Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Tuesday, January 19, 2010

Ondas cerebrais


Vamos nos atualizar no assunto neurociência, lendo o artigo Ondas cerebrais são usadas para escrever no computador.

Embora ainda utilize métodos invasivos para coletar as ondas cerebrais, o método está entre os mais precisos já demonstrados até hoje. Os testes foram feitos em pacientes com epilepsia.

Neurocientistas da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, demonstraram que as ondas cerebrais podem ser usadas para digitar caracteres alfanuméricos na tela de um computador. Nos testes, basta que o paciente concentre-se em uma letra ou número mostrados em uma matriz para que a letra apareça no monitor.

Os pesquisadores afirmam que a descoberta representa um progresso concreto na viabilização de uma interface cérebro-computador que poderá, no futuro, ajudar as pessoas portadoras de diferentes distúrbios, a controlarem dispositivos eletrônicos e robotizados, como braços e pernas protéticos.

Segundo eles, os portadores da doença de Lou Gehrig e de lesões da medula espinhal são pacientes que poderão ser beneficiados com esta nova tecnologia. Embora ainda utilize métodos invasivos para coletar as ondas cerebrais, o método está entre os mais precisos já demonstrados até hoje.

"Mais de 2 milhões de pessoas nos Estados Unidos podem se beneficiar de dispositivos auxiliares, controlados por uma interface cérebro-computador", diz o pesquisador principal do estudo, o médico neurologista Jerry Shih, que desenvolveu a nova interface em colaboração com a equipe do Dr. Dean Krusienski, da Universidade do Norte da Flórida.

"Esse estudo constitui um primeiro passo no caminho em direção ao futuro e representa um progresso tangível no uso de ondas cerebrais para realizar certas tarefas", explica Shih.

Eletrocorticografia e eletroencefalografia

O estudo da nova interface foi feito com pacientes com epilepsia. Esses pacientes já vinham sendo monitorados, para controle da convulsão, através de eletrocorticografia (ECoG), um exame no qual eletrodos são colocados diretamente na superfície do cérebro para registrar as correntes elétricas produzidas pelas descargas das células nervosas. Esse tipo de procedimento requer uma incisão cirúrgica no crânio.

O neurologista queria estudar uma interface cérebro-computador nesses pacientes, porque, hipoteticamente, as informações captadas pelos eletrodos colocados diretamente no cérebro poderiam ser muito mais específicas do que os dados coletados através de eletroencefalografias (EEGs), nos quais os eletrodos são colocados no couro cabeludo. A maioria dos estudos de interação cérebro-computador foram feitos com EEGs, diz o neurologista.

"Há uma grande diferença entre a qualidade das informações obtidas com o ECoG e com o EEG. No EEG, o couro cabeludo e o osso do crânio dissipam e distorcem o sinal, da mesma forma que a atmosfera terrestre obscurece a luz das estrelas", diz o neurocientista. "É por isso que o progresso do desenvolvimento dessa espécie de interface da mente tem sido lento", afirma.

Como esses pacientes já tinham eletrodos de ECoG implantados em seus cérebros, para os médicos descobrirem a área em que as convulsões se originaram, os pesquisadores puderam testar essa novíssima interface cérebro-computador. Nesse estudo, os dois pacientes foram colocados em frente a um monitor que estava conectado a um computador, no qual os pesquisadores instalaram um software projetado para interpretar sinais elétricos vindos dos eletrodos.

Controlando o computador com a mente

Os pesquisadores solicitaram aos pacientes que olhassem para uma tela, que apresentava uma matriz 6 por 6, com um único caractere em cada quadrado. Todas as vezes que o quadrado com uma certa letra cintilava - e que o paciente estava focado nele - o computador registrava a resposta do cérebro à letra cintilante.

Os pesquisadores pediram então aos pacientes que focassem em letras específicas e o software do computador registrou as informações. A seguir, o computador calibrou o sistema com a onda cerebral específica de cada indivíduo, fazendo com que uma letra aparecesse na tela quando o paciente se focava nela.

"Nós podemos predizer, de forma consistente, as letras desejadas por nossos pacientes, com quase 100% de precisão", diz Jerry Shih. Embora isso seja comparável a resultados obtidos por outros pesquisadores, essa abordagem é mais localizada e pode, potencialmente, fornecer uma taxa de comunicação mais rápida. Nosso objetivo é encontrar uma maneira de usar, de forma eficaz e consistente, as ondas cerebrais do paciente, para realizar certas tarefas", afirma.

Calibragem individual

Quando a técnica for aperfeiçoada, será necessário que os pacientes se submetam a uma incisão no crânio para utilizá-la, embora ainda não se saiba quantos eletrodos deverão ser implantados.

E o software precisa ser calibrado para as ondas cerebrais de cada pessoa para a ação desejada, tais como movimentar um braço protético, explica o neurologista.

"Esses pacientes teriam de usar um computador para interpretar suas próprias ondas cerebrais, mas esses dispositivos estão ficando tão pequenos que há uma possibilidade de que eles possam ser implantados no futuro", ele diz. "Achamos que nosso progresso, até agora, é muito encorajador."

publicado no Site Inovação Tecnológica em 08/01/2010

O encontro 2


Artigo publicado no jornal O Liberal, da cidade de Americana, interior do estado de São Paulo.

ENCONTRO II

Os meninos finalmente chegaram à sua casa, mas já com agenda cheia: cirurgias oftálmicas, para fala e mastigação fonoaudióloga, trabalho pedagógico, orientações técnicas do Centro de prevenção à Cegueira, junto com bastante brincadeira e descanso para não deixar de ser criança. Mãe Maristela conseguiu organizar seu trabalho em casa, e gera os recursos que financiam os tratamentos necessários. Os meninos, Rafael e Renan freqüentam EMEI, completamente incluídos por toda a sensibilidade e adequação com que os colegas foram preparados. A professora contou que teriam colegas que enxergavam de forma diferente. Pediu que tampassem os olhos com uma das mãozinhas e com a outra tateassem o rosto do coleguinha ao lado, e concluiu: “Eles enxergam com os dedos!”.

