Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Wednesday, July 30, 2008

Curso 2008: última semana


Estamos na terceira semana de nosso Curso de Férias, as experiências foram muito gratificantes. Apesar de ser um trabalho de persuasão, experimentar a educação condutiva é sempre fascinante. Em nosso primeiro encontro de pais, uma das mães me perguntou:
- Tu achas que eu vou poder ver alguma diferença em minha filha?
- Eu tenho certeza, por experiência própria, que será possível notar diferença ao fim das três semanas.

E já no dia seguinte, uma das famílias me relata diferença no comportamento e outra no movimento de pernas de cada uma de suas filhas. Sei que são poucos dias, mas o hábito e o tempo de permanência em sala fazem sim alguma alteração.

Ontem tivemos um gostoso dia de culinária, as crianças com suas toucas de padeiro enfeitando bolos com diferentes coberturas. Hoje teremos uma atividade complementar com aula de equitação, não só sobre o cavalo mas também escovando e alimentando o animal. Amanhã assistiremos a uma apresentação de teatro ensaiada pelas crianças, com música e letra criadas para o momento. Na sexta encerramos com a devolutiva ao pais apresentando os relatórios de desempenho e o programa para casa.

Faltam poucos dias para completar as mais de 100 horas que estivemos juntos, educação condutiva, atividades paralelas, todas intensificados com muito amor.

Friday, July 25, 2008

Astronomia, rock, blog: tudo bem!


"... Brian May, o músico da banda Queen intercala notícias em seu blog sobre os shows da banda com entusiasmadas descrições das noites que passa fotografando constelações. Ele que além de guitarrista da banda de rock inglesa é doutor em astrofísica, com títulos recebidos e livros publicados..."

Muitas vezes me vejo escrevendo neste blog sobre sentimentos, consciência, amor, relações, e me preocupo por não estar citando a Educação Condutiva em cada tópico. Também me divido quando divulgo nossos cursos, as palestras e os encontros. Neste espaço que descrevo a minha vivência com meus filhos, gêmeos com paralisia cerebral, não encontro espaço para uma `divulgação` de atividades, e até me culpo pela forma que coloco a palavra.

No entanto, ao ler a notícia do guitarrista Brian May, somente agora percebi que na verdade blogs são assim, cada um acaba descrevendo aquela relação que está intimamente ligada a sua vida. No meu caso a paixão pela Educação Condutiva, o amor pela família, e todos os sentimentos que este aprendizado me faz aflorar. O que procuro é sempre encontrar uma forma de emparelhar meu sentimento com o seu, de seu filho, de sua mãe ou com o de alguém que possa comigo sintonizar.


Informação sobre o guitarrista retirada da revista super-interessante, matéria de Ivan Paganotti: "Eles são mais inteligentes que você", de julho de 2008.

Thursday, July 24, 2008

Óleo de Lorenzo


"Eu não desejo sua raiva, muito menos seus aplausos. Peço apenas um pouco de coragem."

Michaela Odone, mãe de Lorenzo Odone, do filme o Óleo de Lorenzo, em conversa com seu médico sobre as pesquisas com o óleo.

Tuesday, July 22, 2008

Tombo em equilíbrio


Passeando na rua, em algum momento de distração, por alguma razão perdemos o equilíbrio e levamos um tombo. Se estamos sozinhos, fazemos cara feia, nos sentamos, verificamos o que machucou e continuamos com um pouco mais de atenção. Uma sensação pura, apenas com a dor do tombo.

Já se a mesma situação acontece em frente a outras pessoas, conhecidas ou não, nosso sentimento é de vergonha. Nos levantamos rapidamente, sem dar muita atenção ao que machucou, disfarçamos um semblante feliz e com pressa saímos daquele local. Uma sensação confusa, na maioria das vezes a dor maior não é do tombo.

Confrontar situacões iguais, com emoções diferentes, não nos é novidade. Entender como elas ocorrem é que parece estranho. São em situações simples como estas que somos levados a refinar nossa consciência. Buscar nosso equilíbrio interior e viver as sensações mais puras comparando momentos simples.

Gostei deste texto que fala deste refinamento e aqui copio:

"... Praticando posturas de equilíbrio, guiado pela fluidez de sua respiração, você se tornará ciente da interação dos opostos. E aprende a equilibrar os opostos: suavidade com firmeza, força com flexibilidade, esquerdo com direito, energia de movimento para cima com energia para baixo. Eventualmente, será capaz de aplicar esses princípios na sua vida, e vai equilibrar fé com questionamentos, controle com entrega, atividade com descanso e masculino com feminino. Equilibrar essas polaridades o ajudará a instruir e guiar sua vida..."

