Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Friday, September 08, 2006

paralisia cerebral, vc reconhece ?


Eu estava ali para conhecer o diretor, imaginei muitas vezes essa cena, em como cumprimentá-lo, como falar com ele, me apresentar. Só que minutos antes de eu chegar recebo um telefonema me avisando de uma meia hora de atraso, e não se preocupar com as brincadeiras dele, gesticula bastante apesar de sua dificuldade em falar, dada a paralisia cerebral.
Paralisia cerebral ? Aquilo ecoou como um martelo, minha cabeça não parou mais, e agora tudo que eu havia 'ensaiado' não servia mais, não conseguia imaginar como seria o encontro, a pessoa estaria deitada, numa cadeira, com os braços atados, será que ela poderia falar. Será que o encontro é num lugar especial ? Minha ansiedade era ainda maior.
Cheguei no local, era um bar. Fiquei surpresa, parecia um lugar de balada e com gente bonita nas ruas, conversando e sorrindo. Muitos detalhes passaram pela minha cabeça o ambiente não era o que eu esperava. Parei por algum momento e fiquei observando as pessoas do lugar, meus olhos escaneavam o lugar avaliando cada pessoa, as pernas, os braços, os olhos, eu buscava nelas alguma diferença. Não via nada que me chamasse atenção.
Meus olhos pararam em um homem, que estava no lugar mais escuro do bar. Via que ele tinha uma certa dificuldade de sentar, como se ele não coubesse no banco, 'escorregava' para os lados e voltava a sentar no banco. Vi que ele falava, mas percebi que babava ao falar. Gesticulava bastante, os braços abriam e fechavam, como se contasse uma história muito interessante. Devia ser ele! Me aproximei e vi que ele não falava com ninguém, 'discursava' sozinho. Ele nem me viu. Será que estava 'ensaiando' como eu. Logo ele saiu de onde estava e com muita dificuldade foi ao banheiro, ele se segurava nas paredes e ia se apoiando nos bancos pelo caminho. Fui até o lugar que ficou vago, só poderia ser ele. Não percebi quando ele voltou, já estava ao meu lado. Vi que seus olhos estavam vermelhos e semi-cerrados, suava. Passaram muitas coisas no meu pensamento e, resolvi desistir de tudo, não tinha condições de conversar com uma pessoa com aquele deficiência. talvez eu começasse a chorar, ou não saberia nem mais o que falar. Ele, com toda aquela dificuldade voltou a sentar-se e continuou a fazer o que fazia.
Na porta de saída fui abordada por um homem alto, loiro, elegante e como eu saía assustada quase nem o percebi, ele era bonito e com uma voz rouca perguntou se eu esperava alguém. Era ele, o diretor. Ele usava uma bengala.
O bêbado continuou seu 'discurso'.
Era um bêbado.

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