Praticar a paz

...
enquanto digito:
as roupas entopem as prateleiras do armário
o pó acumula na mesa
a comida queima
o leite ferve

o mundo passa e eu aqui:
inerte

o beija-flor vem até minha sacada, no sexto andar, me dar bom dia
e eu não ligo, não vejo, não enxergo
a oportunidade pode ser uma palavra, um olhar, uma aula, um momento
basta estar ali, presente
basta estar ali ouvindo, percebendo

...
um olhar com mais vontade, um aperto de mão com mais intensidade, um momento mais `bem vivido`
venho desfrutar a vida, sem perder meus melhores momentos,
e repeti-los!

viver o hoje, sem querer estar mais nova, ou ser mais velha
sem se pré-ocupar, resolvendo cada coisa de uma vez

quando eu termino de resolver algo, em seguida ou ao mesmo tempo me aparece outro
procuro me concentrar, não dividir energias, tranquilizar meu coração para ter paz nas minhas decisões

mesmo que o mundo me acelere, que pressão eu sofra, procuro resolver com tranquilidade e atenção
buscando ter uma visão do todo, para não perder nada, elencando a lista de tarefas a fazer

É difícil. Muito.
Mas temos que praticar. Exercitar nossos atos de paz.
Esta paz que está apagadinha, mas presente! Em todos nós.

Ambiente e liberdade

A educadora Maria Montessori no livro A Criança, esbraveja:
"Essa é a primeira missão urgente da educação: liberdade. Libertar é conhecer, descobrir o ignorado."

Neste processo de liberdade ela fala do ambiente, que devemos reduzir os obstáculos ao menos possível. Buscando facilitar a expansão do ser em via de desenvolvimento. É o ambiente que oferece os meios necessários para o desenvolvimento da atividade. E o adulto faz parte deste ambiente. No respeito a personalidade infantil, o adulto participa e dá liberdade.

Na semana passada foi o período de olimpíadas no colégio e foi a primeira vez que as crianças usaram o gait trainer (treinador de passos), espécie de andador no ambiente escolar. Foi um sucesso!

Em casa aquele material tem a função de exercício, atividade motora, dever de casa. No contexto fica monótono e cansativo. Mesmo com a criatividade e o planejamento para buscar empolgação, juntando todas as forças que temos para provocar um dinamismo, o uso parece `forçado`.

No ambiente escolar foi sensacional, no grupo, com os amigos auxiliando, na função exata para o equipamento. A corrida do saco, a corrida do ovo na colher, o cabo de guerra, o futebol. Quaisquer 10 minutos daquela semana foram muito mais produtivos e felizes do que os momentos com tanto esforço em casa.

Eu encontrei um bom material para deixar as crianças em pé e treinarem o passo, mas não havia encontrado o ambiente que provocasse neles a vontade de usar, que despertasse a função e o entusiasmo em se ver de pé, com os olhos nos olhos dos amigos.

A agitação dos professores, dos amigos e deles próprios vivendo aquele momento foi inesquecível. O material, o adulto, o ambiente e a liberdade: juntos.


Gait Trainer, da marca Rifton - Pacer, produto americano adquirido no Brasil.

Sensações que se transformam

O movimento das ondas que:

energiza, potencializa, reanima, revigora, limpa;

acaricia, brinca, diverte, lambe, refresca, respinga;

afronta, golpeia, derruba, machuca, assusta, afoga, mata.

O mesmo mar.
A mesma praia.

Sensações que se transformam.
E tornam a acontecer. Em ciclos.

O mesmo mar.
A mesma praia.

Assino com uma arroba

Me desculpo àqueles e e àquelas que têm reclamado de minha ausência. Estou sem ritmo.


"...Internet com tempo quando todos dormem, internet a todo instante no telefone, internet no visor do elevador, internet para resolver todas as funções no trabalho, internet no restaurante no momento do almoço, e ao chegar em casa venho conferir se meus amigos estão on-line..."


Estou ficando exaurida com a quantidade de informações que leio, recebo, escrevo, mando, escuto, repasso. Um exagero que vem me dando ânsia.

Estou em pause. Neste momento me vejo caminhando contra o vento. Toda esta aceleração e este ritmo que o mundo está me impondo de alguma forma me perturba e não se encaixa em mim.

Saber tudo e qualquer coisa, a todo momento, todos os dias, ter a informação 100%, encontrar quem desejar. Estar on line, conectada, antenada. Chega!

Todo este ritmo me parece fora de moda. Percebo um movimento contrário. Não sei. Vivo um momento de pause, e neste intervalo já não me animo em atualizar o blog como antes. Cansei de seguir o ritmo tão acelerado que não me enxergo mais, que não me conheço.

Eu, mãe multi-tarefa, que me encantei com o primeiro Windows em substituição ao sistema operacional DOS, nas disciplinas de computação. Foi-se o tempo que até em meus momentos de férias me enlouquecia por alguns minutos no computador, que invejava o executivo sentado em seu próprio laptop, ou as salas de aeroporto com internet free. Vivo um momento de pausa, onde busco a mim mesma.

