Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Monday, February 26, 2007

Educação Condutiva em Israel


Durante dezenove anos Tsad Kadima desenvolveu vária etapas em conjunto com algumas organizações de pais para inserir, e se fazer aceitar, a educação condutiva como parte da educação-reabilitação em Israel. Foram eles uns dos primeiros a visitar o Instituto Peto com a intenção de desenvolver um modelo em seu país. E já a partir de 1988 começaram a ser referência em educação condutiva, amplamente aceitos no sistema educacional de seu país, sendo líder no atendimento de crianças, adolescentes e 'jovens adultos' com paralisia cerebral.


Tsad Kadima (quer dizer um passo à frente em hebreu), criou uma nova realidade de educação e reabilitação junto com três diferentes grupos, um grupo esclarescido de pais, outro de profissionais criativos vindos de diferentes disciplinas, além de um grupo competente de profissionais empenhados no crescimento e desenvolvimento da educação condutiva em seu país.


Em toda estas trajetória de 19 anos, com muitos poréns em todo seu desenvolvimento, hoje eles têm a educação condutiva como parte do sistema educacional de Israel, que atende as crianças especiais de todo o país. Neste mesmo modelo está seguindo aa Noruega, país europeu com o melhor sistema de saúde do mundo.


O grande êxito de Israel para este sucesso foi fazer com que o governo federal investisse no treinamento de um grupo de profissionais israelenses no Instituo Peto da Hungria, durante quatro anos. O mesmo está fazendo a Noruega que vêm treinando suas condutoras no Instituto de Birmingham e está se preparando para contruir uma formação em seu páis.


Com estes relatos me sinto muito disposta a seguir em frente o nosso projeto Educação Condutiva - Com amor, que ainda está para completar vinte dias de vida. Vamos seguir em frente sabendo e refletindo sobre as experiências deste grupo de Israel que relatou: "Nós construimos uma ponte sobre um rio de intenso movimento de águas, e nunca hesitamos em cruzar as águas, assim mesmo revoltas."




As informações deste post foram retiradas do artigo "The five Fs: cornerstones for success - Tsad Kadima (a step forward) - a case study, publicados no vol. 5, No. 2, do Recent Advances in Conductive Education.






Eu, mãe: velha e confiante


Uma vez li em uma revista que mães que tenham alguma dificuldade com seus filhos, entre elas as mães de filhos com paralisia cerebral, envelhecem bem mais cedo. São estas as primeiras a mostrar sinais de velhice em sua pele e cabelos, dizia a matéria. Hoje, com meus trinta e três anos me sinto mais velha sim, a minha vida 'correu' nos últimos cinco anos. Ela não correu, ela voôu, ela passou tão rápido e foi tão intensa que não me arrependo, não me entristeço, apenas agradeço por ter vivido momentos de tanta intensidade.


Também li uma vez, em algum lugar, que casais que tenham filhos especiais, entres elas a paralisia cerebral, têm o maior índice de divórcio. Hoje mesmo nossa condutora me descrevia a motivação de seu trabalho, e refletia como é importante para os meus filhos terem um pai e uma mãe tão presentes. Muitas vezes, dizia ela, os pais abandonam a família nesta situação, e em outras, as mães.


Uma vez quando se falava em paralisia cerebral eu era a primeira a ler, a saber, a conhecer, a desvendar. O assunto me interessava e era até chata em divergir dos médicos sobre as últimas pesquisas do mercado. Não sei o que me acontece que este assunto já não me é tão importante, era como se meus filhos não tivessem adicionado ao seu nome, este novo sobrenome.


Muitas vezes me vejo tão confiante da natureza de meus filhos, no desempenho que eles têm, que acredito tanto tanto no potencial deles que acabo eu mesma enxergando eles como crianças em sua forma natural.


