Na pressa da vida
Montessori descreve o nascimento de várias raças com tanto detalhe e atenção, que então percebo como descuidamos dos ciclos de vida dos animais a nossa volta. As fêmeas não deixam seus filhotes se afastar até que tenham maturidade suficiente para se alimentar, se aquecer ou se deslocarem sozinhos.
Ela descreve e destaca o breve instante do nascimento como o momento mais importante de nossa vida, que parece nos passar despercebidos. O entorno de cirurgia, anestesia, quarto, visitas, roupas novas, cremes, fraldas, medicações, cordão umbilical, banho, cicatriz, cólicas, colostro, seio que sangra, leite que jorra, posição, sono, dor...
São tantas coisas que mesmo em meio ao êxtase e prazer que a nova vida nos trouxe, esquecemos de algumas ações que para as fêmeas não humanas são indispensáveis. A mãe fica em momento de resguardo, com camisola, repouso, alimentação especial. O bebê já está cheio de fitas e roupas, agarrado por um plástico, de creme no corpo, algumas vezes perfume, senão o dele o dos outros, dentro de uma roupa pouco confortável, passado de colo em colo, sendo observado e escutando um blá blá intenso. Estas são normalmente as suas primeiras horas de vida.
Montessori questiona se também não seria necessário um momento de repouso para o bebê, vestindo pouca ou nenhuma roupa, para que ele pudesse por ele mesmo começar a ter as suas primeiras impressões do entorno, conhecendo então sua família, e pouco a pouco ser apresentado aos sons, ao mundo, a vida.
Parece mesmo que a vida já começa num impulso tão intenso e que seguimos com ele no ritmo acelerado até o fim. A câmera lenta só entra em cena nas últimas horas, no momento que queríamos que tudo tivesse sido muito mais lento.
Reflexões de Montessori retiradas do livro "A Criança".
1 Comments:
Olá Lê!!!!!
Faz tempo que não ando por aqui, mas continue assim pois seus artigos tem brilho especial....
MB
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