O Encontro 1
ENCONTRO
“Eu te recebo como filho. Com muita alegria.
Na maturidade de meu espírito, não me interessam seus limites, defeitos, qualidades.
Não penso em você em fragmentos, e sim inteiro. Sei que você também me vê assim, e é capaz de amor, no encontro de nossas forças humanas.
Hoje temos mais um dia para vivermos juntos o milagre da vida.
Nosso encontro é o milagre – aí não existem mais o tempo, a idade, a doença, nada... Só a vida, pulsando, em parceria e cumplicidade.
Absolutamente leve...
Não sabemos quantos encontros a vida ainda nos reserva. Mas todos foram mágicos. São mágicos. Serão mágicos.”
Saí tão conturbada da entrevista que precisava entender os meus sentimentos, era uma mistura que não se acomodava com conforto em minha pele. Escrevi o texto acima. Aí assentei.
Perguntas: Como aquela mãe era tão sábia, só com 33 anos? Tão madura? Tão sorridente? Tão preocupada em usar toda a sua energia para cuidar de todas as formas possíveis de seus meninos, sem desperdiçar nada com nenhum tipo de lamento?
A estória: Primeiros filhos, gêmeos, seis meses de gestação, sangramento, pressão arterial da mãe subitamente altíssima e sem resposta favorável à medicação, obrigatoriedade de cesárea imediata, risco de morte, para mãe e bebês. Nasceram com muito baixo peso (menos de um quilo ou 32 semanas) o que obriga a UTI neonatal a lutar pela preservação do cérebro e da vida como prioridade. Solução: uso de oxigênio, às vezes em altíssima concentração, de acordo com o que aquele pequeno corpinho precisa. Problema: é raro, mas possível, o quadro de retinopatia da prematuridade, falta circulação sanguínea na retina, que afeta 30% dos prematuros, e desses, 8% tendem a ficar cegos. Mas neste momento a batalha é pela vida, não pela visão... Palavras de Maristela, a mãe – “Vivemos um dia de cada vez, até hoje.” Com um sorriso constante nos lábios, com um olhar de contato real com você. Como conseqüência da prematuridade extrema, um dos bebês teve hidrocefalia, um sangramento anormal dos vasos sanguíneos do cérebro, ainda não preparado para a vida aqui fora. Esta criança, hoje com três anos, ainda luta com convulsões, mesmo medicada. Anda com dificuldade ainda. Um dos meninos precisou amputar a mãozinha e parte do antebraço, pois uma artéria obstruiu e não dispomos de material cirúrgico refinado o suficiente ainda para desobstruir. E o trabalho com prematuros evoluiu muito, hoje salvamos muitos bebês a mais porque dispomos de recurso medicamentoso que agiliza o preparo do pulmãozinho (surfactante), já há quinze anos... Foram quatro meses e meio de UTI, recebendo o leite materno por sonda. Daí, finalmente, a casa. Termino no próximo artigo. Continuo achando que esta sábia mãe tem cem anos de vida, no mínimo...
Caso real, nomes trocados o por privacidade.
Elizabeth Fritzsons da Silva, Psicóloga e Diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência, Promoção Social, Prefeitura Municipal de Americana.
1 Comments:
OLÁ AMEI O TEXTO O ENCONTRO!!!!FEZ LEMBRAR O MEU E DE MINHA FILHA ANA LUZ COM A SAÚDE TÃO COMPLICADA E SUA APARÊNCIA TBM.
MINHA FILHA É PORTADORA AS SÍDROME ARTROGRIPOSE.
ESTA COM 3 ANOS E 8 MESES.ANA NÃO ANDA MAIS SE DESLOCA DO JEITO DELA NÃO FALA MAIS SE COMUNICA DE UMA FORMA LINDA USANDO O CORPO.
BEM O QUE EU QUERO DIZER É QUE A QUESTÃO MOTORA DELA E COGNITIVA E AFETIVA É O PRINCIPAL PARA O SEU DESEMPENHO.
EU APOSTO NESTES TRÊS FATORES ONDE EU PROCURO FAZER ATIVIDADES QUE LEVEM ELA A FELICIDADE.
A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO CONDUTIVA-COM AMOR É UMA FORMA MARAVILHOSA DE AJUDAR CRIANÇAS QUE PRECISAM DE ADAPTAR A NOVAS CONDUTAS SEJA ELA FÍSICA OU MENTAL.
VOU DEIXAR MEU BLOG!!!
luzdonossoamanha.blogspot.com
SERÁ UM PRAZER FALAR COM VC ....FIQUEM COM DEUSSSSSSSS
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