Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Wednesday, November 28, 2007

Educação Condutiva 2008 - avisos


Encerraremos nosso ano no dia 19 de dezembro com a despedida de nossa condutora húngara Bárbara Osaigbovo que esteve conosco neste ano implantando o projeto e alegrando famílias em Florianópolis.

Reiniciaremos 2008, no dia 1 de fevereiro, com a condutora inglesa Becky Featherstone para dar continuidade ao excelente trabalho já realizado.

Nosso grupo funcionará diariamente no período da tarde com o Grupo de crianças para a Pré-escola (até 10 anos). Estamos com as inscrições abertas.

Daremos continuidade também ao Grupo Pais e Filhos, para crianças menores de 3 anos, que já iniciamos no fim de 2007. Neste grupo os pais recebem orientação enquanto as crianças participam dos programas. Estamos com as inscrições abertas, aproveite a novidade.

Para o mês de abril (dias 10 e 11) estaremos organizando um evento de Divulgação da Educação Condutiva, com um círculo de palestras, mostra de trabalhos, formação de grupo de estudos e outras ações que venham a motivar e incentivar pais e profissionais a participarem e darem continuidade ao projeto.

Em julho já está definido a realização do Curso de Férias que será realizado durante três semanas, nos moldes do que foi realizado em 2007 (as árvores que foram plantadas continuam lá!). Não estaremos oferecendo o curso de fim de ano, divulgado anteriormente neste blog. Reserve já a sua vaga para julho.

Gostariamos de convidar a todos para conhecerem nosso grupo, participar conosco e ajudar a construirmos um projeto que cada vez mais possa proporcionar aprendizagem e qualidade de vida para crianças com dificuldades motoras. Traga seu filho, sobrinho, amigo ou conhecido, venha trabalhar com a gente, ou mesmo conhecer. Faça parte!

Mais informações e para quaisquer dúvidas entrem em contato através do e-mail: educacaocondutiva@gmail.com

Saturday, November 24, 2007

Tapetes Coloridos


Chego em casa depois de um dia cheio de atividades e meu filho me faz um convite: quer saber se tem alguma encomenda no correio. Me pede para irmos juntos até a caixa do correio, que fica há uns 100 metros de onde estamos. Tento mudar os planos dele, mas sem sucesso acabo indo com ele. Caminhando, claro. Ele quer dar seus próprios passos, se esforça muito. O dia dele, ainda mais intenso do que o meu, depois de três horas e meia de educação condutiva e mais quatro horas de educação regular, sou eu que pareço cansada em chegar até nosso destino.

No meio do caminho ele para para admirar os tapetes no chão, na empolgação da novidade olha nos meus olhos e elogia a beleza do tapete vermelho, do amarelo e ainda um roxo. São as flores dos flamboyant e ipês que enfeitam o chão e deixam um aroma gostoso no ar. Ao mesmo tempo que ele se admira da beleza da natureza, para olha pra mim e reclama:
- Como esse portão está longe hoje mãe!

Mas ele não descansa, tem um objetivo, chegar até a caixa do correio. Ele tenta, vai até lá procurar sua encomenda. Ao abrir a caixa, nada. Ele não se frustra, era apenas uma brincadeira. Uma brincadeira de saborear o caminho. Agora já podemos voltar e passar de novo pelos tapetes coloridos.

Tudo o que é bom dura o bastante para ser inesquecível, alguém disse isso. E não custa reforçar. Cada momento que vivemos com nossos filhos, aprendendo com eles, no limite de sua condição, buscando realizar um objetivo é mais do que bom, é pleno. O fim daquele destino nem era a tal encomenda imaginária, mas o passeio até ele. Muitas vezes perdemos os detalhes dos ricos momentos que vivemos no caminho, porque estamos somente pensando no destino final.

Vamos nos organizar para cada vez mais conseguir saborear cada momento de nosso caminho.

Friday, November 23, 2007

Guerreiro Menino


Na voz de Fagner, nos emocionamos com a homenagem do cantor escolhendo e cantando esta música para o Instituto GK. Esta música é uma declamação de amor em busca do guerreiro, as vezes adormecido, mas certamente um imortal que vive dentro de todos nós.

Guerreiro Menino (Um homem também chora)
Gonzaga Jr do disco "Palavra de Amor"

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura

Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem refeitos


É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama


Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz

*Letra retirada do website Página dos Amigos de Fagner.