Este texto faz parte da matéria Aos seus pés: refine sua consciência aprendendo a dinâmica arte do equilíbrio, por Ganga White, da revista Prana Yoga Journal de junho de 2008.

Monday, July 14, 2008

Curso Educação Condutiva, aqui e lá


Com muita alegria começamos hoje nosso segundo curso de férias de educação condutiva. Um planejamento completo buscando ação e intenção em cada um dos movimentos de nossas crianças, abrangendo diversas áreas de diversão.

Neste ano estamos com 4 famílias que acreditam no potencial de seus filhos e experimentam a educação condutiva como forma de aprendizado. No ano passado tivemos a maravilhosa companhia de 6 famílias, durante três semanas comungando esta experiência.

Ao ler as notícias no mundo me deparo com um grupo de 3 famílias que se uniram para trazer uma condutora e organizar um curso de férias. Do outro lado do hemisfério as mães de Eva, Scarlet e Kara assumem neste mês de julho uma idéia como a nossa, nos Estados Unidos.

Para quem quiser ler a matéria completa, visite o site do BendBulletin. São sempre as famílias que incansáveis estão em busca do melhor para seus filhos. Obrigada a todos que confiam neste método e têm a coragem de estar experimentando sempre mais. E com fotos.

Livro escrito por condutoras


Becky Featherstone, a condutora do grupo Com Amor, está escrevendo o capítulo de um livro que será publicado pelo National Institute of Conductive Education, em Birmingham, sobre o trabalho de condutores. O livro será escrito por vários condutores sobre seus trabalhos com Educação Condutiva.

Tive acesso ao rascunho do capítulo e copio aqui apenas a introdução, infelizmente o artigo completo poderá ser publicado apenas após a edição do livro na Inglaterra, previsto para setembro deste ano.

Na minha opinião as palavras da condutora inglesa são uma declaração de amor: a educação condutiva em si, ao Brasil e especialmente ao projeto Com Amor. Me emocionei ao ler as palavras dela, que pareciam ser verdadeiramente minhas. Com orgulho, segue o draft:

From Brazil to Birmingham … and back: the next chapter
The important thing is getting started
Educação Condutiva - Com Amor; the first year (2007-2008)

Becky Featherstone

Introduction

From Brazil to Birmingham … and back (Featherstone, 2007) followed the story of the family behind the project Com Amor, as they spent a year in England at the National Institute of Conductive Education. At that time Com Amor was just a dream that they were trying to make reality. This is the next chapter in the story, the first year of Com Amor, the developments, successes and difficulties. As the sole conductor working for this project I am pleased to be able to write about a project that is very close to my heart.

Starting any new Conductive Education project is challenging, but start a project in a country where Conductive Education is virtually unknown and the challenges increase. Challenges aside, the important thing is getting started.

Sunday, July 13, 2008

Serviço de persuasão


Até onde ajudar e até onde esperar.

A Educação Condutiva nos dá a oportunidade para que também possamos nos avaliar, verificar até onde está o nosso limite em fazer acontecer. Como condutora, educadora ou mãe. A intenção, o movimento e a ação estão conectados e temos que estar sempre atentos em minimizar a ação automática (nossa e das crianças), abrindo espaço para a intenção e a cada momento estar construindo uma nova estratégia para a aquisição.

O trabalho de Andras Peto era de persuasão. E ele repetia : eu não curo, eu educo. Ele era uma autoridade em anatonia, fisiologia e educação. Tinha princípios budistas, escrevia em alemão, não respondia a telefonemas. Viveu sua vida para desenvolver este método, sem nunca ter ganho financeiramente por isso, ou nunca ter aplicado em nenhum de seus familiares. Era um estranho, um gênio que trabalhava com inspiração e intuição.

E aqui seguimos com seus passos, persuadindo, levando a crer e a aceitar, convencendo, aconselhando, indicando, determinando a vontade de: conhecer e praticar a Educação Condutiva.

Thursday, July 10, 2008

Agora com tradutor


Para os leitores estrangeiros que haviam me solicitado, turbino este espaço com um tradutor. Basta clicar e ler as palavras deste blog em qualquer outro idioma. Educação Condutiva agora sem fronteiras.

Como nas palavras da música brasileira (4 marzo 1943), mas na voz do italiano Lucio Dalla, de Bologna, que diz:
"Dice che era un bell'uomo e parlava un'altra lingua però sapeva amare"

Nunca foi ela, a palavra, que limitou nosso amor. Obrigada Andrew por sugerir e Ricardo por incrementar este blog.

