Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Thursday, May 31, 2007

Quem conduz : a condutora


Já percebo a incorporação da Educação Condutiva no dia a dia de meus filhos, mas confesso que me surpreendi com a forma organizada e metódica que eles estão organizando as tarefas em sua mente.

Hoje ao acordar e para sair da cama sugeri, vamos rolar até ficar de barriga para baixo, para então escorregar e deslizar até sair da cama. Combinado ?

Então ele me pergunta:
- Para que lado eu devo rolar mãe ?

- Rola pro lado esquerdo filho.

Ele me pergunta qual é o lado esquerdo e me me pede para tocar em todo o lado esquerdo dele, assim como a condutora faz. E diz pra si mesmo:

- Então eu tenho que esticar o meu braço esquerdo lá no alto e manter a minha cabeça no meio. Então eu me empurro para trás.

Sempre com aquele sorriso no rosto, feliz da vida de estar realizando o movimento por ele mesmo. Com auxílio, claro, mas com a intenção e ordem dita por ele. Ele, `representante` de seu gemelar, lidera o movimento em casa, porquê na sala do projeto Com Amor, a condutora pede silêncio:

- Aqui sou eu que lidero o programa. Impedindo as `interferências` de seus alunos de 4 anos na condução da aula...

Intenção Rítmica


Cada um de nós temos um ritmo. Para falar, para pensar, para executar. Somos diferentes. Certamente. Este ritmo é de cada um e precisa ser respeitado, individualizado. Assim também é na Educação Condutiva.

Existe a intenção rítmica do grupo e também a intenção rítmica do indivíduo. O grupo executa um movimento de levantar os braços, 1, 2, 3 (leia de forma pausada os números). Este grupo trabalha junto e em pouco tempo entra em um mesmo ritmo e passa a executar este movimento de forma ordenada, com as ordens já pré-programadas, com a rotina já estabelecida, seguindo o ritmo do grupo. Aquele 1, 2 , 3, já tem um novo ritmo, passa a ser citado de forma mais acelerada, dando importância para a próxima função, como se aquela já estivesse sido assimilada e incorporada.

A intenção rítmica do indivíduo é trabalhada principalmente nos momentos de prática individualizada, por exemplo na caminhada. Cada criança tem seu ritmo, aqueles que precisam de um estímulo mais acentuado seguem uma contagem harmônica, 1 e 2; 1 e 2 (leia de forma pausada), sempre igual. Já aqueles que são por sua natureza mais acelerados, e com isso, não conseguem estabelecer o ritmo da caminhada, pelo excesso de ansiedade, seguem um ritmo mais tranquilo, com uma pausa, por exemplo, 1, 2 e pára; 1, 2 e pára.

Imagine você dirigindo, as primeiras aulas de direção. No primeiro momento tem que `pensar` muito, o que eu faço, que pedal eu aperto, em que momento eu devo trocar as marchas. E acontece de andarmos uns bons quilômetros em primeira marcha, esquecer de dar a seta. Muita coisa pra pensar junto! Precisamos adquirir um ritmo, para conseguir dirigir de forma harmônica, sem ter que pensar para realizar aquela atividade. Em pouco tempo algumas funções se tornam automáticas, com a prática se aprende a seguir o ritmo desejado.

O papel do condutor é estabelecer um programa que satisfaça as necessidades do grupo e também de cada criança. Organizar e direcionar a criança para encontrar sua própria forma e ritmo, com adequado auxílio quando necessário. Existem grupos, crianças e tarefas que têm a sua própria e adequada intenção rítmica. Não acontece sempre e não é em todo o exercício. O condutor irá conduzir as atividades de forma que se `cante a música`. Assim como o maestro que organiza e lidera a orquestra para diferentes instrumentos, juntos, em sintonia, tocarem a mesma melodia.

Monday, May 28, 2007

Educação Condutiva Com Amor



Apresento a vocês... nossa logo.
Criação de Ricardo Zaccaro, feita com amor, para o projeto. Obrigada.

