Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Friday, December 22, 2006

Odisséia


Nesta nossa última reunião conversamos muito sobre nossa viagem, o momento de decisão, o momento de chegada, o durante, um ano depois, resultados e o que vem mais. Andrew Sutton me chamou atenção, Leticia isto não é uma viagem, ou uma história, isto é uma Odisséia.

Fez minha imaginação ir até os livros de história e me sentir como uma 'descobridora dos 7 mares', um 'aventureiro na selva', ou 'uma pessoa no espaço'. Talvez era isso mesmo, um bando de aventureiros inconsequentes em busca de um ideal, em busca de uma visão quase utópica, indeterminada, inconclusiva, mas alucinógena.

Era eu, meu super marido e meus três filhos, de 'mala e cuia' em busca do que for melhor para o desenvolvimento de meus filhos hoje.

Não sei, mesmo, mensurar os resultados, talvez seja mais um grau de felicidade do que de êxito, mais uma paixão pela filosofia, do que pelo método, mais uma admiração pelo Dr. Peto como pesquisador do que como pessoa ou até um gasto sem volta. A Educação Condutiva é a causa e o porquê de toda esse empenho, desempenho, apego e desapego.

Essa Odisséia é uma aventura sim, e que ainda não terminou, foi apenas o primeiro capítulo, ou melhor, primeiro livro! Ainda tem páginas e páginas de muitas aventuras.

Thursday, December 21, 2006

Ainda muito a aprender


Esta semana finalizamos o ano de Educação Condutiva de meus filhos. A reunião de encerramento foi muito positiva e animadora. Todo o investimento realizado valeu a pena. Foi nesta reunião que percebi e comparei todos os objetivos que tinha no início do ano em relação ao atingido hoje. Continuo com os mesmos objetivos, mas carrego um aprendizado que me sacia na ansiedade de esperar o que vai acontecer.

Desejar, querer, fazer e realizar: sim fazem parte do meu dia a dia. Sonhar com meus filhos em pé, sim, eu quero isso. Mas eles têm ainda muito o que aprender.

Sempre penso que eles estariam fazendo muita coisa por aí, fazendo apenas aquilo que eles querem fazer. Meu filho me disse ainda hoje: mãe quando eu chegar lá vou correr pela casa toda! Ele quer, ele pensa que pode, ele - na verdade - pode! A cabeça deles quer fazer, mas os membros dele não respondem. Ele precisa então ser ensinado a fazer, e ter motivação pra fazer.

A Educação Condutiva tem parte fundamental neste papel. Eu andei 4 anos procurando um lugar pros meus filhos, diversas clínicas, médicos, terapias, terapeutas. Foi nesta sala que encontrei filhos iguais aos meus filhos, necessidades voltadas pra eles, pessoas que sabem exatamente o que eles querem. As condutoras parecem super ocupadas, mas mesmo assim eu não preciso ‘pensar por elas’, elas já sabem o que fazer. Mesmo enquanto um trabalha e o outro aparentemente fica ‘sem atividade’.

Um ano depois, muitos benefícios atingidos, nenhum deles 'drásticos', mas muitos pequenos passos celebrados.

Movimento e motivação


Quando pela primeira vez pensei em Educação Condutiva, pensei em movimento. Novos movimentos. Sentar, levantar, andar.

Ao conhecer a Educação Condutiva e sua filosofia já não passei mais a pensar desta forma. O dia a dia e o aprendizado que se adquire vivenciando o método, já não nos faz mais pensar em movimento simplesmente, mas na integração das crianças com o seu eu, sua personalidade, sua vontade, seu relacionamento pessoal.

Parece até estranho, mas é verdade que vejo meus filhos trabalhando para seu desenvolvimento pessoal, sua vontade própria, sua motivação.

Eu continuo pensando em movimento sim. Mas percebi que sem a intenção, sem a vontade e a percepção de um todo, fica ainda mais difícil executar um movimento, qualquer que seja.
O movimento vem mais tarde, depois de passada uma fase de amadurecimento pessoal. Cada um descobre o que pode fazer e como pode fazer.


