Moral que me esquece
A moral determina.
Se ela determina e eu não sigo, infrinjo.
Se infrinjo, sou diferente.
Se sou diferente, sou visado e avaliado.
Se sou avaliado, sou ainda mais observado.
Se sou observado, sou criticado.
Se sou criticado, sou segregado.
Se sou segregado, deixado de lado não sou seguido.
Se não sou seguido, sou esquecido.
Se sou esquecido, ...
Se sigo a moral, tenho que fazer o que os outros fazem, comer o que os outros comem, falar como os outros falam. Se devo seguir a moral, devo seguir uma conduta considerada válida para qualquer tempo, qualquer pessoa e qualquer lugar.
A moral não me convém.
Se tenho que fazer as terapias que os outros fazem e seguir a ordem natural das coisas, vou estar sempre buscando um caminho esquecido, tentando empacotar a minha família para uma moral que me esquece. A pessoa que não me entende, um brinquedo que não educa, uma escola que não me quer, uma clínica que não me recebe, uma medicação que não resolve, um caminho que não me leva, uma porta que não se abre. Infrinjo a moral porquê afronto, faço, me imponho. Não porquê quero, mas porquê sou diferente, sou deixado de lado, sou o último a ser beijado, sou avaliado, criticado e esquecido.
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