Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Wednesday, September 24, 2008

Fraldas e respeito


No corredor do supermercado naquela busca quase automática pelos produtos na prateleira, paro e olho para o pacote de fraldas. Faço contas, a quantidade de cada pacote, o número de noites, falta pouco para o verão. Me demoro.

Parecia simples apenas pegar o pacote e colocar no carrinho, mas ali parei e muitos pensamentos invadiram minha mente, que naquela rotina sempre igual, nem pensava.

Desde julho que meu filho já não está usando as fraldas, apesar de não termos 100% de calças limpas, continuamos acreditando nele. O comportamento dele na educação condutiva é sempre bom, respeita os horários e também a condutora.

Eu estava relaxando com ele na escola, talvez com receio da inclusão, uma escola nova e ainda xixi nas calças iria ser um pouco demais. Mas a partir das férias decidi por retirar totalmente.

Ele me pede para ir ao banheiro, eu peço que espere, e ele me espera. Chega até o banheiro e faz. Ele faz isto várias vezes durante a semana, mas tem dias que não funciona. Normalmente nos momentos que não estou perto, é quando ele, escondido de mim, relaxa.

Tentei outras vezes, mas eu não dava a ele a oportunidade de entender o comportamento do xixi. Se saíamos ao shopping, colocava as fraldas, se fôssemos na casa da avó, fraldas nele. Várias vezes provoquei inconscientemente nele um sim e não de confusão. Até que tomei a decisão, e com paciência dei a ele respeito.

Se não dermos a ele esta oportunidade, como ele vai entender que é necessário? Provar que sabe o momento de ir ao banheiro, isso ele já fez. Agora precisa de treino. Treino sem fraldas. Entendo que existe o conflito de emoções, na surpresa, na ansiedade, no nervosismo. São fatores extras para o controle da bexiga.

Parece difícil. Mas é um exercício para nossos próprios atos. Paciência, tempo, comunicação, respeito.

Nossa recente visitante no grupo Com Amor, a psicopedagoga Ana Carolina, comentou:
- Que bom que você acredita nele, e ele te demonstra que pode. Ele está feliz com essa oportunidade. Quantas crianças ficam com as fraldas para sempre...

São seis anos comprando fraldas tão rápida e automaticamente, e agora faço cálculos para as contáveis noites até que ele deixe de usar ... Será no seu tempo.

Tuesday, September 23, 2008

Comece, pratique a paz


Nas regiões mais tradicionais da Índia as pessoas estudam mantras que não podem ser escritos e são passados oralmente de geração em geração há mais de 5 mil anos. A tradição é preservada seguindo uma rotina diligente.

A história conta que grandes reis abandonaram sua riqueza, poder e soberania em busca de ética, de consciência e conhecimento. Buscam viver da virtude, encontrando prazer nas coisas simples.

Em alguns momentos após uma verdadeira guerra de sangue, vivem uma guerra interna, um conflito terrível seguido de arrependimento. Entendem o momento de pausa, parada e mudança. Em busca de paz, se transformam.

Está gravado nas raízes de qualquer mundo a história de um homem que passou parte de sua vida meditando embaixo de uma figueira. Buda eternizou sua mensagem singela, profunda e verdadeira:
"- Deixe a verdade ser a sua luz."

Confiança, honestidade, não violência. Sem nenhuma promessa de céu ou afronta do inferno, Buda deixou sua mensagem por aqui como um homem comum, em busca da paz. Há cerca de 2.500 anos.

O tempo passa e a mensagem continua viva e atual. Ainda fingimos não encontrar uma fórmula para seguir o caminho da virtude, para encontrar a paz. O começo está dentro de cada um de nós, no olhar, no sorriso, no respeito, na atitude.

É preciso praticar. Eu peço a você, da próxima vez que encontrar um cadeirante, um portador de necessidades especiais, vá até ele, dê um sorriso, diga um bom dia, pergunte seu nome. Dê a ele o prazer de ser respeitado, abordado, cumprimentado, como qualquer outro. Comece.

Foi o que as crianças do Grupo Educação Condutiva Com Amor trabalharam nesta segunda -feira, celebrando o Dia 21 de setembro : Dia Internacional da Paz.

Monday, September 22, 2008

Brinquedo eficiente


- Isso era de quando eu era pequeno, joga fora isso...
E com um movimento rápido das mãos ele derruba um brinquedinho de imãs grudado na geladeira.

Realmente este brinquedo estava ali desde que eles nasceram. Há seis anos.

O brinquedo bastante simples, do tamanho de uma palma da mão aberta, com apenas três grandes botões. Botões coloridos e com três formas: círculo, quadrado e triângulo. Cada forma ao ser apertada repete o nome da forma. Não sei quantas inúmeras vezes eu, e toda minha família, escutamos este: Quadrado, Círculo, Triângulo. Mas poucas, pouquíssimas as vezes que foram apertadas por eles, os donos do brinquedo.