E para quem quiser copiar, é só colar.
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Wednesday, July 09, 2008

Curso de Férias - Julho 2008


Neste domingo iniciaremos o nosso segundo Curso de Férias de Educação Condutiva. O curso atende crianças de até 10 anos de idade com paralisia cerebral ou alguma outra dificuldade motora. A duração é de 3 semanas, em período integral.

Iniciamos com uma abertura para adaptação das famílias, conhecendo a equipe, os programas, a sala e as outras crianças. A partir de segunda-feira as crianças iniciam suas atividades no período da manhã, almoçam conosco e complementam a tarde com atividades paralelas.

O curso será conduzido por uma condutora e outras profissionais treinadas a enxergar as dificuldades motoras provenientes da paralisia cerebral como uma dificuldade de aprendizagem. Buscando assim educar e ensinar os movimentos adequados visando uma condição independente.

Na forma de trabalho da Educação Condutiva o desenvolvimento da criança se dá em grupo, dentro de uma sala de aula, seguindo uma rotina diária. A rotina adotada vai sofrendo pequenas alterações de acordo com o atingimento das pequenas metas estipuladas para cada criança. Ao mesmo tempo que o trabalho é em grupo, ele é direcionado para as necessidades individuais de cada um. Os exercícios adotados são movimentos de nosso dia a dia, muito simples e funcionais. A criança é sempre o responsável pelas ações que realiza.

Este curso compreenderá mais de 90 horas de trabalho, tendo foco na Educação Condutiva e abrangendo áreas paralelas, como:
• Interação com animais, música, culinária, jardinagem, artes plásticas e cênicas, civilidade, fantoches, piscina e cavalo.

A todos que estão conosco neste projeto, sejam bem-vindos!

Saboreando sentimentos


Em alguns momentos me sinto sendo privada de momentos como que por um castigo do destino
privada no sentido de estar longe das emoções ao ponto de não vivenciá-las
escutando sem opinar, observando sem julgar, vivenciando sem sentir
no meio de um diálogo percebo o momento que o sentimento se transforma
gosto de observar estas mudanças, perceber os momentos onde a gente se identifica com o sentimento
se permitir o castigo seria apenas repreender, de forma alguma se ferir
para mim um exercício, que infelizmente começa olhando para o outro
gostaria de poder iniciar comigo, mas o ensaio se faz na minha frente
depois de experimentar então me percebo

Em momentos de meditação, me permito
deixo meus sentimentos fluírem sem destino
reorganizo meu dia, retomo pendências e então existe a pausa
como se o corpo diminuísse e a mente crescesse, me permito
identifico o cômico, o patético, o erótico, o maravilhoso, o pacífico, o furioso, o heróico, o terrível
os sabores de cada sentimento que vão e vêm, velozes e turbulentos
meu corpo não faz um movimento se quer
depois de experimentar, então me percebo
onde fui e onde vou, sem dar um passo, sem falar uma palavra
com sentimentos genuínos, sem interferências, sem ensaios
sou ator e espectador, saboreando meus sentimentos


Post inspirado em matéria da Revista Prana Yoga Journal de junho de 2008, Essência da Vida: escrita por Sally Kempton

Pesquisa em Santa Catarina


Célia pesquisou, observou e escreveu uma pesquisa para a Fundação Catarinense de Educação Especial sobre a Educação Condutiva em Santa Catarina em 2007. O relatório visa apresentar os resultados de um projeto desenvolvido por instituições parceiras com crianças e adolescentes com paralisia cerebral em serviços de atendimento especializado e articulado com a formação contínua de profissionais.

Eu como mãe de crianças com paralisia cerebral fico imensamente satisfeita com esta pesquisa e iniciativa. Há pouco mais de três anos eu nunca tinha ouvido falar neste método e neste momento leio um excelente exemplar que descreve a educação condutiva de forma breve e fácil, voltada para o estado onde vivo - Santa Catarina. O estudo ressalta os pontos chaves do método, descreve e critica a realidade existente, assim como sugere estratégias para a realização efetiva deste método.

O material também é muito rico pela quantidade de observações feitas pela condutora que acompanhou a pesquisa, Raquel Labastida, assim como fotos do trabalho e uma lista de referências bibliográficas importantes.

Obrigada Célia pelo empenho e resultado, este trabalho está a frente de nosso tempo. São ações de pessoas como essa, com atitude que vem de dentro, intuição e inspiração, que fazem a diferença. Obrigada também por citar este blog e o projeto Com Amor.