Thursday, November 22, 2007

Células tronco


A melhor notícia do ano no ramo da medicina se deu nesta terça feira, quando cientistas conseguiram transformar células da pele humana em células-tronco. As células-tronco são capazes de se transformar em qualquer outro tipo de célula, inclusive neurônios novinhos em folha.

Os dois grupos de cientistas que apresentam seus resultados são bastante respeitados quando o assunto é célula-tronco. O grupo japonês, da Universidade de Kyoto, é liderado por Shinya Yamanaka, que já tinha conseguido clonar camundongos através de células da pele. O americano é de James Thomson, da Universidade de Wisconsin, um dos pioneiros na pesquisa com células-tronco embrionárias.

Sempre vejo uma pontinha de esperança acreditando que a medicina possa de alguma forma fazer multiplicar as células do cérebro, para que novas células tenham a chance de aprender tudo certinho. Com este avanço pelo menos temos espaço para a realização de mais pesquisas. Boa sorte ciência.


*Notícia publicada em vários jornais do mundo todo em 20 de novembro de 2007.

Olho para mim e aprendo


Educação Condutiva. Por alguns momentos me vejo pensando na profundidade das disciplinas que as condutoras estão aplicando em nosso dia a dia no projeto Com Amor, enquanto acho que elas estão exercitando um movimento, por outro ângulo vejo que elas estão trabalhando a consciência do movimento.

Em alguns instantes a Educação Condutiva me parece tão simples, que me parece que é isso que fazemos todos os dias mesmo. Mas na verdade vejo que esquecemos do mais simples muitas vezes. Em outros momentos me vejo completamente inabilitada nas ações. Em nosso dia a dia corriqueiro, as condutoras vão `descascando` algumas camadas de aprendizado que necessitamos para realizar nossas funções. Como uma cebola, descascando a pele mais bruta até encontrar o ponto mais precioso, concentrado e íntegro.

Assistindo mais uma vez a rotina diária, deixo aqui umas pequenas dicas, fáceis de realizar, em que os movimentos simples são de profundo aprendizado. Movimentos que podemos fazer em casa, em momentos de intervalo.

Com a criança na posição deitada, brinque com ela de `dobra e estica`. Os pés apoiados no chão, joelhos para cima. Deixe com que a criança inicie o movimento, mesmo que precise de auxílio para realizar, deixe com que ela se sinta útil fazendo. Dobrar as pernas e então deixar que ela mesma estique as pernas.

Só isso? Só.

Com a criança deitada peça para que ela mantenha seus braços esticados ao longo do corpo e também as pernas esticadas. Eu me deito reto. Minha cabeça está no meio, meus braços esticados e minhas pernas retinhas. Eu estou deitado reto.

Só isso? Só.

Na hora de comer, vamos ver como ficou meu rosto, ou minhas mãos. Ainda está sujo? Ninguém quer o rosto sujo, vamos ver como está. Use um espelho e mostre como está o rosto. Fica legal assim ? Um rosto sujo de feijão? Então me ajude a limpar. Com um paninho me ajude a limpar seu rosto. E deixe que a criança sinta esta necessidade de estar com rosto limpo e se auxilie nesta tarefa. Seja colocando as mãos sobre o pano, segurando o pano, ou mesmo limpando seu rosto.

Só isso? Só.

O mais simples de tudo isso, é olhar para si mesmo e ver o que eu gosto que façam comigo. Como eu posso comer com a cabeça inclinada ou o pescoço para trás. Como eu consigo beber de um copo se não me dão tempo para parar e respirar também. Tento me imaginar como gosto que façam comigo. Tento me imaginar como todos iguais. Preciso lavar minhas mãos, usar o banheiro e escovar meus dentes antes de sair, então vamos todos fazer juntos.

Quantas vezes me vejo repetindo os movimentos deles, seja uma posição engraçada enquanto dormem, ou comendo, ou assistindo tv. Procuro sempre estar do tamanho deles, na condição deles. Olhando para mim mesmo, aprendendo e ensinando.

Monday, November 19, 2007

Missionário da alegria


Vivendo esta época de fim de ano, decoração de shopping, movimento de compras eu me lembro da Patrícia, mãe do João, com todas as letras dizendo:
- Não é igual não. Eu não consigo ir ao shopping com meu filho, sendo uma criança especial, e achar que consigo ir e vir como se estivesse com outra criança. Não mesmo!

