Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Friday, August 29, 2008

Apenas a mudança é uma constante

Enquanto o vento sopra varrendo pensamentos e sentimentos, apenas ficam estáveis as árvores mais fortes. As folhas violentamente se debatem procurando se desfazer daquela sensação, procuram a mudança de posição, mesmo que pela força sejam arrancadas. No chão, um vai e vém estranho, as pequenas folhas desordenadamente não encontram seu caminho, e rodopiam alopradamente em ciclos como que angustiadamente esperassem por uma mudança, o vento cessar.

É possível perceber que até os mais firmes balançam, se desnorteiam e mudam. O sopro ainda mais forte parece ditatoramente estar mostrando sua superioridade, indicando sem escolhas a direção a ser seguida. Os indecisos se determinam pela opção indicada, e os decididos são transtornadamente afetados pela ordem não escolhida.

E o vento continua soprando incessantemente como que se quisesse deixar um recado, verdadeiramente provocar uma mudança. O corpo resfria, o cérebro instável, a respiração descoordenada, a mente perturbada. Toda uma reação inconsciente gerada por um corpo que busca a estabilidade. Uma estabilidade que incoerentemente só será construída pela mudança.

Difícil de aceitar, que apenas a mudança é uma constante.

Caio e sua mãe

Mãe Maria, Mãe de Deus
Orai por nós, pecadores

Agora eu entendo, Mãe
Que a via crucis
Não eram só vitrais coloridos
Que brilhavam iluminados pela luz do sol
Nos corredores das igrejas

Agora eu entendo
O que é a dor
de ver o filho carregando a cruz

Agora eu entendo
A solidariedade das orações
Do pedir perdão pelos pecados

Agora eu entendo
Como é se sentir igual
A todas as outras mães
Que suportam tantos momentos

Agora eu entendo
O quanto são frágeis e fortes
As mães


Viviane escreveu essas palavras poucos dias antes de perder seu filho aos 20 anos de idade, com uma doença degenerativa. Naquela noite ela se questionava se ele não deveria ter tido mais tempo de repouso, enquanto via ele horas e horas rasgando o mar surfando... Que nada! Ela mesma conclui, aqueles momentos foram de muito mais VIDA pra ele.

Wednesday, August 27, 2008

Floração antecipada


A manchete dizia assim: Efeitos do Calor no Inverno: Frio passa ao largo de SC, e temperatura alta antecipa a floração de árvores como a ameixeira.

Aqui estamos destacando a diferença. Aquele olhar que se destaca no meio de tantas árvores resguardadas pelo frio do inverno, algumas delas começam a florescer. Ali está a diferença.

O olhar pelo diferente existe e chama atenção de quem passa. Não quer dizer que o diferente seja indiferente, não quer dizer que seja discriminado, ele é um destaque, apenas diferente.

Na sala de aula, meus filhos são ditos como diferentes. Sob meu olhar são mais um do grupo dos diferentes. Estes dias vi uma pessoa na rua que circulava com três cachorros idênticos na coleira. Diferente! Minha filha viu, pela primeira vez, no supermercado um anão e não tirou os olhos dele. Diferente! Um par de gêmeos idênticos, cabe sempre um olhar. Diferente! A árvore de galhos secos que timidamente começa a mostrar suas flores, seu potencial de crescimento. Diferente!

Com um estímulo a mais, a ação acaba acontecendo antes do tempo, provocando novos saberes, despertando a intenção. A criança aprendendo a andar tem um objetivo diferente do de um adulto. O adulto tem uma meta determinada, a criança não tem o ritmo para as passadas. O adulto segue em velocidade; a criança para e admira lentamente.

É bem verdade que as flores possam vir a queimar com o gelo do inverno, se ele aparecer. Mas nas condições que se apresentaram, com o calor a floração começa de forma acelerada, desperta e brota. O que vale é o agora, este impressionante e motivante despertar.

Tuesday, August 26, 2008

Nicolelis Macaíba


Já existe no Brasil o IINN - ELS, Instituto Internacional de Neurociências de Natal, apoiado e patrocinado pelo Instituto Edmond e Lily Safra, na cidade de Macaíba, Rio Grande do Norte.

