Rotina e independência
Existem atividades que fazemos de forma tão inconsciente e rotineira que acreditamos que não se precisa pensar pra executar. Mas a vida é tão linda que nosso cérebro vai somando cada ação, cada dia e vamos 'nos' construindo sem mesmo perceber.
Ao observar um bebê, vemos que seu primeiro movimento voluntário é levar a mão a boca, tarefa simples e tão complexa. Ali o bebê experimenta o mundo, as sensações, os sabores, o prazer. Com a mão ele experimenta o áspero, o suave, a areia, a espuma. Com a mão ele come a primeira bolachinha, e prova o doce, o salgado, a sujeira.
Meus filhos não tiveram essa chance. A eles temos que ensinar as tarefas mais básicas, com ordens simples.
A mais simples que me lembro, e diria que até hoje se atrapanham, é a coordenação do mastigar, engulir, respirar. Parece simples ? Pois temos que pensar para fazer e cabe a nós, pais, ensiná-los a fazer. Com ordens simples, diárias e rotineiras. Mastiga, engole, respira! Respirar, tão fácil parece, mas se eu paro para 'pensar' na minha respiração já me atrapalho! E me lembro das minhas aulas de pranayama, que sufoco.
O movimento olho-mão é outra ação que faz parte do aprendizado. Olhar o que eu faço, aprender com a reação daquela ação. Ver um pássaro partir de um ponto ao outro. Que rápido esse passarinho! E temos que ensinar, olha lá, lá estava o passarinho, pra onde ele foi ?
As tarefas da rotina diária é que nos fazem independentes. O que fazemos por nós mesmos : escovamos os dentes, penteamos o cabelo, nosso banho e higiene, comer. Não é tudo, mas é quase tudo. Se estas tarefas diárias forem executadas sozinhas, que independência!
Aqui abro um parentêsis para a palavra 'sozinho'. Em inglês traduzimos alone para sozinho, mas dizemos by myself para executamos uma tarefa por mim mesmo. Quando digo pros meus filhos que eles devem pensar em fazer suas coisas sozinhos, eles não querem! Mas quando digo, mas tu que vais fazer, tu mesmo, eu vou só te observar! Então muda o sentido, não é estar só, mas fazer por si só.
E estou sempre me corrigindo nas nossas atividades diárias. Chegar em casa e caminhar até a mesa do almoço, lavar as mãos e rosto após a comida, escovar os dentes, pegar o lápis pra desenhar. Mesmo que depois da primeira ação, as outras venham com alguma ajuda, já valeu, é um começo pra esta independência.
Outro dia estava fazendo meu filho dormir e ele me perguntou:
Mãe, quando é que eu vou ficar grande ?
Não me contive nas lágrimas, eu sou sempre muito verdadeira em todas as minhas respostas e sempre explico tudo a eles como explico a um adulto. Só que esta pergunta eu não sei responder... Uma vez que 'ficar grande', significa ficar em pé, andar, jogar bola, ser independente.
Uma amiga me disse que nós não vemos os progressos de nossos filhos porquê nós sempre queremos mais. As vezes nem acreditamos nas pessoas, não parece, porque nós estamos sempre esperando por mais e mais, vivemos imaginando o futuro, as vezes esquecendo do presente.
Mas é no presente que estamos aprendendo e somando. Cada dia, a cada ação.
E isto a Educação Condutiva nos ensina: executar tarefas diárias, simples, de forma rotineira.
A Educação Condutiva objetiva ajudar as crianças a desenvolver a sua auto-confiança e motivação, levando a uma vida mais independente.
2 Comments:
Muito legal! Vou encaminhar pra divulgar!
Beijo
QUERO SABER,ALÍAS PRECISO DE SBER SE PORTADORES DE HEMIPLEGIA PODEM SER INDEPENDENTES,OU SEJA MORAR SÓ,TER SUA VIDA PRÓPRIA?
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