Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Tuesday, July 31, 2007

Andar de bicicleta e olhar pra frente


Escutei na Mothern este fim de semana uma história em que a mãe ensinava a filha a andar de bicicleta. Primeiro as rodinhas, depois o equilíbrio em uma só, depois conseguir manter o guidom em linha reta, e além de tudo ter que olhar pra frente!

Estar 'lá em cima' daquele banco já parecia ser algo totalmente novo. Eu vi nas palavras de um de meus filhos na primeira vez que sentaram em uma bicicleta adaptada, foi esta a principal experiência :
- Ai mãe vou cair daqui, que alto!

São tantas as sensações de estar ali naquela bicicleta, que estar 'no alto', não tinha sido a sensação que eu tinha percebido. Eu me percebo tentando decifrar e experimentar as sensações que eles vivem. Certamente as sensações deles são diferentes das minhas. Eles têm uma percepção muito maior. Não tendo a possibilidade de 'resolver' sozinho muitas coisas, acabam desenvolvendo novas formas de entendimento e encontrando outras soluções para o seu dia a dia.

Percebo que meus filhos sentem muito mais insegurança em situações novas, antevém situações de perigo com mais precisão, tem um ouvido apurado, um paladar seleto, um olfato que não erra. Também entendo que uma massagem será ainda mais sensível, podendo até irritar. Um carinho, um chamego, um afeto, é um derretimento da alma. A entrega é total, a amizade, a confiança, a unidade: impossíveis de medir. E aquele olhar que não fala, e que me diz tudo, consegue me passar muito mais que palavras, mas emoção, sensação, esperança, fé, amor.

São todas estas sensações que fazem de mim uma mãe aprendendo a andar de bicicleta. Mãe que cuida de seus filhos, vive por seus filhos, comunga com seus filhos. E ainda tem que olhar pra frente!

Saturday, July 28, 2007

Aprendemos em grupo


Estar em um grupo se aprende muito. Ter similaridades ainda mais. Poder observar o outro, se perceber no outro, se comparar e se auto-avaliar é ainda melhor.

É uma oportunidade. Oportunidade de poder viver situações diferenciadas, viver situações de aprendizado, que muitas vezes em nossa vida corriqueira acabamos não experimentando.

Fico pensando que sentimento é esse que nos une, que ensina a me enxergar dentro de um grupo, e me achar tão parecida com esta ou aquela pessoa. Na verdade a situação se faz e eu me coloco em cada uma delas, me vendo sendo aquela pessoa. Um sentimento rico que me faz entender tudo, com apenas uma frase. Poder ver que uma mãe que de um lado força comida porquê tem que comer, mas ao mesmo tempo ter uma mãe do outro lado que se posiciona` bom, se não quer comer, então não come`, e espera para a hora que tiver fome.

Por mais que Eduardo Búrigo, excelente psicólogo que nos fez uma visita esta semana, queira nos fazer iguais, nos vemos diferentes. Quer ele dizer que comer, se passa trabalho em qualquer família, com qualquer criança. Que criança que não gosta de festinhas de aniversário e tem pânico de teatro, têm aos montes. Ainda assim achamos que ninguém vive a experiência que vivemos.

Me enxergando como um grupo, sempre me achei parte do mundo de Wolverine, do X-men, um grupo de mutantes que quer aprender a viver em sociedade, controlando seus super-poderes. Ao mesmo tempo lutando para poder conviver de igual para igual em uma sociedade diferente, que continuem existindo, sem comparação com nenhum mundo, apenas existir em iguais condições que todos.

Neste grupo fecho um ciclo, me vejo, vejo ali meu marido, minha mãe, minha sogra, meus filhos, como se tudo se repetisse. Maior ainda são as similaridades que enxergo de meus filhos em seus filhos, um comportamento, um olhar, um movimento, um choro, um jeito, uma dificuldade, uma solução. Um grupo, grupo de pais e filhos com pc.

Thursday, July 26, 2007

Cérebro normal


Há algumas semanas as páginas amarelas da Veja falavam de normalidade. O psiquiatra Valentim Gentil Filho discutiu alguns assuntos que considerei interessante para aqueles que buscam a expectativa de uma vida normal.

Ele inicia falando que pessoas normais são raras na sociedade, através de pesquisas ele descobre que os normais existem, mas que para a grande maioria é fácil demais sair do estado de normalidade.

