Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Friday, November 19, 2010

Therasuit


A Terapia Intensiva usando o Therasuit consiste de uma metodologia que usa algumas facilitações para atender ao objetivo esperado. Usa-se uma roupa especial, que é formada por elásticos que ajustam o corpo em uma boa postura. A roupa é feita de tecido e consiste de um colete, um capacete, uma joelheira e um sapato que permite que os elásticos sejam presos através de ganchinhos. Por exemplo, se meu pé está em ponta, o elástico traz a ponta do pé para alto e alonga meu calcanhar para encostar no chão.

Além da roupa, que nada mais é do que uma órtese móvel, usam uma gaiola equipada com roldanas e pesos que permitem realizar diversos movimentos provocando resistência e impacto ao músculo. Alongamentos intensivos, nos braços e pernas principalmente, são realizados com o sistema de pesinhos. Também são usados sacos de areia para alongamentos passivos, principalmente nos músculos de trás da coxa, normalmente mais encurtados para aqueles que não experimentam a postura em pé.

Outros facilitadores como extensores de braços e pernas, além de bolas, rolos, bancos e andadores; são usados na realização de movimentos abdominais, normalização do tônus, alinhamento de quadril, alinhamento corporal e estabilidade. Também são usados elásticos presos a um cinto de couro na cintura da criança para que ela experimente estímulos ao sistema vestibular. Preso a gaiola com ganchos de escalada é possível dar saltos e experimentar sensações bastante prazerosas.

Terapia intensiva com Therasuit é como um treino que todo atleta faz antes de mostrar seu desempenho em campo. Com ela se adquire força e preparo físico para estar pronto para os movimentos funcionais.

Thursday, November 18, 2010

Livro: Internationalising Conductive Education


Novo livro com artigos de condutores e pais, descrevendo suas experiências com Educação Condutiva em países como Austrália, Canadá, Israel, México, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos.


Internationalising Conductive Education
Edited by Andrew Sutton and Gillian Maguire
Birmingham, Conductive Education Press
November 2010


Mais informações sobre a obra, incluindo a possibilidade de folhear algumas páginas do livro em:

http://bit.ly/cep-internationalising-ce

Boa leitura!

Tuesday, November 09, 2010

Dora, a aventureira


Dora está sempre percorrendo etapas, uma a uma, buscando atingir seu objetivo. Ela é uma menina latina que mora nos Estados Unidos, fala inglês e espanhol.

Para atingir sua meta ela conta com a ajuda do amiguinho que assiste ao desenho animado, meu filho. Ela é ativa e participativa, faz todos se unirem e vivenciarem juntos a experiência que ela proporciona. No final de cada episódio ela canta:
- Yes, we did it! Conseguimos, sim nós conseguimos!

Em cada capítulo, sempre existem barreiras no caminho e um inimigo que não deixa que as tarefas se concretizem como o planejado. Depois de muitos desafios e com a ajuda de vários amigos ela enfim consegue atingir sua meta. Alguma semelhança com nossa vida?

Eu aprendi muito com a Dora, pois ela fala com meu filho. A personagem faz ele participar! O desenho dá tempo para que a criança responda e participe. E ela não pergunta apenas uma vez, ela instiga a participação da criança pedindo que responda mais alto!

No final do episódio sobre o Aniversário da Dora, ela pergunta:
- E você, gosta de festa?
Ele dá um lindo sorriso, apenas. Mas ela repete a pergunta e ele faz um som que claramente significa :
- É.

Dora, aventureira e equipe, que exemplo de ensino!

O desenho da Dora aventureira passa no Brasil na Tv Cultura e no Nick Jr. Não perca!

Monday, November 08, 2010

Terapia de mãe


Digo ao meu filho:
- Você está apurado, vamos fazer xixi.
E ele me pergunta:
- Como que tu sabes mãe? Eu estou mesmo apurado!


Passando levemente a mão sobre a bexiga do meu filho consigo saber se ela está cheia* o suficiente para ser hora de banheiro. Ele não quer perder um minuto de futebol e acaba eventualmente se "emocionando". Mesmo ele podendo me avisar do momento de ir ao banheiro, tenho que policia-lo para que ele não esqueça.

* dica: ela está cheia quando a barriga fica bem esticadinha e se a gente aperta devagarzinho, ela vai e volta como uma balão. Não aperte demais que ela está cheia de xixi. :)

Meu bebê está chorando, chateado. Fico pensando se ele está com alguma dorzinha, mas ao beijar sua barriga, percebo que ele está de estômago vazio*. Ele está com fome, uma mamadeira e já acalmo meu lindinho.

* dica: O estômago fica ali entre o final das costelas, bem no meio do tronco. Se agente dá um beijinho ali e o beijo afunda, encostando quase nas costas, é porquê está precisando de comida!

Meu filho resmunga, faz careta e chora. Ele não fala. Eu preciso entender se é dor, fome, sede, frio, mudar o canal, etc. O que fazer?*

* dica: Eu pergunto! por tentativa e erro procuro uma resposta. O choro continua, mas percebo que não é um choro, mas apenas um resmungo. Ele quer algo, quando ele de repente pára, me dá um leve sorriso ou diz com um profundo e sonoro: é!. Suspiro, acertei.

São nestes pequenos momentos da vida que estamos muito próximos de nosso anjinhos. Eu já considerei a fisioterapeuta de meus filhos, a pessoa mais importante do mundo, naquele tempo que eu escutava todos os diagnósticos e dizia amém. Eu já não sou mais aquela, meu olhar está dentro dos meus filhos. É justamente neste importante intervalo, entre as terapias, que nossos filhos estão crescendo e aprendendo.