Era o psicólogo Eduardo tentando trazer a naturalidade cada vez mais perto de nós, pais especiais. Querendo mostrar que o mundo é transformador e que tudo podemos. Valeu a força Eduardo, mas é real. Eu não aguento um shopping cheio de olhos cruéis, comentários imbecis, pessoas de alma pequena. E vejo todos, mesmo os do `meu time`, fazendo papel de missionários, sair mostrando o que eles podem e até mais do que podem. Sair cumprimentando com um seco:
- Oi tudo bom?
para fazer de conta que estamos em um ambiente natural.

Meus filhos estressados por uma mãe perturbada e impensante, percebem o todo a sua volta. Muito mais sensíveis do que qualquer um, captam todos os reflexos que a situação se cria.

Não consigo deixar de pensar na família dos `Mutantes do X-Men`. Os X-Men são humanos que, como resultado de um súbito salto evolucionário, nasceram com habilidades super-humanas latentes. Em suas histórias, homens comuns têm um intenso medo e desconfiança dos mutantes, que são vistos pelos cientistas como o novo degrau da evolução humana.

Não me vejo só, me uno a Patrícia, Luciane, Cristiana, Ana Carolina, Paula, Amanda, Eugênia, Dinha, Cris, Cláudia, e tantas mais. Vejo nossos filhos como super-heróis demonstrando seus poderes. Poderes intensos ao lado de seus familiares e amigos e inimagináveis aos passantes do shopping.

Fazer ter o tamanho do sentimento do Gabriel, filho da Luciane, que ao sair todo feliz para passear, é constantemente observado por estar usando órteses, andador, e parecer talvez, um mutante para os meninos do prédio. E ele percebendo, repete para sua mãe:
- Ele está me olhando né mãe.... Eu adorei a bicicleta dele, e ele deve ter visto a minha alegria.

Com um super-poder desse tamanho, quem pode negar a invencibilidade desses heróis.


*comentários dos mutantes retirados da wikipédia e palavras do Gabriel retirados do artigo `Inclusão social: uma grande mentira`, escrito por Luciane Lubianca, na Zero Hora de 30 de outubro de 2007.

Eu: passeando no shopping com meus filhos


Eu estava sentada na praia, observando o mar. Era um dia nublado, sem nenhuma perspectiva de sol. As nuvens fazendo um movimento desordenado no céu. Ora indicando tempo bom, ora indicando chuva. Com o meu olhar no horizonte ía apenas acompanhando aquela linha, que em alguns momentos me parecia completamente reta, outras me dava a noção de que a terra é mesmo redonda, se via um perfeito contorno.

A minha frente apenas pássaros mergulhando em busca de peixe. Eles voavam lá bem alto e mergulhavam com toda sua energia, e eu imagino, a uma profundidade considerável pela força que demonstram ao entrar na água. Em alguns segundos ressurgem do meio das águas, ora com um peixe ativo querendo se soltar, ora com o bico apenas molhado.

Era um momento de reflexão em que me encontrava tranquila, apenas observando. Sem decisões a tomar. Apenas acompanhamento o movimento do céu, das ondas, dos animais, do horizonte, do vento, das plantas, de eu mesma.

Em determinado instante o vento começa a mostrar sua força de forma inesperada. E saindo de quase um transe, sem querer me mover, parecendo que meus pensamentos tinham paralisado também o meu corpo, apenas me levanto. Vários pensamentos surgem para que eu possa tomar uma decisão: vai chover, vou me molhar, o vento será muito forte, vai me derrubar, talvez eu devesse correr, mas quem sabe nem irá chover, só um vento irá passar. De tantos pensamentos contraditórios e ainda naquele estado de imersão, não decido nada, apenas fico de pé.

Um vento forte tráz chuva em velocidade que chega a espetar meu corpo, o céu se transforma completamente, um vai e vém de nuvens negras se instala e fica noite. Os pássaros berram desnorteados querendo alardar quem seja. O mar cresce, percebo água doce e salgada em meus lábios e de olhos fechados, apenas percebo. Sinto como se fosse mesmo uma massa de ar compacta, perdida em seu momento, que se choca em tudo e todos, de forma rebelde e insensata.

Da mesma forma que veio, se foi. Como se um botão fosse apertado. O vento cessa, o barulho do mar se acalenta, a violenta chuva se transforma em carícias de chuvisco. O silêncio se instala.