Com o objetivo de disseminar a ciência, mostrando que é possível despertar o talento em qualquer lugar, mesmo que seja no pior sistema de ensino educacional do país, as crianças das escolas na Macaíba são os projetos de cientistas. Com oportunidade se desenvolve talento.

Dr. Nicolelis encerra sua palestra com lágrimas nos olhos, ele tem um sonho que não termina: quer desenvolver ciência e pesquisa aqui no Brasil. Hoje mais de 10 mil pesquisadores brasileiros de alto gabarito moram fora do país.

Para quem quiser saber mais sobre o Projeto Brasil, visite e saboreie as novidades.

Também mais sobre o pesquisador em matéria da Revista IstoÉ de 13 de agosto de 2008, e na Revista Brasileiros de abril de 2008.

A palestra do dia 19 de agosto foi realizada no Centro de eventos da Universidade Federal de Santa Catarina, e o pesquisador pretende retornar ao estado para novos empreendimentos.

Nicolelis Florianópolis


Foi na semana passada que tive a oportunidade de escutar as palavras quase que mágicas do Sr. Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro, responsável pelo Laboratório de Neurofisiologia da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

Formado em medicina pela USP e com doutorado na mesma universidade, foi lá que começou a estudar população de neurônios, termo citado em 1949 pelo psicólogo Donald O. Hebb, em The Organization of Behaviour. Em busca da resposta para a pergunta: Qual é o código neural responsável por determinada ação? E a resposta vêm não por uma célula, mas uma população delas.

Mais de meio século depois Dr. Nicolelis pôs esta teoria a prova.

Em março de 2003 ele faz a macaca Aurora mover um joystick jogando um videogame, em seguida ela joga o mesmo jogo usando os movimentos já aprendidos em sua mente, sem mexer os braços; e em um terceiro momento Aurora joga o mesmo videogame movendo um terceiro braço, o mecânico, e usa seus próprios braços para fazer outras funções, como coçar a cabeça. (uau!)

Esta macaca liberta a intenção do movimento do corpo que a abriga e usa o pensamento motor para descobrir como usar seu cérebro para jogar o videogame. E ainda incorpora ao seu corpo, reconhecendo como seu, o novo objeto (braço robótico).

Foi este médico brasileiro, que fez o primeiro registro, e mostra em sua palestra as áreas modificadas no cérebro, a transformação de um estímulo visual em uma função motora, por 10 segundos. Ele faz o primata mover o braço no sentido correto para executar uma ação.

A reorganização plástica do cérebro, faz aquele robô ser eu. (uau!)

Eu não sabia mais do que me maravilhar, de em tão pouco tempo, ter escutado notícias tão animadoras, coerentes e conscientes de seu próprio criador, um cientista brasileiro. Ele finaliza exemplificando experimentos com pacientes com Parkinson, no Hospital Sírio Libanês em São Paulo. Apenas 4 anos após ser ciência em laboratório, a teoria vira prática com muito mais precisão e tecnologia, melhorando a qualidade de vida de pessoas com cérebro lesionado. (uau!)

Próximo passo do pesquisador é desenvolver uma veste robótica que possa ser controlada pelo cérebro para executar as intenções de movimento do indivíduo. Boa sorte Dr. Nicolelis, estamos aqui para desfrutar!

Tuesday, August 19, 2008

Educação Condutiva: Canadá


"Eu sou pai de um menino de 10 anos de idade com paralisia cerebral. Meu filho não pode fazer quase nada de forma independente. Tenta falar, mas as palavras não saem. Adora exercitar seus passos, mas não pode andar. . .

Eu eu vim em busca de alguma instrução educativa e encontrei a Educação Condutiva. Apenas após 11 dias, ele já fazia coisas que seus terapeutas e professores não tinham pensado em pedir que ele fizesse, em anos de trabalho. Meu pensamento era que esta é obviamente uma parte que estava faltando na aprendizagem de meu menino.

Meu objetivo agora é começar aqui nesta cidade, um grupo de crianças pc, trazendo condutores do exterior, para que estes ensinem suas rotinas e com seu trabalho possam (e devam) buscar o melhor desempenho para seus corpos e suas vidas. . .