Esses meninos são recebidos por mãozinhas acolhedoras a cada dia em que chegam à escola, e já conduzidos às brincadeiras, muitas vezes adaptadas pela professora para a inclusão. Há estagiária-acompanhante. Foi construída a rampa necessária, comprados brinquedos especiais. Com todo esse colo, a adaptação foi fácil. Um deles já usa a bengala especial para o auxilio dos passos (e para brincar também) – isto é trabalho do CPC, que continuará em paralelo por muito tempo, a cada fase da vida, assim como alfabetizar a criança que é deficiente visual em Braille antes do seu primeiro ano regular de escolaridade. Os pais destes gêmeos estão tão abertos à toda e qualquer oportunidade de evolução e independência que já fizeram a experiência de curso intensivo em Santa Catarina de “educação condutiva”, técnica pedagógica para crianças e adultos, que podem ter severa lesão anatômica neurológica, como paralisia cerebral, ou dificuldades de comunicação e aprendizagem. O curso durou três semanas e os pais sentiram significativas mudanças. O pilar de sustentação do método é o respeito, defendem que todo adulto e criança é capaz e quer aprender, desde que respeitados os seus limites funcionais – podem começar deitados, evoluindo para sentados e de pé depois, usando movimentos e estrutura da rotina física diária sempre com intenção rítmica em todas as atividades. O ritmo constante é lúdico, dá a sensação de familiaridade com a tarefa e com o grupo praticante, dá segurança. O ritmo, para quem tem dificuldades motoras é tão importante como Braille para deficientes visuais. O nome dos idealizadores: Bobath e Peto, para pesquisar na internet basta digitar no Google “Gracia Maria Educação Condutiva” e clicar no primeiro resultado, e Maristela recomenda www.educacaocondutiva.blogspot.com.

Os pais acham que grande parte da força que usam para a sua rotina de luta e sabedoria mesmo, vem de respostas encontradas em grupo de estudos filosóficos a que pertencem. Palavras de Maristela: “Depois de toda batalha, sobrou muita vida”.


Caso real, nomes trocados por privacidade.

Elizabeth Fritzsons da Silva, Psicóloga e Diretora da Unidade de Atenção à Pessoa com Deficiência, Promoção Social, Prefeitura Municipal de Americana.

O Encontro 1


ENCONTRO

Eu te recebo como filho. Com muita alegria.
Na maturidade de meu espírito, não me interessam seus limites, defeitos, qualidades.
Não penso em você em fragmentos, e sim inteiro. Sei que você também me vê assim, e é capaz de amor, no encontro de nossas forças humanas.
Hoje temos mais um dia para vivermos juntos o milagre da vida.
Nosso encontro é o milagre – aí não existem mais o tempo, a idade, a doença, nada... Só a vida, pulsando, em parceria e cumplicidade.
Absolutamente leve...
Não sabemos quantos encontros a vida ainda nos reserva. Mas todos foram mágicos. São mágicos. Serão mágicos
.”

Saí tão conturbada da entrevista que precisava entender os meus sentimentos, era uma mistura que não se acomodava com conforto em minha pele. Escrevi o texto acima. Aí assentei.

Perguntas: Como aquela mãe era tão sábia, só com 33 anos? Tão madura? Tão sorridente? Tão preocupada em usar toda a sua energia para cuidar de todas as formas possíveis de seus meninos, sem desperdiçar nada com nenhum tipo de lamento?

A estória: Primeiros filhos, gêmeos, seis meses de gestação, sangramento, pressão arterial da mãe subitamente altíssima e sem resposta favorável à medicação, obrigatoriedade de cesárea imediata, risco de morte, para mãe e bebês. Nasceram com muito baixo peso (menos de um quilo ou 32 semanas) o que obriga a UTI neonatal a lutar pela preservação do cérebro e da vida como prioridade. Solução: uso de oxigênio, às vezes em altíssima concentração, de acordo com o que aquele pequeno corpinho precisa. Problema: é raro, mas possível, o quadro de retinopatia da prematuridade, falta circulação sanguínea na retina, que afeta 30% dos prematuros, e desses, 8% tendem a ficar cegos. Mas neste momento a batalha é pela vida, não pela visão... Palavras de Maristela, a mãe – “Vivemos um dia de cada vez, até hoje.” Com um sorriso constante nos lábios, com um olhar de contato real com você. Como conseqüência da prematuridade extrema, um dos bebês teve hidrocefalia, um sangramento anormal dos vasos sanguíneos do cérebro, ainda não preparado para a vida aqui fora. Esta criança, hoje com três anos, ainda luta com convulsões, mesmo medicada. Anda com dificuldade ainda. Um dos meninos precisou amputar a mãozinha e parte do antebraço, pois uma artéria obstruiu e não dispomos de material cirúrgico refinado o suficiente ainda para desobstruir. E o trabalho com prematuros evoluiu muito, hoje salvamos muitos bebês a mais porque dispomos de recurso medicamentoso que agiliza o preparo do pulmãozinho (surfactante), já há quinze anos... Foram quatro meses e meio de UTI, recebendo o leite materno por sonda. Daí, finalmente, a casa. Termino no próximo artigo. Continuo achando que esta sábia mãe tem cem anos de vida, no mínimo...

Caso real, nomes trocados o por privacidade.

Elizabeth Fritzsons da Silva, Psicóloga e Diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência, Promoção Social, Prefeitura Municipal de Americana.