Monday, May 14, 2007

Video de Educação Condutiva


Aqui, a partir dos 3 minutos, uma reportagem sobre o nosso Projeto Com Amor - Educação Condutiva Florianópolis. Excelente material produzido por Vitor Búrigo, JP e Charlie, no programa Its do SBT Florianópolis. Assista o vídeo.

Um galo de presente


Feliz Dia das Mães

Aconteceu comigo:

- Filho! Que galo na cabeça é esse!
- Eu caí mãe.
- Mas como que na escola ninguém me falou nada... Como foi ?
- É que eu fui pegar a minha mochila...

!!! Quem quer melhor presente que esta iniciativa ?!

Feliz dia das Mães

Monday, May 07, 2007

Me surpreenderei com a diferença


Desde que meus filhos nasceram nunca fui muito de confiar na observação das pessoas em relação a eles. Como eu sempre enxerguei eles de forma diferente, sempre achei que aquelas pessoas a minha volta também os viam assim. Foi com o tempo que percebi que as pessoas não estavam olhando pra `diferença` deles, mas para eles como bebês gêmeos, que por si só, sendo gêmeos, já chamam atenção.

Muitas vezes um olhar curioso, singelo, sincero. Fui aprendendo com o tempo a ficar percebendo as feições das pessoas, a forma como elas analisavam os meus bebês. Alguns com olhar de fuxico, outros apenas com amor. Passei a diferenciar este olhar, na verdade, a aceitar todos eles. Cada um na sua diferença, na sua percepção, na sua vivência.

Não é apenas um olhar, mas uma observação, mesmo em tom alto, ou na sua pura ingenuidade, questionar o evidente, ou o diferente. Perguntas das quais:
Eles são doentes?
Eles são irmãos? Vieram assim?
São dois é ?
Hoje respondo com um sorriso, aliás sorrio também para aquele que finge que não me vê. Mas cada momento deste sorriso me vejo mergulhar na vida pessoal daquela pessoa, em o que ela poderia fazer para viver melhor, nas oportunidades que elas não tiveram em poder estudar mais, ou na forma de educação que tiveram. Tentar conseguir trocar aquela sorriso amarelo, por um verdadeiro, cheio de amor.

Não me chateio e nem me faz mais mal, apenas sorrio. O que de mais bonito eu posso passar para estes olhares curiosos que não um belo sorriso? E sabe o que eu tenho colhido? Mais que somente sorrisos, tenho sido abordada por pessoas amigas e outras nem tão conhecidas que fazem questão em vir me falar do desenvolvimento dos meninos:
- Nossa eles estão ótimos!
- ...eu que acompanhei eles desde bebês, como estão diferentes.
- Que tipo de trabalho vocês têm feito com eles? Quanto estímulo.
- Eu fiquei espantada! Espantada não, surpresa, com tamanha diferença.

Já não sei se isto é retrato de meu sorriso ou, mais uma vez por não confiar na observação das pessoas, passo a não confiar no desenvolvimento que meus filhos tiveram a olhos vistos. Para quem vê, para quem percebe, para quem me aborda para relatar. Eles mudaram sim, estão melhores, mais espertos, mais maduros, mais sociáveis. Eu tenho que dizer que o que fiz de 'diferente' neste últimos anos, foi investir na Educação Condutiva.

E repito não só pra eles, mas pra mim também. E quero me surpreender também com esta diferença. A cada dia mais.

Thinking Blogger Award



Fui indicada pelo blog da Grilinha, uma amiga da rede que me visita e me inspira sempre, para o Prêmio dos Blogs que me Fazem Pensar. Agora é minha vez e indico aqui uma listinha de um dos 5 que me fazem pensar...

Meus Frutos, minha visitante assídua


Estou no Mundo a PC, meu mundo fora daqui


Mothern, minha idéia partiu daqui


Desabafo de Mãe, me chamou para publicar um artigo


BlogTalk, Aqui fala Cristiana, mãe da Luisa


Adorei a indicação! Obrigada.
Agora, quem foi indicado, tem que indicar mais 5 e copiar o logo ali em cima...