Eu fui e sou uma caçadora de brinquedos que possam ser usados pelos meus filhos. Neste mercado quase infinito de brinquedos infantis, não entendo como possam existir brinquedos tão inteligentes, mas com um grau de dificuldade e ergonomia baixíssimo para os usuários dos mesmos. Na época em que as fisioterapeutas me davam ordens, eu aceitei uma vez a resposta de que meus olhos eram apenas voltados para as mãos deficientes de meus filhos.

Hoje tenho certeza de que não. Os brinquedos eram difíceis e pouco educativos também para as outras crianças da mesma idade. O mercado é sim deficiente. E este brinquedo em especial, o das formas, foi um dos poucos que guardei na expectativa que seus botões fossem apertados com convicção pelos meus filhos. E hoje eles conseguem apertar, mas não têm mais o menor interesse neste joguinho de formas. "- joga fora isso..."

O tempo passou, o brinquedo se manteve ali, na esperança de um novo apertão. Mas que nada! O sucesso foi mesmo derrubá-lo no chão e escutar a risada de vitória, da conquista de um movimento realizado. Tentei até explicar que o legal era apertar, relembrar do tempo que éramos bebês e... até tentei brincar, mas ele não disse uma palavra. No silêncio o tempo passou e o brinquedo já nem tinha mais pilha.

Inclusão escolar



A professora se confunde se o meu filho precisa fazer a tarefa ou se ele precisa fazê-la no ritmo dos colegas. Sei que ele também quer fazer no mesmo tempo dos outros, mas não é justo nem para ele, nem para o grupo. Ele tem o tempo dele.

O importante é que ele faça a tarefa. Que ele seja o realizador da ação. Não importa para mim o tempo que ele demore para fazer, o importante é que ele seja o autor.

Na palestra de inclusão da Professora Maria Teresa Mantón, ela dizia que a escola de todos nós, a escola de inclusão é aquela que não está formatada para o grupo, mas aquela que se molda a cada um. Escola para todos.

" A criança sabe muito, mas pode deixar de saber se nós formos os limitadores de seu saber. As diferenças é que fazem o processo educacional inusitado. A diferença existe. Somos diferentes. "

Na semana passada foram as palavras de Luciane Lubianca, que escreve para a Zero Hora sobre sua experiência com inclusão:

"Sempre explico aos meus rebentos que no nosso mundo existem dificuldades visíveis e invisíveis. Para as últimas, as soluções podem ser até mais difíceis, talvez seja preciso muito mais trabalho do que milhões de sessões de fisioterapia. No olhar tranqüilo deles, percebo a generosidade e o entendimento de quem já sabe disto há muito tempo. Sigo aprendendo..."

Vivemos na dúvida do ritmo, da tarefa, do tempo. Que bom que temos dúvidas, estamos construindo nosso aprendizado. Triste são aquelas escolas que Luciane cita em seu artigo, aquelas escolas que têm a certeza da exclusão, e abertamente não aceitam alunos especiais.

Prefiro a dúvida Luciane, e nós temos a oportunidade de aprender com esta inclusão na vida diária, apenas com os olhos em nossos filhos. Somos diferentes sim, mas não menos inteligentes.


Texto de Luciane de 12 de setembro de 2008 | N° 15724, ARTIGO Inclusão escolar, na Zero Hora Porto Alegre.

Friday, September 19, 2008

Curso de Educação Condutiva em Budapeste


Recebi as informações de um curso de Educação Condutiva para profissionais em Budapeste, e repito aqui:

Le informamos que el Centro MOIRA de Educación Conductiva organizará UN CURSO INTENSIVO SOBRE LA EDUCACIÓN CONDUCTIVA , con la participación de conductores muy preparados y conferenciantes invitados, en el período de 27 Octubre á 7 Noviembre de 2008.
El idioma oficial: Inglés. El programa contiene las lecturas, las demostraciones y las observaciones operativas en grupos diferentes. Este curso es organizado para los profesionales, quien no han tomado parte en ningún curso en la Educación Conductiva y querría aprender más de los principios de la Educación Conductiva , y quien se siente que el curso puede ser útil en su trabajo diario.


E com mais detalhes, repito em inglês:

We are pleased to inform you that the qualified conductors of the MOIRA Centre (Budapest) together with guest lecturers are going organise INTENSIVE COURSE ON CONDUCTIVE EDUCATION from 27th October – 7th November 2008 for professionals.
The course has three main parts:

1. LECTURES:


• Principles of sciences closely connected to Conductive Education.