Ele reflete sobre graus de ansiedade, instabilidade de humor, tensões, inseguranças, desconfiança, irritabilidade, tristezas, como sentimentos aceitáveis para conviver e ao mesmo tempo conseguir cumprir compromissos, sair resolvendo coisas e pensando de forma clara. De uma pessoa absolutamente normal se espera ainda, que ela mostre consideração ao próximo, capacidade de antecipar as consequências de seus atos, de respeitar os próprios limites, a própria saúde, de não se deixar prejudicar por comportamentos repetitivos.

Se passamos a avaliar cada um dos motivos acima, eu pessoalmente me desprendo completamente da normalidade, quando, por algum motivo me vejo tomada de ira ao ver uma senhora qualquer falando mal de uma situação que não conhece, não viveu, não entendeu e mesmo assim sai por aí dizendo aos quatro cantos que não é válido, que não tem solução. Descreve uma rica cultura, como idiotices de uma tribo. O que me faz sair do sério, apenas ouvir alguém que não conheço, nunca mais vou ver, não dizer coisa com coisa, e ainda hoje, perturba minha sanidade ?

O que me faz ainda sentir assim é meu cérebro que não esqueceu dela, que tentou encontrar várias soluções para fazer ela mudar de opinião, consertar os erros que fez e que ainda estará por fazer. Sim, é o cérebro que o Dr. Valentim coloca como o ápice da perfeição, na natureza nada se compara a ele. O problema é que nunca nos foi dito que temos que cuidar dele com o mesmo empenho que dispensamos, por exemplo, ao coração.

É preciso respeitar os sinais que o corpo envia quando se estabelece um descompasso, se estes limites não são respeitados o cérebro pode se tornar uma armadilha para ele mesmo. Ainda temos muito a aprender com o cérebro, muito a decifrar. Mas não podemos deixar de acreditar no potencial dele em querer comandar o nosso corpo de forma cada vez mais equilibrada e em sintonia com o que necessitamos. Em nosso dia a dia, vamos nos esforçar para que ele possa trabalhar, mais do que estamos acostumados a fazer.


* Post baseado em matéria da Revista Veja do dia 2 de maio de 2007, em entrevista com o psiquiatra paulista Valentim Gentil Filho.

Tuesday, July 24, 2007

Eu sou o que pretendo ser


"Nós somos o que pretendemos ser, e temos que prestar atenção no que pretendemos ser, porque assim nos tornaremos." Kurt Vonnegut

Ao desenvolver o projeto de educação condutiva sempre busquei poder maximizar os recursos que temos para aproveitar o momento que estamos vivendo. Inicialmente querer criar um grupo de educação condutiva era um objetivo particular, divulgar o método era um objetivo singular, querer compartilhar aquilo que vivo, que me emociona, que me faz acreditar. Hoje, cinco meses depois de iniciado o Projeto Com Amor, me sinto responsável por várias famílias, pela minha, pela da condutora, pelos pais que vêm buscar algo mais, por todos aqueles que deixam seus recados aqui.

A família da condutora que se desprende de seu país e vem desafiar um novo mundo, construir uma realidade inexistente, que apenas existia em sonho. Com ela compartilho minha vida, minhas necessidades, minhas conquistas. Com ela construo um projeto ideal, uma condição de aprendizado que ao mesmo tempo parece utópica, mas que a cada dia me mostra resultados concretos.

Me responsabilizo pelas famílias que se unem a este projeto. Aos pais que estão dando as condições ideias para o desenvolvimento de seus filhos. Eles desafiam também, desafiam o novo, o desconhecido, a surpresa, mesmo estando em terra natal, falando seu próprio idioma, comendo arroz com feijão. Me responsabilizo por aqueles pais que acreditam no projeto, porque acredita no que lê, tendo condições de viver, de sentir, mas ao mesmo tempo na expectativa de esperar acontecer.

A Educação condutiva, ela mesma, em sua filosofia, na história de seu criador, nos dá condições de acreditar naquilo que não conseguimos ver, e nos faz acreditar naquilo que pretendemos ser, e com isso, nos tornar ser.

Neste momento, na segunda semana de nosso curso de férias, me responsabilizo por cada família que está, as cegas, vivenciando a experiência da educação condutiva, indo pra casa sem assistir um só dia, apenas confiar no que lê, acreditar no sorriso que desprendemos a cada dia, não só no nosso, mas no de seus filhos. Eles acreditam na educação condutiva.

