, bem como o empenho de todas as instituições envolvidas com este Projeto no sentido de sua continuidade. Aliás, até mesmo por uma questão de ética, não se pode interromper um processo que mostrou
tantas possibilidades para os alunos com paralisia cerebral. Foi criada uma expectativa para eles e esta deve ser mantida.
Para finalizar, pode-se afirmar que a Educação Condutiva surpreendeu pela sua complexidade, pelas exigências, pelos resultados e também pela intensidade do envolvimento dos profissionais com estudos, reflexões, discussões, mudanças, crises..., mas, acima de tudo, pelo grande desejo dos profissionais de desenvolver um trabalho que promovesse o
desenvolvimento pleno do aluno com paralisia cerebral.
Para os que desejarem ler mais, entrem em contato com a pesquisadora para suas dúvidas e informações. Com a
Professora Célia - celiahoefelmann@gmail.com