A educação condutiva precisa de alguma publicidade e fundos de apoio, principalmente para pais que não podem ter recursos para pagar tanto por tão pouco de uma coisa tão boa. . ."


Este é o relato de uma matéria de James Forliti, especial para o Jornal The Province, em Vancouver no Canadá. Foi publicado em
10 de agosto de 2008. Aqui no © The Vancouver Province 2008, a matéria completa em inglês.


Qualquer semelhança com minha história, desejos e sonhos é mera coincidência. Como James e Leticia, existem outros mais...

Thursday, August 14, 2008

Sustentável


Antes que o céu comece a clarear, já estou com meus planos e lista de desejos a realizar.
De todas as formas o sol vai mesmo brilhar.
Desperto e vivo cada dia me percebendo mais madura e estável do que antes.
As rugas de expressão, os cabelos brancos, a pele perdendo vivacidade, e outras estéticas de uma mundo real, não me preocupam em nada.
Ao contrário, o tempo me deixa cada dia mais coerente, ciente e contente.
Um olhar mais refinado, uma consciência mais presente, uma palavra mais ponderada, uma visão de observador.
Busco o equilíbrio, e é justamente o tempo e os aniversários que me fazem dia após dia, conquistar.
De todas as formas o sol vai mesmo brilhar.
Em busca do melhor caminho, do menor esforço, da sustentabilidade, caminho por um mundo justo.
Compartilhar recursos, administrar o tempo, racionalizar.
Em cada pequena ação procuro fazê-la cada vez melhor, com mais qualidade pra mim e para o meu mundo.
A Educação Condutiva é hoje a forma que encontrei para fazer meu céu brilhar e meus desejos realizar.
Não só como uma rotina para meus filhos, mas uma forma sustentável de olhar para mim mesmo.

Wednesday, August 13, 2008

Uma palavra por dia

Hoje meu filho veio da Educação Condutiva com muitos elogios e a condutora disse que ele estava acompanhando e verbalizando a rotina. A condutora conduzindo no programa deitado, ordenava:
- Eu levanto meu braço direito, levanto, levanto, levanto.
E ele completava junto:
- Levanto, levanto, levanto.

É ele, que vem demonstrando superação procurando repetir as palavras de seu mundo. Muitas vezes impressionando e se impressionando.

Meus filhos ao seu lado, com um sorriso rasgado no rosto, vêm subitamente me falar:
- Ele falou mapa mãe!
Referindo-se ao desenho Dora aventureira que fala com as crianças e solicita que participem do desafio de encontrar o caminho, chamando o mapa.

Nós estamos treinando, uma palavra por dia. Enquanto seu gemelar recebe do colégio uma lista de palavras para treinar a leitura a cada semana, ele tem a tarefa de nos verbalizar uma por dia. Mesmo que seja a mesma palavra.

Prazeiroso, gratificante e surpreendente. Cada dia um pouquinho mais, bem devagar, mas seguindo em frente.

Congresso nos Estados Unidos


Será nos Estados Unidos no final deste mês, a Conferência Anual de Educação Condutiva, que será realizado no Rehabilitation Institute of Chicago nos dias 28 e 29. Entre as palestras do Fourth Annual Conductive Education Conference eu particularmente gostaria de assistir, depois de Sr. Andrew Sutton abrir o Congresso e falar da Educação Condutiva no mundo, conhecer as atualidades do método na Hungria palestrada pelo Sr. Franz Schaffhauser, Reitor do Instituto Pető. Muito interessante também uma palestra de Yoga e karate para crianças especiais por Teresa Clancy and Max Kuroda.

Para quem quiser saber mais informações sobre a Conferência veja a programação completa.

Tuesday, August 12, 2008

Acomodando na cama


Vira daqui, acomoda dali. Estou sempre tentando encontrar uma forma mais cômoda de acomodar meus filhos na cama. Buscando colocá-los de ladinho, em posição fetal, com os braços lado a lado, pescoço reto, o local ideal no travesseiro, a altura da coberta.