Reabilitação não são os trinta minutos de fisio, nem uma tarde inteira de Condutiva. Reabilitação é a vida.

Sunday, November 07, 2010

Detalhes em ser mãe


Meu filho não anda, por isso o faço usar fraldas?
Pensando nisso eu poderia imaginar que ele nunca poderá ir ao banheiro sozinho, no entanto ele pede para usar o vaso e eu o levo. Uma situação não está vinculada a outra.

Algumas vezes pensamos em facilitar a vida, nos enganando a nós mesmos. Se a nós estamos enganando, quando seremos fiéis aos nossos filhos?

Meu filho não fala, por isso não lê?
Claro que não! Vou ensiná-lo a ler, vou ensiná-lo ainda que eu não tendo a resposta imediata para entender se ele leu, se ele captou tudo. Cabe a mim seguir.

Verdade: nos cansamos eventualmente. Nos entregamos ao cansaço, o excesso de funções nos esgota. Mas quem gosta de dormir com a consciência pesada por não termos feito tudo. Tudo, tudo.

Com o nascimento e crescimento de meu quarto filho, eu poderia dizer que perdi o controle. Confesso. Já não sei se todos os meus filhos evacuaram neste dia e em qual horário. Não sei se no momento do banho, os espaços entre os dedos do pé foram secos. Nem sei se comeram todo o lanche.

Fazer tudo eu já não podia, sempre pedi auxílio para uma mãe a mais. O quarto filho me tirou de todo o controle, perdi algumas partes e me perturba não estar 100% consciente de tudo. Me culpo pela frieira que eu não vi aparecer, pelo calo que eu não percebi de qual sapato o fez, ou dos dentes que não escovei. Ainda mantenho as 80 unhas cortadas semanalmente, mas realmente não dou conta de tudo.

Prometo que num breve futuro vou voltar ao ritmo, apenas curto meu bebê crescer...

Friday, November 05, 2010

Rotina do Programa Individual


Na postura em pé, eu coloco a mão na barra, e subo, barra por barra até a marca amarela, olho e seguro o saco de areia, o coloco de volta. Com a mão direita e com a mão esquerda, três vezes. Eu olho e percebo o que faço.

Deitado com o tronco elevado e as mãos apoiadas no chão eu derrubo os pinos de boliche. Com as duas mãos, repito quatro vezes. Eu olho para cada movimento, vejo minha mão, vejo o pino. Percebo e faço.

Partindo da posição sentado eu me levanto, seguro na barra, dou um passo para o lado e sento na cadeira ao lado. Repito. Concentrado em cada movimento, seguindo a ordem. Escuto, percebo e executo.

A rotina de educação condutiva não se parece com rotina, cada criança desenvolve uma atividade em busca de um objetivo. As tarefas parecem simples, mas são muito difíceis para este grupinho que diariamente executa estes movimentos de forma ativa buscando função.

Meu filho escuta a ordem de levantar o braço, e imediatamente põe a língua para fora, torce a cabeça para o lado. Ele parece testar seus movimentos até concretizar na ação solicitada. Ele faz um movimento inicial diferente do movimento pedido. No entanto ele tenta. Tenta e inicialmente não encontra o caminho. Com persistência encontra a forma de movimentar o braço, e enfim o faz. No entanto mais tempo seria necessário para que ele o executasse como ele desejaria que fosse.

Certamente ele entende a ordem, entende o que deve ser feito, mas não encontra a execução do comando de seu próprio corpo. Que prisão. Eu percebo que meu pé existe, sobre um bastão eu rolo ele para frente, para trás, sinto todas as cócegas possíveis. Preciso entender que meu pé existe para que eu possa usá-lo com toda a sensibilidade que ele dispõe, na função que ele serve.

Terapia Intensiva



Crianças com paralisia cerebral não tem a oportunidade de oferecer impacto ao seu corpo físico no seu crescimento no decorrer da vida.

Meus filhos não engatinharam, não sentam sem apoio e se esforçam bastante para ficar de pé. O impacto no decorrer da experiência que um bebê sem dificuldades vivencia, faz a formação do acetábulo, do fêmur, das articulações e dos ossos.

As crianças com dificuldades motoras não têm força muscular o suficiente para manter-se em pé ou para transferir-se de posição. Na educação condutiva através das repetições de movimentos funcionais, no dia a dia vai se conquistando mais força e função.

Na terapia intensiva, objetiva-se aumentar o nível de atividade física da criança oferecendo repetições de movimentos visando o fortalecimento muscular através da resistência. O uso de pesos nas atividades de repetição, avaliados pelos terapeutas treinados, oferecem aumento de força muscular e cardiorespiratória.

A terapia intensiva usando o Therasuit foi desenvolvida nos Estados Unidos por uma mãe / terapeuta de origem polonesa, para sua filha com paralisia cerebral. Esta terapia foi criada baseando-se na vestimenta Pinguim, criada na Rússia em 1970, que foi desenvolvida para evitar atrofia muscular dos astronautas que retornavam de missões espaciais e apresentavam as mesmas características de pessoas com desordens neurológicas.

Mais tarde, em conjunto com um médico ortopedista polonês, a empresa Euromed criou a Adeli92, visando fortalecimento principalmente de glúteos e panturrilha, para objetivar a função do andar em crianças com dificuldades. Unindo-se ao UEU, Universe Exercise Unit, a terapia intensiva proporciona a realização de diversos movimentos oferecendo resistência e impacto para a criança com paralisia cerebral.