No mesmo momento os pássaros voltam a pescar, a maré se acalma como se nada tivesse acontecido, a tranquilidade é retomada.

Mas algo está diferente. Sou eu. Somente eu não consigo silenciar as minhas emoções, retomar os meus sentidos, reintegrar o meu ser. A mudança, a dúvida, a controvérsia, a incerteza, o inesperado, a surpresa, o intrigante, o fascinante, o assustador, o perturbador, a raiva, a angústia. A observação que em pouco tempo me fez viver tanto, agora me esvazia. E já não lembrando de como ali cheguei, me entristeço.

Wednesday, November 14, 2007

Reitor - Instituto Peto


Notícia publicada nos jornais húngaros do dia 5 de outubro anuncia que o Instituto Peto tem novo Reitor.

Franz Schaffhauser, um estudioso do método de Andras Peto, foi empossado pelo Primeiro Ministro Ferenc Gyurcsany. Ele é professor de filosofia, alemão e pedagogia, além de logo-terapeuta (Logoterapia é uma psichoterapia derivada do psicoanalista Viennese, Viktor Frankl). O novo reitor quer proteger o método da Pedagogia Condutiva, e estará iniciando um programa para justificar a forma única de trabalho que tem este método, baseado nos critérios da psicologia.

Aqui apenas uma breve tradução, com intenção de informação. Prefiro que os interessados leiam diretamente do jornal húngaro ou no site de Andrew Sutton.

Tuesday, November 13, 2007

Com Amor por Andrew


Educação Condutiva para mim passou a ser um desejo de consumo quando ouvi pela primeira vez falar deste método. Como um cavalo com a visão limitada, já não enxergava nada a minha frente, a não ser conhecer, descobrir e experimentar esta forma de aprendizado.

Este desejo nos despertou imediatamente a vontade de viajar ao México para um curso de verão. Mesmo tendo uma experiência cultural bastante difícil, convivendo com uma comida apimentada e alacranes (leia-se escorpiões) por toda a parte; estar na Escola ConNosotros foi mais do que acolhedor. Foi viver aquela experiência única, de conhecer algo pela primeira vez, aquele despertar da alma, de querer mais, de não largar mais.

Organizando finanças e nosso modo de vida, a mudança para a Inglaterra foi quase que continuidade, sem ter dúvida alguma do que estávamos buscando. Nossa experiência lá longe, foi saboreada a cada dia, com chuva, com neve, com febre - sem empecilho algum: Meus filhos estavam sempre lá!

Da metade do ano para a frente, quando nossa vida internacional passou a ser rotina, já estávamos saudosos daquilo que não sentíamos falta ainda: nossa volta pra casa. Com um filme de suspense passando na tela de nossos olhos, de um futuro incerto para a continuidade da Educação Condutiva em Florianópolis. Muitas dúvidas, dificuldades, improbabilidades.

Junto com Andrew Sutton sentamos para refletir e pedir conselhos. Lembro de minha agenda cheia de perguntas sobre as crianças, as condutoras, a equipe, os móveis, o espaço, as rotinas, os horários, a quantidade, a qualidade, a continuidade... Andrew é daquele tipo de intelectual que não anota uma palavra e não esquece uma vírgula.

Com seus 86 anos me pediu uma semana e duas semanas depois escreveu uma Carta aos Brasileiros, a segunda que tinha feito. Nela um algoritmo, usando de muitos se-então-senão, nos deu várias sugestões de como seguir com êxito. Não sabíamos nem por onde começar, mas instintivamente fizemos.

Hoje o projeto Com Amor existe e me orgulho de ser citada em seu blog, quando ele escreve um artigo falando sobre oportunidades de trabalho para condutoras no Tibet. Se não bastasse ao final de seu artigo cita este blog.

Nosso sonho obstinado, nos mostrou muito além do que esperávamos. De um desejo surgiu a nossa realidade.

Monday, November 12, 2007

Silêncio


No silêncio, Guilherme nos disse muito.

Ele e toda sua energia fez parte de cada um de nós, movimentou nossos sentimentos, transformou nossas emoções.

Ainda hoje, depois de nos deixar, seu silêncio permanece. O silêncio que preenche a nossa alma.

Como criança especial, quebrou paradigmas. Fez parte do mundo, mesmo perturbando aqueles de alma pequena.

Como adolescente especial, participou de tudo. Sorriu, gritou, vibrou, emocionou.