Ter motivação para realizar qualquer coisa é que fará com que eles descubram e realizem os movimentos que quiserem. Às vezes temos condições de fazer , mas não temos a motivação para realizar.

Vejo meus filhos motivados com o que fazem e com o que podem fazer. A observação do grupo, a intenção do movimento e a motivação de estar fazendo Educação Condutiva é brilhante. Acredito que o movimento venha mais tarde, como forma de agradecimento depois de todo o trabalho já realizado.

Que assim seja.

Saturday, December 09, 2006

Engenheiro de reabilitação

Falando em profissões... um outro profissional que trabalha aqui no sistema educacional é o engenheiro de reabilitação. Ele é um engenheiro que avalia as condições do meio para que qualquer pessoa em necessidade especial se adapte ao ambiente. Seja alguém que sofreu um acidente, quebrou uma perna ou nasceu em condição especial.

A função deste profissional é encontrar os móveis ou aparelhos adequados para que se tenha função e integração na vida 'normal', de forma independente e natural.

O engenheiro adapta cadeiras para a mesa de jantar, mesa de trabalho, cadeira no carro, espaço no escritório, cozinha, banheiro, quarto. Eles estudam o que a pessoa precisa e a melhor forma de ser funcional com os objetos que existem ou com aqueles que possam ser adaptados para ela.

Esta profissão, que também desconheço no Brasil, trabalha para o sistema de saúde e visita em casa as pessoas que precisam deste auxílio. Aqui é natural ver pessoas em cadeiras elétricas pelas ruas, mesmo com neve e chuva, dentro dos meios de transporte, ou mesmo nos supermercados, com carrinhos de compras que 'encaixam' nas cadeiras de rodas.

Este engenheiros também têm empregos nas empresas que fazem estes tipos de móveis, cadeiras ou aparelhos que venham a facilitar e auxiliar a vida de pessoas com necessidades especiais.

Psicóloga educacional

Esta semana recebi uma visita da psicóloga educacional, uma profissão que desconheço no Brasil. Ela avalia o momento de entrada das crianças na escola. Se a criança necessita de alguma ajuda especial, então ela encaminha para a escola que está preparada para receber aquela criança com a ajuda que ela necessita. Ela também visita as escolas e orienta pra que as escolas estejam de acordo para atender 'todas' as crianças.

Ela veio encaminhar meus filhos para uma escola pública que atendesse não somente as necessidades deles, mas que agradassem aos pais. O bem-estar e a satisfação de todos deve estar de acordo.

Ela me falou de escolas especiais, que tinham terapias, fonos e outras necessidades dentro do contexto e programa escolar. De modelos excelentes de escolas, de trabalhos especiais e da motivação que os pais têm ao descobrir que existe uma escola para seus filhos.

Foi aí que comecei a falar de Educação Condutiva. Do meu interesse , motivação e mudança de vida por este método. De que fisio, fono e terapias não são sessões a parte desta escola, mas são partes da educação como um todo. Da educação de meus filhos na condição que eles têm, nos mostrando o potencial que eles têm.

Eu parecia uma E.T. falando de uma educação que não existe. De um modelo utópico de educação. Me sentia falando de algo do futuro. Ela me olhava como se isso não existisse....
A Educação Condutiva ainda não é aceita como modelo de educação aqui na Inglaterra. Ela ainda está além das fronteiras que a medicina aceita e mesmo a educação como Sistema, que tenta atender as crianças especiais por obrigação do Estado, sem na verdade se preocupar com a verdadeira educação delas!

A educação condutiva está aqui para educar, estimular, mostrar que é possível! Se adaptar ao sistema que foi feito para um 'bolo' não adianta. Quero sim, alguém que olhe para meu filho da forma que ele precisa ser visto. Com respeito, com dignidade, com educação e com possibildades de crescimento.