E eu acredito naquilo que pretendo ser, me assusto talvez com o tamanho do meu desejo, que sozinha eu não poderia construir. Eu sou o que pretendo ser, e espero estar pretendendo satisfatoriamente, atendendo não somente aos meus desejos.

Monday, July 23, 2007

Inspiração e Intuição


Dr. Peto trabalhava com a inspiração e a intuição. Ele era sensível o suficiente para acreditar em seus sentimentos e saber realizar através deles. Hoje em dia dizemos que as mulheres têm intuição, as grávidas principalmente, que os publicitários têm inspiração. Somos todos nós que vivemos tão apressados em nosso dia a dia, que não temos tempo para olhar para nós mesmos, para escutar o nosso corpo, as nossas sensações e então viver uma vida mais acertada.

Me vejo falando de Educação Condutiva, eu que não sei nada de nada, falo de um sistema de educação, sem ter estudado Vygotsky, Luria, Piaget ou saber um pouco mais do construtivismo e outros métodos. Patrícia tem toda razão em estranhar quando afirmo abertamente :
- Educação Condutiva é um sistema de educação. Não compare com as outras ciências.

Falo do sistema educativo por aprender com ele diariamente, nestes anos que tenho convivido com o método. Repito o que disse uma aluna de Peto :
"...Tudo isto é mais o que eu sinto, do que eu sei."
É como se demorasse um tempo até perceber o que estou vendo, como se tivesse um atraso entre a experiência e a compreensão.

Dr. Peto era interrogado várias vezes, como ele fazia para curar estas pessoas. E ele não cansava de repetir:
- Eu não curo. Eu educo.

Ele educa visando com que cada um tenha uma vida plena, podendo vestir-se, comer sozinho, segurar uma colher ou não derrubar nenhum prato. Ele educa para que se faça melhor uso do seu corpo. É aqui onde a educação condutiva está presente, dar função útil, prática e realizável para que cada um viva de forma mais acertada. Usando a inspiração e a intuição.

Wednesday, July 18, 2007

Dr. Peto e atitude




Cada vez que revejo os vídeos e escuto falar de Andras Peto volto a agradecer imensamente a existência deste médico-artista que desenvolveu, aplicou e disseminou a Educação Condutiva. Infelizmente em seus dias de vida não pode ver sua criação por aqui e por tantos países. Ficaria ele orgulhoso? Ou abominaria o fato de estarmos não sendo tão precisos e metódicos como ele gostaria. Ele era um leão raivoso, mas ao mesmo tempo um coração mole.

Ele dava atenção à tudo, se a comida estava gostosa, se as condutoras estavam bem arrumadas, se o ambiente estava limpo. Ele não era apenas o médico atrás da cadeira, era atuante em cada movimento, em cada tarefa, em cada momento. Ele vivia sem um tostão, não acumulou nenhuma riqueza, nenhum bem. Ele vivia cada dia por inteiro. Um dia gastou todo o seu salário em chocolates para as crianças do Instituto. No outro dia, não tinha o que comer.

Ele tinha uma visão transcedental da individualidade humana, procurava enxergar cada pedaço de nosso ser, que não estamos acostumados a ver, ou não estamos acostumados a valorizar. Ele era visto como um santo budista, apesar de nunca ter mencionado nada sobre esta teoria, estudava terapia chinesa, escrevia peças, fez nascer o psicodrama. Era um curioso no que se dizia respeito ao desenvolvimento do ser. De cada um ele tirava o melhor, sempre via uma vantagem positiva, em qualquer que fosse.

Peto falava que se podemos mover um músculo qualquer, podemos fazer mover também os músculos dos braços e das pernas. Vamos fazer mexer esta perna, e de forma funcional. Ao mesmo tempo reforçava:

"... nossas mãos são de grande valia, mas o que faz acontecer, é a nossa atitude, que vem de dentro."

Tuesday, July 17, 2007

Disfunção e ortofunção



Dr. Peto encarava a disfunção assim como ela é. Uma falta de função, quando não se tem um problema localizado ou quando não se tem apenas um problema. O que está "faltando" é uma estratégia para realizar a função corretamente. Com a disfunção a pessoa busca a fazer algo que ainda não pode, mas que pode melhorar com a mudança daquela função.