Durante uma noite de sono, muitas vezes as crianças querem se virar, e têm um de seus braços presos embaixo do corpo ou se movem até um canto da cama. Ficam ali travados e não conseguem sair, ou então por frio, xixi, algum mosquito, nariz entupido... E eles nos chamam, claro. Uns chorando, outros gritando, e acabam despertando a casa toda.

O travesseiro não muito alto, nem muito duro, o tamanho do colchão, o peso da coberta, a umidade do ar, um barulho na rua, dormir de meia, ou sem,... estou sempre buscando encontrar uma razão ou qualquer pensamento que se torne quase que perfeito para uma ótima noite de sono.

Ontem ajustando meu filho na cama, encontrando pra ele a melhor forma de dormir bem a noite inteira e achando que ele já tinha descansado, ele se vira, me olha e pergunta:
- Porquê tu estais fazendo isso mãe?
- Isso o quê filho?
- Porquê tu estais me empurrando ?

Tanta regra, tanta razão, tanta função... eu achando que estou acomodando e , na verdade, estava era perturbando... essas mães...

Saturday, August 09, 2008

Aprendo dormindo


Repito uma história que escutei:

"Meu filho de uma hora pra outra não queria mais estudar. Se negava a aprender qualquer coisa nova. Era em casa, na escola e nada. Sempre que vinha alguma letrinha para aprender, um exercício para fazer, ele bloqueava e se negava a fazer. Tentamos de tudo, e depois de vários consultórios recebemos uma dica de uma psicóloga.
- Mãezinha faz assim, converse com seu filho a noite, depois que ele dormir. Ensine a ele, durante o sono, o que você quer que ele aprenda. E ele vai aprender.
E assim foi, comecei a ler os cadernos da escola e ensinar a ele a formação das sílabas, com ele já dormindo.
Foi uma semana e depois na outra, o comportamento dele foi mudando. Além de ensinar, eu repetia a ele que ele tinha vontade de aprender, de ser um bom estudante, que gostava de ir a escola.
E de repente ele voltou a estudar, a aprender e tudo voltou como era antes."

Dona Roseli é faxineira e um dia disse ao seu filho que quando ele estudasse e ficasse inteligente, ele não iria mais precisar de sua mãe e poderia ter uma vida melhor. Foi esta forma inconsciente que ele encontrou para não ficar longe dela e a forma simples que ela encontrou para resolver sua história.

Com ela aprendi, repito com meus filhos e hoje divido com vocês.

Dias sem cor ...


Em dias que estou fraca, com uma gripe qualquer, sinto minha energia sendo roubada. Me sentindo ausente de sentimentos, tenho as expressões paralisadas e as falas sem pontuação. Vejo o mundo cinza.

Essa gripe parece uma ressaca. Ressaca de uma avalanche de emoções que se acumulam ao longo de nosso dias e que em algum momento, pedem pausa e repouso para nosso organismo.

São nestes dias sem cor, sem energia e sem sentimentos, que com meus movimentos em câmera lenta, não conseguindo atender nem um nem outro, vejo meus filhos com olhos de bruxa.

O repouso quando respeitado também permite uma reavaliação de atos, palavras, cenas, momentos, histórias, vivências, lutas, ganhos e perdas passadas.

Na minha rotina multi-tarefa, não me aceito neste ritmo, não me permito esta pausa. Ainda assim busco uma energia pobre para conseguir a realização de uma atividade ativa, um passo voluntário, uma palavra vocalizada. Embora desista.

No entanto são estes momentos de pausa que nos permitem perceber sem se envolver, não por desinteresse mas por total falta imeditada de ação. Essa pausa cinza lembra que já passamos momentos difíceis, muito mais.

Nesta pobre energia deste dia de ressaca, com uma chuvinha pingando incessante na rua, com meus olhos pesados e meu coração apertado, comemoro um importante momento:
... Meus filhos não tomam medicação, nenhuma. Eles são aquilo que se parecem ser, com suas emoções verdadeiras e reações naturais, em seu mundo de cor.

Neste meu mundo cinza, não posso esquecer dos dias de medicação, dos horários, da dosagem exata, dos efeitos colaterais, das crises de abstinência, das medicações indevidas, dos testes ineficientes, das drogas desnecessárias. Aqueles sim eram dias sem cor...