Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Thursday, June 19, 2008

Obrigação e Necessidade


Lembro que quando fomos ao México e tivemos a oportunidade de conhecer os adolescentes do grupo de Educação Condutiva do ConNosotros, eram eles que nos falavam deste método húngaro. Estavam ali fazendo seus programas e seguindo suas rotinas por sua necessidade. Falavam dos movimentos mais importantes, das atividades a se concentrar mais para um e para outro.

Hoje nosso grupo em Florianópolis trabalha de forma lúdica, usamos dos artifícios da criatividade, das artes, da curiosidade para que nosso grupo de crianças realize os movimento necessários adequadamente. Mas nem sempre eles estão dispostos ou prontamente felizes para realizar.

Este salto para a maturidade, entendendo que é necessário estar ali, não como obrigação, mas como necessidade; estamos recentemente iniciando a construir. Querer pular corda, ficar de pé ou fazer triatlon, depende sim de boa vontade, mas também de muito treino.

Ontem estávamos sentados em uma cadeira nova (Backyardigans, presente de aniversário), aproveitando a novidade para um treino de equilíbrio e concentração. Os breves momentos ali sentados despertaram a altivez de minha filha, que destacou a postura, a realização e o êxito, em tom de surpresa parabenizou meu filho com um super abraço. Neste mesmo instante o outro que assistia do sofá disse em tom de apresentador circense:
- Agora preparem-se, todos vocês! Uma surpresa! Eu estou indo até aí.
Fez o movimento com as pernas, os pés, depois disso uma pausa, e, adicionou baixinho:
- Com a mãe...

Tuesday, June 17, 2008

Extraordinário


Arjuna em algum momento de sua história pergunta a Khrisna como conhecer o mundo; e ele sabiamente responde:
- Admirando o extraordinário.

Para um Deus parece fácil responder, mas mesmo assim difícil de compreender. Na simplicidade, o extraordinário aparece em nossa frente todos os dias. E várias vezes ao dia.

No espetáculo do nascer do sol.
Na alvorada, a geada, o orvalho, o campo amanhecendo tem seu verde brilhante.
Na maravilha da névoa sobre o riacho que ali flutua, decidindo se volta pro estado líquido ou se evapora.
No martim pescador que em pose elegante, minuciosamente analisa o seu café da manhã.

No bom dia da criança.
No sorriso de um amigo.
No beijo de um amor.

Nos pássaros que voam de volta pra casa, em uma maravilhosa coreografia harmonizada pela cor do céu de outono.
No arco íris.
Nos vários tons de fogo proporcionado pelo por do sol, carregando também emoções.
Na deslumbrante lua cheia que chega ao céu ainda na luz do dia mostrando seu brilho, um espetáculo tanto no azul como no negro da noite.

Aqui uma lista de momentos extraordinários. Momentos de um dia apenas comum. Perceba um, um por dia, todos os dias. É uma pausa pra alma.

Monday, June 16, 2008

Celebrando a vida


Neste sábado meus filhos fizeram 6 anos e logo cedo, um deles me pergunta: Porquê cantamos parabéns no dia de hoje? E foi lindo poder lembrar que estamos celebrando e comemorando a VIDA, são 6 anos de vida.

Não posso esquecer da cena de uma família que compartilhava comigo os corredores do Mãe de Deus há exatos 6 anos atrás, com todas aquelas esperanças que nos alimentam mais do que tudo, o choro invadiu cada um de nós, aquele quarto decorado em casa não seria naquele momento lotado.

Felizmente estamos do outro lado, erguidos por uma força sem tamanho, guiados por ela - hoje celebramos, festejamos e comemoramos 6 anos de VIDA. Parabéns meus guerreiros da vida.


*Foto exclusiva de Becky Featherstone: admirando o extraordinário.

Thursday, June 12, 2008

Realizar já


Meus filhos estão fazendo seis anos no sábado. E conversando sobre este momento meu filho (mais uma vez) pergunta: Quando é que eu vou crescer mãe?
Ele quer saber quando será adolescente, quando será adulto, quando vai poder andar. Não tenho o que responder senão dizer que temos que esperar as coisas acontecerem, provocar o desejo de querer ficar sentado sozinho, depois ficar em pé sozinho e então operacionalizar alguns passos.

Não estou provocando a ilusão, e também não estou acabando com a esperança. Simplesmente despertar o interesse pela paciência, pela tolerância e maturidade.
Não existe uma regra, nem uma receita; o ensinamento para a maturidade é na vivência e experiência.

Há algumas semanas ele me pediu para pular corda comigo. Então eu disse que ele não consegue ficar em pé sozinho e sem ficar em pé, ele não consegue pular corda. Mas lembrei a ele que na Educação Condutiva ele fica em pé sozinho, segurando no espaldar da cadeira por alguns instantes, cada dia um pouco mais. E foi o momento de explicar a ele o porquê dos exercícios de standing frame (parapodium, estabilizador), atividades de posição em pé. - Não fazemos estas atividades sem objetivos meu filho, estamos buscando uma realização. Só então você poderá pular corda.