E é assim, na maioria das vezes me sinto tão bem comigo mesma, que não me vejo envelhecer, me sinto tão amada que nem penso em desavenças, me sinto tão entendida de tudo que não me esforço em escutar, sou tão confiante de mim mesma que acredito em tudo o que penso.


Mas... outras vezes não.






Thursday, February 22, 2007

Recruto crianças


O projeto Com Amor está a cada dia se ajustando a tudo o que precisamos : uma sala alegre com profissionais satisfeitos e felizes em ensinar e integrar meus filhos ao mundo em que vivemos, um grupo de crianças espertas e sedentas por aprendizado, móveis e espaços adequados para que eles exercitem suas atividades.

Fico feliz de ver meus filhos totalmente adaptados a rotina da educação condutiva, não é novidade para eles toda aquela sequência de tarefas. Também estou muito contente com a condutora Bárbara que, não tenho outro adjetivo senão dizer que ela é mesmo bárbara. As duas Annas, recém chegadas assistentes estão super motivadas em conhecer mais sobre o assunto e dedicando-se ao máximo para que o projeto seja um êxito, não só como 'instituição', mas principalmente como família e como êxito de sucesso para as crianças.

Neste momento recruto crianças que queriam conhecer a educação condutiva em sua essência conduzida por uma profissional maravilhosa, vinda diretamente da Hungria, com sabedoria e com as melhores intenções para conduzir seus aluninhos à independência, liberdade, motivação em querer fazer e aprender a 'se virar'.

Nosso projeto Com Amor funciona na Praia de Canasvieiras, na cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina. Nosso grupo pretende receber crianças com paralisia cerebral entre 3 e 8 anos de idade. Nossa intenção é formar novos grupos para que atendam outras idades, mas inicialmente este é nosso foco. Convido você que atende a este perfil vir experimentar. Se for de outro estado, convido para um curso intensivo que faremos no mês de julho.

Me escreva, me procure, dê esta oportunidade para o seu filho. Mas... tenha cuidado... Você vai se apaixonar. ;)


Com - muito - amor,


Leticia Búrigo Tomelin Kuerten
leticia.kuerten@gmail.com
leticiabtk@hotmail.com
48 9621-2594

Tuesday, February 13, 2007

Baterista do Titãs


Ontem meus filhos estavam assistindo Titãs. Eles têm quatro anos e meio, mas eles adoram os Titãs. Eles lembram no dia em fomos assistir ao show que foi gravado em Florianópolis, muito próximo de onde moramos. Talvez por isso tenha ficado registrado.

Já vimos este show várias vezes, mas somente ontem que meu filho curiosamente me perguntou:

- Mãe, o baterista fica sentado? Só ele na banda fica sentado?
- Sim querido, o baterista sempre fica sentado.

Só que no começo do dvd mostra os músicos chegando no show, e preciso relatar que eles estão em um cenário espetacular, dentro da Fortaleza São José da Ponta Grossa, mais conhecido como Forte. Em um dia belíssimo, com o oceano a nossa frente, os pássaros voando baixo, o sol que se pôria mais tarde e uma brisa deliciosa.

Não eram nestes detalhes que meu filho tinha se percebido, ele quis ver a cena várias vezes. Para ver de que forma o baterista estava chegando ao show.

- Não vi, não vi! Repete. Qual deles é o baterista mãe? Ele vem andando ?

Tenho que engulir em seco e responder sem pensar muito...
- É, aquele ali, de blusa laranja.

Caretas no espelho


Nossos primeiros dias do nosso projeto de Educação Condutiva em Florianópolis estão crescendo pouco a pouco, muita coisa para ajustar não nos permite que o trabalho seja contínuo como gostaríamos. Ainda não fizemos uma semana, mas chegaremos lá com tudo ajustadinho.