Como adulto brigou com seu corpo, buscando ser sempre mais. Um herói da resistência.

No seu silêncio, Guilherme, nos ensinou a ser ainda mais feliz.

Adeus campeão.

Monday, November 05, 2007

vivi, vivo e está por vir


Curto a minha vida hoje, como nunca antes tinha curtido.

Fico me imaginando e me questionando o que seria de minha vida de casada sem filhos, em um dia de chuva como hoje.

Amo minha vida cheia de filhos e de tarefas a realizar. Não questiono o meu passado, e amo meu presente.

O momento futuro é que me perturba eventualmente. Até onde eu vou, até quando eu posso, até que momento eu sou substituível.

Na tela escura de meu fechar de olhos vejo um filme. Um filme de uma vida inteira. Um filme onde mudo o começo, o meio e o fim. Um filme que dirijo da forma que eu quero, quebrando regras, trocando as bolas, definindo um mundo egocêntrico, um mundo meu.

Nesse filme, transformo pessoas, imagens e objetos. Troco suas formas físicas, seu estado.

O sólido reformato em líquido, maleáveis, fáceis de mudar, de transformar e distorcer. Fazer uma pessoa querida viajar como um rio, que sai de um lado e cruza um país inteiro, se deliciando das curvas, das pedras, dos peixes e outros amigos que faz ao longo do caminho.

Ao mesmo tempo trago para o mundo palpável, aquilo que não consigo ver, mas que consigo sentir. Aquela energia que me anima, vem personificada em uma nova pessoa, ou um momento de bem-estar. Aquela sensação pesada que me faz chorar, vem na forma de geléia grudando em mim igual uma gelatina cheia de dedos pesada na minha coluna vertebral, não me deixando mais seguir.

Transformo as matérias e me saboreio de todas elas. Fico imaginando como seria Jesus, que segundo meio filho faz parte do mundo gasoso, já que está no grupo que não conseguimos pegar. E Ele é. Esta energia que nos faz seguir, viver, independente de que parte do tempo estamos, passado, presente ou futuro. E ainda mais, independente da forma física que estamos.

Curto o que vivi. Curto o que vivo. Saboreio o que está por vir.

Friday, November 02, 2007

Respiração e ritmo


Inspira, expira, inspira e expira. Nosso ato automático de colocar ar para dentro e para fora, sugere uma operação tão simples, que até parece dispensável.

O ato de respirar purifica todo o nosso corpo, o ritmo que nos faz respirar determina o ritmo de nosso corpo. Respirar rápido nos cansa, respirar lento nos relaxa.

As vezes queremos respirar lento, mas de forma descoordenada respiramos rápido e acabamos por nos descoordenar ainda mais. Sentir o vai e vém da respiração e perceber a profundidade deste mecanismo em nosso corpo é mesmo raro.

Crianças ou adultos nos vemos completamente mudados quando em uma situação de suspense ou tensão, e até mesmo fora de si, de nosso estado natural, pelo fato de termos nossa respiração descontrolada.

Quando o ar entra ele faz respirar cada uma de nossas células. No nosso pulmão existe uma troca entre o ar respirado e a circulação do sangue, as moléculas de sangue circulam por todo o nosso corpo, e para cada uma é fornecida a quantidade de oxigênio necessária ao mesmo tempo que ela recolhe o lixo de nossa respiração, o gás carbônico, que será novamente transportado pela circulação e expelido pela expiração .

Esse simples movimento, inspira e expira, faz com que cada uma de nossas células receba o ar e transforme ele em novo ar para expirar. Toda essa purificação feita tantas vezes por minuto nos mantém sempre prontos para uma vida nova, nesta permanente purificação.

Fico observando meus filhos dormirem, e percebo a qualidade e a profundidade do sono pelo ritmo de suas respirações. Quando eram bebês eu não saberia viver sem aqueles aparelhos de babá eletrônica, hoje, mesmo tendo meu quarto há alguns metros de distância, me percebo escutando o vai e vém do ar nos pulmões.

Eu diria que somente agora com cinco anos eles estão aprendendo e amadurecendo nesta forma vital de todos os seres. Respirar e controlar sua respiração para manter seu ritmo. Um ritmo em equilíbrio.


*Teorias de respiração retiradas do capítulo `A fisiologia da respiração`, do livro de José Carlos Lobo Véras, ` Lesão Cerebral: o poder dos pais no tratamento dos filhos`.