Wednesday, May 02, 2007

Móveis brutos


Também não nego Ana Carolina que fiquei um pouco receosa quando vi os móveis da Educação Condutiva pela primeira vez. Eles são de madeira, não tem pintura, têm uma aparência antiga e não demonstram modernidade.

Quando eu fui procurar a Educação Condutiva pela primeira vez no México, também fiquei pensando como meus filhos, uns bebês de três anos de idade, iriam se deitar naquelas mesas de pau puro, duras que só.

A aparência inicial foi bruta, mas não foi a que ficou. Aqueles móveis eram apenas parte da condução, da facilitação que o método permite. Móveis práticos, direcionados ao pegar, apoiar, em conduzir o caminhar. O método da educação condutiva, também não tem nada de moderno. Ele foi desenvolvido na década de 40, em um país dominado pela Rússia, figura central do conservadorismo. Mas ela é simples, completo, prático.

Criado na Hungria, um país que eu por acaso já conheço, mas que faria com que muitos de nós, se estivéssemos ali pertinho dele, não iríamos ver quem ele é. A capital da Hungria é divina, com o Rio Danúbio (aquele da música 'Danúbio azul, azul, azul') dividindo sua cidade principal em Buda e Peste. Passeios de barco levam até as cidades próximas, para conhecer artesanato em madeira e cerâmica.

A cidade também é conservadora, mas ao mesmo tempo fascinante. Assim como a Educação Condutiva. Que faz com que sua primeira aparência não fique registrada, mas entusiasme e apaixone cada vez mais.

Condução direta e indireta


Um das formas de conduzir na Educação Condutiva (usando aqui o pleonasmo), é facilitando, ajudando, auxiliando. Existe uma sutil diferença, no conduzir sem 'fazer por'. A condução permite a execução de um movimento por parte da criança.

Coloco aqui uma descrição da condutora Barbara Osaigbovo, do projeto Com Amor, sobre as formas de condução.

A condução permite a execução de um movimento, e este movimento pode ser realizado de forma direta ou de forma indireta.

Na forma direta ele pode ser realizado de duas formas, através do uso adequado dos móveis (1), quando por exemplo uma criança é deitada sobre a mesa sarrafeada e a correta colocação na mesa permite ela esticar o braço adequadamente. Em outra posição ela não conseguiria realizar o movimento. A outra forma seria através do toque manual (2), onde por exemplo fazer a condução da caminhada segurando a criança pelos ombros, realizando a transferência de peso e promovendo o passo.

Na forma indireta, a condução pode ser realizada através de uma ordem, uma postura ou pela intenção rítmica. A ordem (1) é quando a condutora diz o que ela quer que se realize e a criança realiza, por exemplo verbalizando em bom tom:
- Eu levanto o meu braço para cima.
E a criança realiza o movimento solicitado.

A condução na forma da postura (2), seria quando a criança consegue realizar um movimento somente quando posicionado da forma adequada, por exemplo, para fazer o movimento de levantar-se, quando na postura de cócoras, consegue se levantar.

A intenção rítmica (3) é outra forma de condução indireta do movimento, quando a condutora usa da contagem e do ritmo para cada criança. Eles podem estar executando o mesmo movimento, mas cada um conduzido por um ritmo. Por exemplo:
- Um passo, dois passos, espera. Um passo, dois passos, espera.
A criança realiza o andar, mas toma consciência do movimento, a cada momento que espera.Ou:
- Passo um, passo dois, passo um, passo dois.
A criança realiza o andar sem interrupção.

A intenção rítmica pode ser realizada com uma contagem ou cantarolando uma música. Esta música lembrará o movimento a ser realizado.



*O conteúdo deste post foi retirado de uma aula dada na UDESC - Universidade Estadual do Estado de Santa Catarina, na classe de Pediatria ministrada pela Professora-Mestre Patricia Vieira de Souza, aos alunos do quinto ano de fisioterapia pela condutora. Abril de 2007.