A minha maior preocupação é o excesso de trabalho que meus filhos possam ter. A condutora quer eles trabalhando cinco horas diárias, eu não quero mais do que três. Eles vão para a educação condutiva de manhã e na escola regular a tarde. Chegam em casa que não conseguem abrir a boca para jantar, caem de sono. Vamos aguardar mais uns dias até que eles se ajustem a rotina, logo se habituarão.


Ela me disse que cinco horas é o máximo que uma criança pode suportar estando com uma mesma pessoa sem intervalo. Fico pensando o que meus filhos acham de mim! Claro que ela fala de uma pessoa desconhecida, e também do esforço que um profissional aguenta sem sofrer com suas costas. Nós iremos com calma e encontraremos o tempo adequado.


Gosto que ela queira mais tempo com eles, e incansavelmente vivencia todo o dia a dia deles. O programa começa com uma massagem, depois de uma ida ao banheiro, começa o programa que ensina esticar os braços, rolar, arrastar, ficar de pé, sentar; depois o lanche e uma nova ida ao banheiro. O programa individual trabalha o ficar em pé e o caminhar, depois segue com o programa de manipulação com alguma atividade recretaiva e terminam a prática.


A rotina eles parecem saber toda, levantar o braço, dobrar uma perna, estender a outra, levantar o quadril. Tudo isto já parece fácil. O que eles mais gostaram nestes dias foi de imitar caretas no espelho, movimentar os músculos do rosto, do lábio, a língua e os dentes. Ensinar a sorrir, ficar zangado, mostrar a língua, ficar sério. Tudo tão simples, tão natural e tão importante pra eles.

Educação Condutiva com criatividade


No editorial do último jornal Recent Advances in Conductive Education, Andrew Sutton fala bonito: os tempos mudaram e hoje se lê sobre educação condutiva a todo canto, em todos os lugares. Uma vez ler e conhecer este método era privilégio de poucos, era um suplício encontrar algo sobre o tema. Está se caminhando para que realmente exista uma literatura para a educação condutiva, esta que uma vez era tão escassa.


A internacionalização da educação condutiva tem proporcionado a proliferação destes novos materiais de leitura, muitos deles relatando a vivência com o método, assim como este blog. O que acontece de forma negativa é o fato de a educação condutiva passar a favorecer um ambiente muito criativo de idéias. Cada um escreve o que pensa e aplica da forma que acredita.

Vejo isto também de forma positiva, uma vez que todo aquele que está desenvolvendo e aplicando o método está fazendo isto para o bem do indivíduo, para o bem do próximo.


O fato de a educação condutiva ter se espalhado mundo a fora, acaba envolvendo vários idiomas e acontece de a tradução passar de um texto ao outro, cada um colocando a melhor forma que se entenderá em seu país. Vejo por mim, ao tentar descrever os movimentos do programa que os meninos executam. Em inglês eles dizem, rolar até ficar com as costas no chão (roll over my back), e nós dizemos rolar até ficar com a barriga para cima. Estamos descrevendo o mesmo movimento, mas talvez para aquele que o desenvolveu não queria falar de costas, ou barriga, mas talvez dos ombros.


Ao meu ver, esta criatividade faz parte do crescimento do método, da vontade que as pessoas têm em aplicar o que estão lendo, vendo, acreditando, percebendo, participando, executando. E aqui estamos nós com este blog, proporcionando mais uma forma criativa de aprender a educação condutiva. A vivência minha e de meus filhos com educação condutiva, neste caso com muito amor.

Sunday, February 11, 2007

5 meses do blog


Este blog fez cinco meses nesta semana. Fico muito feliz e emocionada com tantos elogios que tenho recebido. Iniciei escrevendo na internet porquê não queria guardar 'só pra mim' as novas descobertas com a Educação Condutiva e agora tenho novos amigos, apenas por causa do blog.

Através deste espaço pude despertar o interesse para que alguns profissionais quiséssem escrever seus projetos, dissertação e tese sobre este tema tão apaixonante que é a educação condutiva. Tenho comentários em três idiomas, e visitas regulares que não me deixam parar de escrever. Estava na praia há duas semanas e uma pessoas me perguntou, és a Leticia do blog ?