Não sei se confundi a mulher, mas ela entendeu a minha história. Quase como que 'mudar de planeta' para estar perto disto aqui! Espero que ela possa conhecer mais da Educação Condutiva e que eu possa continuar com esse discurso de E.T. para aqueles que acreditam nessa história.

Uma semana de novembro em francês

Este texto é de uma super amigo, que descreve uma semana de novembro...


En ces jours de novembre, l’automne est déjà bien avancé. Les trottoirs sont encombrés par les feuilles mortes tombées en quantité, il faut faire attention en marchant. Un petit vent très frais par moment commence à piquer le visage, les manteaux et écharpes sont de sortie mais d’une heure à l’autre le temps peut changer et passer d’un ciel parfaitement bleu à des nuages épais qui annoncent la pluie. Et que dire avec ces voitures qui roulent à gauche comme nulle part ailleurs au monde, il faut bien regarder du bon côté…

Le matin, comme presque tous les jours de la semaine, Il s’agit, quand on le décrit comme ça, de gestes bien ordinaires et ils le sont en effet. Mais à voir de plus près, on se rend mieux compte de ce qu’il a fallu faire pour en arriver là et ce que ça a demandé comme volonté et énergie.

Les gestes, les paroles, les attitudes sont là pour accompagner les moindres moments, pas seulement pour aider mais aussi et surtout pour avancer, stimuler et gagner petit à petit des morceaux d’autonomie. Et le regard, ce regard qui fait vivre, qui donne envie de vivre. Comment naviguer entre l’acceptation du résent et le désir de faire évoluer vers un stade meilleur.

A chaque moment l’émotion peut surgir : une personne non connue qui vient, une situation nouvelle, un geste malencontreux…Et par ailleurs, un sourire se dessine dès qu’une musique familière est entendue, dès qu’une image rassurante apparaît, dès qu’une personne connue se présente. Qui n’a pas vu la mine réjouie des deux garçons en voyant et en écoutant les sept nains revenir du travail dans la vidéo bien connue, celui-là n’a rien vu.

Et pendant ce temps, il y a quelque q'tourbillonne comme un papillon en allant de l’un à l’autre avec des yeux pétillants de malice. Elle sollicite l’un ou l’autre pour l’accompagner dans ses jeux, dans ses lectures d’histoires enfantines.


Comment ne pas voir une leçon d’humanité derrière tous ces gestes quotidiens comme il y en a beaucoup dans le monde. Des choses bien ordinaires qui, dans le même temps, sont exceptionnelles. Une lutte contre la fatalité, ici la résignation n’a pas de place. Une leçon par son exemplarité parce que, précisément, elle paraît si naturelle et facile. Accepter l’inacceptable tout en agissant dans le calme et la sérénité…


Jean François Quimerch'


...uma semana de novembro na minha casa.

Com amor, obrigada Quimerch'.

Thursday, December 07, 2006

3 meses plenos


Hoje o blog está com três meses, muito mais maduro e sempre com novas visitas. Valeu!

Tenho um sentimento estranho, que me parece um vazio, não me emociono, nem me lamento, nem me alegro, nem me entristezo... Tenho minha ansiedade dominada, meu temperamento controlado, parece mesmo um vazio, como se minha própria alma tivesse um buraco...

Vivo um novo momento de mudança, com mais um novo futuro que construo. Deixo para trás um passado rico e produtivo. A Educação Condutiva foi parte fundamental neste ano e com ele carrego todas as emoções e conhecimentos que transformei.

E ...acho que acabo de descobrir que talvez eu esteja me confundindo! O que sinto não é um vazio, mas plenitude. Me sinto plena, cheia de tanto sentimento que fica até difícil de dizer se está cheio ou vazio...se é um buraco ou uma alma que explode: de tanto que estou carregando e sentindo.

Então, que este novo ano seja também pleno e lúcido para todos nós! ;)