Assim ele criou o conceito de ortofunção. A ortofunção é a habilidade para realizar a função da forma que se atinja o objetivo, cada um de seu jeito. Existe uma lacuna entre o imaginar a função e executar aquela função. Como mudar a intenção para que ela se realize ? Qual é a forma correta de desejar ? A condutora está ali conduzindo a realização da função de forma que ela seja útil e prazerosa.

Outro dia me filho se espantou ao ver uma pessoa no balanço sentada de costas. Não parecia nada de mais, mas para ele aquilo era uma transgressão da ordem, afinal todos se embalavam de frente. Mas ao terminar de falar ele já adicionou : O que é que tem né ? Cada um faz de um jeito.

Esse é o conceito da ortofunção. Realizar da forma que se consiga e não da forma que tem que ser feita.

Sunday, July 15, 2007

Poema











Eu posso não ser a criança perfeita
Em cada dia ou em todos os dias,
Algumas vezes me vejo confuso
Com algumas coisa você diria,

Eu posso não agir apropriadamente
Em algumas situações que surgem,
Então existem dias que eu irei fazer algo
E te deixar surpreso,

Demora mais tempo para eu poder realizar
Coisas que os outros podem,
Às vezes preciso que me encoragem
Às vezes preciso de uma mãozinha,

Eu sorrio para a coisa mais simples
Eu curto cada novo lugar,
E a cada vez que eu realizo alguma coisa
Eu coloco o sorriso no rosto de mais alguém.


Poema escrito por uma criança inglesa com pc, para alegrar os nossos dias.

Friday, July 13, 2007

Gêmeos idênticos



Meus filhos são gêmeos idênticos.

Apesar de às vezes confundi-los, mesmo que por uma fração de segundos, sei que cada um tem seu jeito individual de ser.

Mas acontece que também acabo enxergando um no outro.

Me permite com isso, conhecer mais o outro através do um.

Na fragilidade de um resfriado, percebo com um o que o outro pode estar sentindo. O tom do grito que me parecia dengo, me ensina que é mesmo de dor. Cada expressão que me parecia de agonia, agora me certifica. Um me ensina a observar, o outro a avaliar.

Fico na torcida esperando meu filho falar, enquanto o outro fala sem parar. O que tagarela me ensina como começar, o que se cala me ensina a esperar.

Na hora de buscar um brinquedo, aquele movimento pra trás, parecendo rejeição, na verdade quer dizer motivação, querer realizar. Aprendo com um a lidar com o esforço e a dificuldade, enquanto o outro me ensina a superação.

Ao mesmo tempo vejo que não posso parar, dar a eles a oportunidade de aprender, faz cada um crescer, amadurecer e experimentar um pouco mais. Sei que não é aquele o limite, porquê tem o outro pra me mostrar.

Essa distância que existe entre um do outro, parece estar sempre pronta pra se juntar, está quase-lá. Mas ela me engana, pois na verdade ela persiste, e se mantém quase que equidistante, me ensinando a esperar e a equilibrar.

Agradeço por aprender a conviver com opostos, a enxergar as individualidade, a comparar sem prejudicar.

Agradeço por ter a oportunidade constante de aprender. Duplamente.

10 regras de ouro


Meus neurônios não estiveram de férias, como eu gostaria, estiveram super estimulados com nosso envolvimento pré e pós palestra, e até este momento com as últimas atividade para o início do curso de férias.

O curso se inicia neste fim de semana, além da nova rotina adotada, para completar as horas de atividades, também fizemos mudança para uma nova sala, maior e mais adequada para este momento. A sala está impecável, como disse a minha mãe, com padrão europeu (risos). E eu diria que não somente a sala, mas o programa, a equipe, as condutoras e o comprometimento.

Repasso à todos as 10 regras de ouro que temos fixadas em nosso mural, e em nossas mentes. É partindo delas que conquistaremos cada dia um pouquinho mais.

Dez regras de ouro em Educação Condutiva

Seja positivo.
Dê a criança tempo para ela completar a tarefa.
Escute o que está sendo dito.
Perceba e gratifique cada conquista.
Motive um ao outro.
Lembre-se, somos todos diferentes.
Lembre-se de dar espaço para cada criança.
Repita as intenções de cada um.
Dê a oportunidade de cada um fazer por si mesmo.
Não deixe as coisas muito fáceis, permita o aprendizado.




Obrigada a todos que de uma forma ou de outra estão torcendo por este projeto e em especial àqueles que sentiram a minha falta, prometo que voltarei a atualizar o blog com mais frequência. Com amor, Leticia.