- neuro-habilitation,
- rehabilitation
- other methods (Katona)
- diagnostics
- orthopaedics (surgery)
- special aids
- theory of education
- psychology

• Introduction to Conductive Education:

- what is Conductive Education
- history of Conductive Education
- around the world
- who is suitable
- assessment, documentation
- groups / individuals
- conductor / multidisciplinary team
- conductive education program
- the task series as algorithm
- planning:
- the composition of the group
- daily routine
- task series
- making future program
- follow-up program
- role and place of motivation in Conductive Education
- the meaning and types of facilitation in Conductive Education
- conductor training
- conductor’s role
- special furniture

2. CONDUCTIVE EDUCATION OPERATIVE OBSERVATION, VISITING INSTITUTES IN THE COUNTRYSIDE

The participants of the course will have the possibility to observe conductive education group work and individual sessions

o Kaposvár (Conductive Education Advisory Service, Special School for Disabled Children)
o Kiskunhalas (Conductive Educational Centre)
o Ipolytölgyes (St Elisabeth Home)


Para maiores informações contactar :
Centro de Educación Conductiva MOIRA
Dirección: H-1113 Budapest, Bartók Béla út 152, Hungary
Teléfono y fax: +36-1-250-2477
Móvil: +36-20-661-6814 (también mensaje de SMS)
E-mail: moira@moira-cec.hu
http: www.moira-cec.hu

Tuesday, September 09, 2008

Voz do Condutor


Recentemente tenho lido Laszlo Szögeczki, este nome húngaro que junta diversas consoantes tem uma fala vibrante, palavras de um condutor. Repito aqui o texto do início do mês onde ele descreve sua profissão, e através dela, mais uma vez vemos como é apaixonante a educação condutiva. Aos que precisarem de tradução, ao lado o tradutor. Ele também fala de Paulo Freire em seu blog.


Statement of Being Conductive Education Teacher

I teach, deal both to change the world and to transform myself. Whether consulting with clients; parents, pupils, students, adolescents, adults or colleagues, friends, my goal is to help people think critically and take responsible action in personal, professional and civic life. I believe the aim of education should therefore be human development—the growth of the capacity to think and take action with ever-greater creativity and complexity.

To foster this development, I use a variety of active learning methods with one theme in common: All give practice at both reflecting on reasoning and experimenting with different ways of doing things. When clients participate, they often begin to move from thinking in polarities to taking context and circumstance into account, in this case testing how well they have understood others and themselves rather than assuming an idealized transparency.

Friday, September 05, 2008

Capa branca de Hári


O texto de Susie Mallet falando do livro de Mária Hári é um aperitivo para aqueles que querem conhecer mais sobre a Educação Condutiva lendo de quem sistematizou o método, de quem trabalhou sua vida inteira pela divulgação e internacionalização do mesmo e ainda escrevendo com o coração.

Ela abre este livro com a citação:
"Love is not enough. It must be intelligent love."
"Amor não é suficiente. Deve ser um amor inteligente."

O livro de capa branca com o seu rosto sorridente na capa tem em cada um dos artigos emoção e ensinamento. Ela reúne palavras de Peto, falas de seus alunos e teoria com diplomacia. Muito bem lembrada a citação de Susie, o comentário de Andrew e as referências de Gill. Aliás, com ela, Gill, a aquisição para quem interessar.

Um pouco mais sobre Hári neste blog ou no próprio livro:

Mária Hári on Conductive Pedagogy, editado por Gillian Maguire e Andrew Sutton pela Fundação de Educação Condutiva de Birmingham - UK, 2004.

Tuesday, September 02, 2008

Ser abordado


Estávamos neste sábado no clube assistindo a uma partida de tênis, quando chega uma amiga e, sem nenhuma restrição, inicia a conversa com meu filho.

No primeiro momento ele se assusta, sua primeira reação é procurar os meus olhos se questionando: Será que ela está falando comigo? Eu fiz de conta que não percebi o olhar dele e não respondi a indagação dela, continuei agindo naturalmente. Ela então repete a pergunta inserindo o nome dele, insistindo que era com ele que ela estava falando.

Ele então dá um sorriso maroto, delicioso, e responde a pergunta. Verdade que em seu tempo e da sua forma, mas completa a comunicação e se faz entender.

Infelizmente esta não é uma situação natural. Meu filho não está acostumado a ser abordado. E nem as pessoas estão acostumadas a abordá-lo.

Quando nossos olhos encontram uma cadeira de rodas, ou uma pessoa babando, ou com algum comportamento diverso, nossa primeira reação é frear. Entendo que nossos olhares curiosos querem estar varrendo aquela situação para que fique respondendo tantas perguntas e sensações que são despertadas dentro de nós naquele momento. Mas.. é injusto que aquela pessoa em nossa frente não tenha a oportunidade de dialogar, de ser cumprimentada ou de apenas receber um sorriso.

É também neste momento, que nós temos a oportunidade de exercitar nossa igualdade e respeito perante alguém. É o momento de treinar nossas virtudes, minuciar nosso olhar e selecionar as palavras que devemos colocar.

Flávia te agradeço pela excelente oportunidade de diálogo que desses ao meu filho. E estou certa que este momento é também uma excelente oportunidade de aprendizado para nós mesmos. Oportunidades que, muitas vezes, estamos em busca de encontrar.