Célia Diva Renck Hoefelmann é mestre em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí e trabalha com APAEs em Camboriú.

Tuesday, July 08, 2008

História de nosso dia


Pareço contar uma história...

Depois de um pequeno bate-papo sobre o fim de semana, eles deitam-se em repouso e recebem sua massagem. Logo voltam as suas mesas de trabalho, têm um momento de lazer e o planejamento da semana é apresentado. Cada um aprende e opina sobre o tema através de atividades e participa ativamente de todas as suas ações. Após a atividade cada um faz sua auto-avaliação e escuta recomendações para fazer melhor. Após este momento, banheiro, lanche e higiene. Com um rodízio das educadoras, iniciam atividades de manipulação dentro do tema apresentado, é um momento divertido. Com um pouco mais de disciplina, atenção e ordem, se preparam para as atividades de saída. Eles esperam seus familiares na posição sentada, em pé ou caminhando e nosso dia se encerra.

Mas essa história é o nosso dia-a-dia na Educação Condutiva Com Amor: um grupo de crianças com paralisia cerebral. E descrevo, quase sem alterações, assim:

1- Depois de um pequeno bate-papo sobre o fim de semana, as crianças deitam-se em seus tapetinhos e em repouso recebem seu alongamento e massagem.

2- Ao voltarem as suas mesas de trabalho, têm um momento de lazer com brinquedos educativos até que todos se acomodem e a aula comece.

3- O planejamento da semana é apresentado, nesta segunda falamos de segurança nas estradas, trânsito e vias. Cada criança, aprende e opina sobre o tema através de atividades lúdicas e participa ativamente de todas as suas ações.

4- Após a realização de todas as atividades solicitadas, cada uma delas faz sua própria avaliação do trabalho feito e também escuta as recomendações da condutora para fazer melhor da próxima vez.

5- Após este momento, banheiro, lanche e higiene.

6- Com mais um rodízio das educadoras, as crianças iniciam o programa de manipulação, dentro do tema apresentado. A condutora em alguns momentos está embaixo da mesa corrigindo posição de calcanhares e apoio dos pés. Este momento é divertido.

7- Com um pouco mais de disciplina, atenção e ordem, as crianças se preparam para as atividades de saída e encontro com os pais. Neste dia uma competição com as crianças de barriga para cima, fazendo `ponte`, e atravessando a faixa de pedestres de acordo com os sinais verde ou vermelho.

8- As crianças esperam os familiares na posição sentado, em pé ou caminhando com auxílio de bastão ou cadeira. Nosso dia se encerra.


Trabalho, ensino, dedicação, aprendizado e diversão.

Corpo relaxado


Assistindo nossa rotina de educação condutiva fiquei muito feliz de ver meu filho em uma postura muito harmônica, diferente de como o via há algum tempo. E não estou falando de postura em pé, nem sentado. Fiquei muito feliz de vê-lo deitado, centrado em seu tapetinho, com os braços para baixo, pernas esticadas e corpo alinhado. Ali em total repouso recebendo seu alongamento, em silêncio e ouvindo uma música relaxante.

Estar caminhando nos extremos de nossas ações parece sutil, mas ao mesmo tempo que nos vemos em pé apoiando o peso de todo o corpo em total equilíbrio, dando um passo após o outro, não temos tanta idéia do esforço necessário para manter esta postura naqueles com alguma dificuldade motora.

Estar deitado com a mente tranquila, respirando profundamente, relaxando o corpo, mesmo para aqueles com nenhuma`dificuldade` aparente; também é tão `difícil` como estar suportando todo o peso de seu corpo em uma postura de cabeça pra baixo. Lembro de uma vez ter escutado as palavras de de minha amiga Camila, falando em tom forte para seus alunos de yoga:
- Corpo que sabe fazer força também tem que saber relaxar.

Uma vez meu filho tinha seu braço direito para o lado, o esquerdo para cima, o quadril girado e as pernas desordenadas, tinha os olhos virados para quem chamava , mas a cabeça continuava imóvel. Visualizando o corpo assim em total desordem, não consigo pensar em uma mente organizada. Vejo uma mente confusa que não entende o que seu corpo faz, mas ao mesmo tempo está atento ao mundo em volta.

Vendo meu filho deitado assim, alinhado, com a face em repouso, a mente parece estar se deliciando com aquelas mãos de massagem e o olhar descansado. Na verdade descansada estou eu, de vê-lo ali naquela parte da aula de Educação Condutiva, em momento de paz.