Obrigada mais uma vez, para todos os que aqui passam, visitam, me incentivam e me fortalecem. Nesta mesma semana meus filhos puderam iniciar a educação condutiva aqui, no nosso país, no nosso canto. Para minha surpresa, eles já sabiam tudo o que fazer, eu é que estou apanhando pra deixar tudo lindo e certinho pra seguir em frente.

O nosso projeto ainda é prematuro, mas cinco meses depois do começo do blog vou passar a descrever o início deste sonho que está se realizando. Com muita emoção e com muito amor, obrigada.

Thursday, February 01, 2007

Meus filhos, minha empresa


Vivo um momento de recomeço, com a chegada da condutora para trabalhar e continuar nossa rotina de Educação Condutiva. Há mais de um ano atrás estava com esta ansiedade para mudar de país e de partir para um ambiente incerto, inseguro talvez e instável. Me sinto tão ansiosa quanto mudar de país e começar a contar os dias antes da viagem.


Um novo espaço que criamos, um novo grupo de trabalho, uma nova condição que se cria. A expectativa de adaptação de meus filhos, as comparações que se seguem. Vejo meus filhos como minha empresa. O planejamento, a rotina de atividades, os profissionais envolvidos, os materiais necessários, as metas de futuro, a avalição de andamento, as contas pra pagar.


Um empresa de valor inestimável, primeiro porquê é jovem, promisora, e têm muito a desenvolver. Para trás não andamos mais, o que vem daqui pra frente é lucro. Um lucro que nos faz transbordar de sorrisos e de paixão. Com muito amor, acredito no potencial de aprendizado dos meus filhos, para que eles possam, construir a sua própria empresa. E que seja, tão rica quanto a minha.


Amém.

Condição motora fina


Acredito que eu, mãe de primeira viagem, sempre esperei mais dos meus filhos do que eles podiam oferecer. Como desde o nascimento deles sabíamos que eles teriam um 'atraso no desenvolvimento', sempre os olhamos com olhos de quem estavam sempre atrás. Mas sem ter convivido com outras crianças antes, não nos percebíamos da riqueza de ganhos que eles já tinham naquele momento.


Achávamos que eles já deveriam comer de colher com seis meses, e estar correndo com um ano de vida. E foi somente dois anos depois, quando nasceu minha terceira filha, que pude eu mesma refletir sobre o desenvolvimento motor dos meninos. Claro que a riqueza de movimentos é incomparável, mas cada um exige um tempo para 'afinar' sua condição motora.


Foi com ela, e através dela, que me esforcei por procurar um novo método de trabalho para o desenvolvimento dos meninos. Ela antes de engatinhar, vivia a fase 'tsunami', derrubando tudo o que vinha pela frente, e foi aí que meu filho me disse : 'Mãe, quero derrubar tudo também, igual a ela.'


Eles sempre foram muito espertos e experimentaram diversas terapias, mas não tinham adquirido o aprendizado funcional e não sabiam como derrubar um monte de fitas de vídeo. Fo aí que mais uma vez refleti sobre todo o trabalho que desenvolvíamos, e encontrei na Educação Condutiva toda esta orientação ativa, com autonomia.


Ainda hoje, minha filha com dois anos de idade, tem alguma dificuldade para acender a luz, 'mirando' o dedinho no interruptor. Ela usa mais de um dedo, ou a mão inteira. Agora entendo porquê é tão difícil trocar o canal da TV com um simples aperto. Chegar no botão não é fácil! Por uma condição motora que nós temos, e aprendemos a afinar na medida que vamos usando e crescendo.


Meus meninos não tiveram a oportunidade de experimentar todas as funções do mundo, mesmo as mais fáceis, e com o tempo vamos ensinando, pouco a pouco.