Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Wednesday, December 19, 2007

Nos despedimos de 2007


Nos despedimos da condutora húngara Bárbara com uma forte dor no coração. Ela que não mediu esforços para criar o projeto Com Amor, pensando em tudo, desde a qualidade do móvel utilizado, até a elaboração das músicas, da seleção das crianças, da adaptação dos programas, da formação das educadoras assistentes,da organização das tarefas, tudo com um toque bárbaro.

Essa dor que senti não me assusta, não me angustia, ela apenas me ensina que foi possível realizar, construir e conquistar um espaço que traga melhor qualidade de vida para meus filhos; e para quem mais desejar. Aprendemos muito com ela e seguiremos agora os passos da condutora inglesa Becky.

Nosso encerramento foi impecável, com a entrega dos trabalhos realizados pelas crianças durante o ano, as reuniões particulares com os pais na entrega dos relatórios de desenvolvimento e a gratidão com as educadoras na entrega das lembranças surpresa.

Fico feliz de encerrar um ano como este, um ano que pude vivenciar a Educação Condutiva, e mesmo assim estar em casa. Obrigada a todas vocês que participaram desta realização. Tenho certeza que o crescimento serviu para todas nós: Bárbara, Becky, Anna Rita, Anna Paula, Vanessa, Juliana, Fabíola, Graziele, Renata, Rafaela, Ticiana, Flor.

Ano que vem tem mais, bom descanso.

Tuesday, December 18, 2007

Com Amor no jornal inglês



Na newsletter de dezembro da Escola de Birmingham - U.K., tem um artigo onde eles descrevem um pouco do que algumas de suas últimas formandas estão fazendo em seus trabalhos. Cada uma delas descreve o seu dia a dia, e indiscutivelmente, nossa querida condutora Becky Featherstone é de longe a que tem o trabalho mais interessante. Abaixo um trecho resumo do que saiu no jornalzinho inglês.

`... o trabalho tem sido incessante, mas certamente com um estilo bem diferente da Inglaterra. Eu estou adorando todos os desafios e tenho experimentado situações além do trabalho diário, como palestras e seminários, cursos de curta duração e muita diversão, incluindo um rafting que fizemos com algumas das famílias...`

Quem quiser ler mais acesse The National Institute of Conductive Education.

Contenha-se e realize


Não sou do tipo contida e recatada, falo alto com os braços abertos e cheia de expressões. Ao contar um episódio de alegria ou de raiva, não consigo me conter em meu corpo, expresso os sentimentos de todas as formas que possuo. Em alguns momentos porém é necessário se `comportar`, seja para não chamar atenção, ou para não acordar as crianças.

Eventualmente recebo dicas de comportamento, como: fale baixo, não se esponha, descreva sem se exaltar, contenha-se. Para mim é uma tarefa muito difícil relatar algo, sem demonstrar sentimento, sem me alterar. É tanta emoção que me desequilibro, seja gritando ou chorando.

Comparo esta relação com a maturidade emocional de meu filho. As condutoras sempre me colocam que para conseguir expressar os movimentos de seu corpo, ele precisa relaxar.

Relaxar aqui significa estar com seus músculos tensos, em seu lugar, mas não super-estendidos. Eu traduziria que seria ficar de pé, sem emoção. Apenas de pé. Mas acontece que no momento de estar de pé, ocorrem muitas emoções: primeiro a da realização, depois as sensações de continuar, de dar um passo, de se sentir equilibrado com suas próprias forças. É muita emoção para poder controlar. Acontece que se não estiver relaxado, já não se consegue ficar de pé. O excesso de emoções desequilibra o corpo.

No relatório de final de ano apresentado pelas condutoras, com descrições e fotos, consigo ver meu filho de pé e relaxado. Ainda são pequenos momentos, mas ele tem conseguido controlar suas emoções para que possa controlar as ordens de seu corpo, de forma voluntária e ativa.

Este é um passo. Muitas vezes queremos o resultado e não compreendemos o porquê de ele ainda não sentar, o porquê de ele não estar de pé. São pequenos momentos, pequenas expressões e às vezes apenas um controle de sentimentos para poder realizar as funções motoras. Na educação condutiva procura-se perceber todos estes momentos.