Eu quase não consegui terminar a frase e ele me pediu no mesmo instante: - Quero fazer o standing agora mãe.

Eram seis e meia da manhã. Com cinco anos, com paciência e tolerância em busca de sua realização.

Na iminência de ...


Lembro das aulas de física quando penso na situação: 'na iminência de um corpo se mover...'. Quantas vezes precisei prestar atenção neste texto para verificar se a aceleração do corpo estava em zero ou com alguma velocidade de partida.

Hoje vivo esta sensação a cada instante quando sinto meu coração na iminência de uma explosão. Meu filho que a cada dia diz uma palavrinha, com muito esforço quer se comunicar, é cada vez mais determinado em sua opiniões, quer se impor sem conseguir formar uma frase. Ontem na escola a professora perguntou se a amiga do lado queria um brigadeiro e ele sem pestanejar, disse quase que berrando: eeeuuu. Ela olhou para a assistente ao seu lado e perguntou, o que ele quer? Ele quer um brigadeiro!

Meu coração vive na iminência de explodir a cada instante, me dando a sensação que estamos no momento de virar a mesa, de receber aquela carta, de modificar de uma vez por todas aquele instante. Meu coração está cheio de vontade, cheio de desejo, transbordando de sensações, na iminência de realizar.

A Educação Condutiva, assim como o 'eu' de meu filho, também é uma fonte minadora de desejos, ela desperta e provoca nossas sensações. Ela me faz acreditar que é possível mostrando os movimentos, mesmo que por instantes. O método mostra também que existe um caminho realizável e que nada acontece de um dia para o outro.

Para alguns pode parecer sonhador (devido ao número de cenas que criamos em nossa mente), para outros pode parecer perigoso (por alimentar o sonho), mas na minha visão conseguir Provocar o Desejo já é o suficiente para deixar na iminência de acontecer.

Tuesday, June 10, 2008

Moral que me esquece


A moral determina.
Se ela determina e eu não sigo, infrinjo.
Se infrinjo, sou diferente.
Se sou diferente, sou visado e avaliado.
Se sou avaliado, sou ainda mais observado.
Se sou observado, sou criticado.
Se sou criticado, sou segregado.
Se sou segregado, deixado de lado não sou seguido.
Se não sou seguido, sou esquecido.
Se sou esquecido, ...

Se sigo a moral, tenho que fazer o que os outros fazem, comer o que os outros comem, falar como os outros falam. Se devo seguir a moral, devo seguir uma conduta considerada válida para qualquer tempo, qualquer pessoa e qualquer lugar.

A moral não me convém.

Se tenho que fazer as terapias que os outros fazem e seguir a ordem natural das coisas, vou estar sempre buscando um caminho esquecido, tentando empacotar a minha família para uma moral que me esquece. A pessoa que não me entende, um brinquedo que não educa, uma escola que não me quer, uma clínica que não me recebe, uma medicação que não resolve, um caminho que não me leva, uma porta que não se abre. Infrinjo a moral porquê afronto, faço, me imponho. Não porquê quero, mas porquê sou diferente, sou deixado de lado, sou o último a ser beijado, sou avaliado, criticado e esquecido.

Ordem e segurança


Vivemos em uma constante ordem e progresso. Não somente porquê somos brasileiros, e temos este lema em nossa bandeira, mas porquê a ordem faz parte do ser.

Se estamos na cozinha e a porta do micro-ondas está aberta, fechamos. Se uma caneta está sem tampa, automaticamente a fechamos. Se o casaco cai do cabide, recolocamos.

A ordem está presente dentro da gente. Meu filho fica ansioso quando as coisas estão fora de ordem, ele automaticamente quer organizar tudo, colocar no lugar, acabar com a bagunça.

Por algumas vezes achei que a preocupação dele fosse um tanto obsessiva, e tentei várias vezes mostrar que não precisamos fazer tudo em ordem. Ele gosta de seguir a lista de músicas de um cd, de acompanhar um álbum de figurinhas, de seguir a rotina da sala de aula, de jogar todos os jogos do videogame. Sem pular nenhum!

Entendo que aprendi que `ter ordem` também é uma forma de nos dar segurança. Sabendo que existe uma sequência natural, nos sentimos confortáveis com as surpresas.

Meus filhos ficam desesperados com a surpresa, com a chegada de uma visita, com o passeio em um novo lugar, com o conhecimento de uma nova experiência. Sim, estão a cada dia mais maduros conseguindo perceber as mais diversas situações, mas aquelas em ordem ainda é a melhor delas. Facilmente administráveis.

Querendo sempre mostrar que fora de ordem também funciona, para que aquela obsessão seja apenas um momento de conquista; acabo eu me perdendo em uma desordem, e me enrolando em uma sequência de harmonias que busco encontrar. Buscamos a ordem, porque somos a ordem. Temos a disciplina e a segurança dentro de nós mesmos.