Wednesday, December 12, 2007

No dia seguinte


Aprendo com o adestramento da Malu, minha cachorra pastor alemão. Ela aprende com a rotina que lhe é oferecida, com ordens que vão se complicando a cada dia. Ela repete as anteriores e adquire novas. Fico feliz em vê-la aprendendo, organizando seus pensamentos e ações. Sei que não adiantam somente os 40 minutos do adestrador, é preciso que eu faça a minha parte.

No dia seguinte, enquanto ele não está, aprendemos juntas. Dar continuidade ao adestramento não é fácil, uma nova rotina, uma nova função. Sem a continuidade, ela perde a chance de aprender mais e eu a chance de ter minhas almofadas inteiras e no lugar.

Vejo as andorinhas em volta de seu ninho preocupadas com os filhotes que estão aprendendo a voar. Elas voam em pequenos círculos. Dão apenas uma voltinha e retornam de volta ao ninho. Uma de cada vez, respeitando a ordem do grupo. Algumas mais audazes fazem o círculo um pouco maior e imediatamente retornam ao ninho. De tempo em tempo todas aumentam o círculo e vão dançando incansáveis no mesmo palco.

No dia seguinte elas estão em outro local, experimentando um pouco mais de riscos. Os círculos agora transformam-se em pequenos ensaios até outras árvores. A ordem já não é mais respeitada, parece que todas querem voar juntas, e mostrar que aprenderam. Deixam a impressão de que já não precisam mais de seus pais.

Vejo meus filhos realizando diariamente as atividades da Educação Condutiva. Respondem aos programas usando força, equilíbrio, resistência e atenção. A cada dia melhoram sua velocidade, seu condicionamento, alongamento e coordenação. Na sala, dentro do grupo, têm uma disciplina que não é a mesma que temos em casa, nem por parte minha, nem por parte deles.

No dia seguinte, em casa, já não sei se estou apta para seguir a rotina que eles sabem de cor. Nem sei se tenho eu força, equilíbrio, resistência ou atenção. A cada dia são eles que me ensinam mais, não me deixam esquecer que eu também preciso de alongamento, condicionamento e coordenação para seguir em frente.

Monday, December 10, 2007

fim de ano, e de tudo mais


Em momento de fim de ano, não aquieto meus voláteis pensamentos. Penso em todos os fins, sem muito fim:
... o fim do planeta que parece ter passado da infância, onde qualquer perturbação já causa um desastre ambiental,
... o fim do sol, que em fase adulta só tem mais metade de sua vida,
... o fim do universo que se enfiará dentro de um voraz buraco negro,
... no fim da vida que nos parece tão curta a cada momento, nos fazendo ter pensamentos tão individuais e egoístas, como se esta preocupação fosse somente minha, e de mais ninguém.

Quem sabe a vida é mesmo em formato de espiral, uma espiral que sobe, que tem seus elos cada vez mais amplos, onde em cada vida não enxergamos o que passou, e de onde estamos não conseguimos perceber o que está por vir. Algumas vezes com a sensação de ter que voltar atrás para consertar ou apagar algo, outras com a certeza que começaremos um novo agora, neste mesmo momento.

Vivemos de promessas para nós mesmos, fazendo de todos os dias quase que uma cópia do dia anterior, mesmo com muitas mudanças parece que não saímos do lugar. Levei meus filhos para conhecerem um novo ambiente, e pela agenda corrida, tivemos que faltar um dia da Educação Condutiva. Ao saberem disso, questionou:
- Mãe, será que pode ser depois das sete? Ou quem sabe, no sábado? Eu não quero faltar aula!

Dentro de uma rotina de trabalho, fazendo que meus meninos estejam a cada dia mais aptos para realizarem as funções que desejam, não querem perder nada, um dia sequer. Parecendo adultos, se sentem responsáveis pelos seus compromissos e também se mostram angustiados com o fim do ano letivo, o fim de uma classe, de uma grupo de amigos, de uma rotina diária.

Para eles talvez não esteja claro que ano que vem tem mais, que este fim é apenas burocrático e que na verdade nada terminou. Dezembro é igual a janeiro, que é igual a março, somente os nomes e as estações estão diferentes. É apenas uma pausa, para recomeçar. Talvez este pensamento conforte também a mim, os meus voláteis pensamentos, o fim do ano, do planeta, do sol, do universo, da vida...