Já não leio meus e-mails diariamente, não publico meus posts com a mesma frequência. O ritmo incansável no mundo cibernético me cansou. Naquele mundo lá (aqui) estou só. Eu e mais ninguém. Este ritmo para mim está ficando demodè.

Não é um dia depois do outro que me fatiga, é um dia igual ao outro. Me vejo longe de meu mundo real, da mãe natureza, do toque, do cheiro, do frescor de uma manhã, de um silêncio sem luz.

Talvez esteja vivendo e falando da regra da fartura e escassez. Quando não temos e é raro, então queremos. Mas como o momento é de excesso, de exagero, então não me interessa mais. Neste mundo sem sobrenomes, em que meu eu passa a ser assinado sempre com uma arroba @, não me despeço, mas temporariamente me afasto.

Dia da Criança

No dia da criança, 12 de outubro, queremos e desejamos tudo de bom e do melhor que há para nossos filhos. Desejamos que eles curtam o dia como nenhum outro e que façam o que tenham vontade. Em nossa casa combinamos que eles escolhem o roteiro do passeio, o cardápio de todas as refeições, com direito a fugir de todas as regras.

O mais difícil para mim no entanto, é garimpar entre tantas opções de brinquedos, aquela que eu consiga agradar, que eu consiga proporcionar uma ação, um movimento em que o brinquedo responda, e que desabroche neles um sorriso.

Primeiro tenho que adivinhar para o meu pequeno que ainda não sabe me pedir com palavras, o seu brinquedo desejado. Fico maratonando entre os corredores de prateleiras quase infinitas uma opção sensata, ativa, inteligente e que ao menos desperte a sensibilidade dele.

Dentre os últimos sucessos destaco o Bom de Faro, um jogo de adivinhação de cheiros e também o básico jogo de cartas Uno, que prende a atenção e diverte. Desta vez optei por um instrumento musical, uma bateria eletrônica que funciona com um simples toque das mãos. Ele só percebeu que o brinquedo era mesmo legal, depois que ele próprio, sozinho, fez o instrumento tocar.

Neste garimpo não é fácil o acerto, para os outros dois desta vez não pensei, apenas comprei o que pediram. Errei. Depois da euforia de ter em casa o brinquedo anunciado na tv, concluo que os brinquedos escolhidos não agradaram nem a um nem ao outro.

É preciso estar em sintonia para acertar e buscar o despertar daquele instante que fará a diferença, um fato mínimo que venha abrir horizontes ilimitados.

Vídeos de Educação Condutiva

Em toda esta minha história de blog, que já completaram dois anos com o contador em 266 artigos lidos por 1.028 pessoas até a data de hoje, raramente citei, linkei ou mostrei vídeos das rotinas de Educação Condutiva. Não que eles não existam, basta um clique no You Tube e encontraremos vários.

Infelizmente em cada um deles encontrei um porém, seja por uma imagem mais comercial, ou por uma mensagem mal colocada, ou ainda por uma mistura de métodos e idéias que poderiam mais confundir do que informar. Neste tempo todo planejei eu mesma elaborar um, sem nunca ter dado cabo, talvez por acabar evidenciando justamente os poréns dos já existentes. Ficamos apenas na iniciativa, por enquanto.

Ao ler no site de Andrew Sutton uma lista de indicações com ranking dos vídeos no You Tube, acho muito justo citar aqui as referências dele. Pois afinal, ele teve a coragem de publicar, e entre os dez primeiros não cita nem linka o excelente vídeo do Centro de Birmingham - U.K., justamente onde tudo começou no lado ocidental.

Eu não aprovo, nem endosso, mas como informação publico aqui a lista dele. Certamente existem muitos vídeos mais, mas aqui a lista dos top ten.

Conductive Education - The Movement Centre of Manitoba

What Is Conductive Education?

Cerebral Palsy Ability Center (eu citei este em abril de 2007)

Tsad Kadima -The best place for a child with C.P. to grow up

The Rainbow Centre (eu citei este em janeiro de 2008)

The Beginning Steps programs

Conductive Education Project

Conductive Learning Center of Greater Cincinnati

Meet Alexandra Gardi

Parents Discuss Impact Of Conductive Ed

E... um breve momento com um vídeo de nosso grupo inicial em maio de 2007. Divirta-se!

Dia da Condutora no Brasil

E na semana da criança, confeitada com atividades que fizeram o Grupo Educação Condutiva Com Amor, não querer ir embora da sala, decidimos por criar o Dia do Condutor no Brasil.

Seguindo uma agenda de comemorações, onde cada diazinho corresponde a alguém; ou seguindo as tradições húngaras, que além das comemorações de aniversário de cada um também se comemoram o dia de seu nome próprio (ainda mais festivo por coincidir com vários outros amigos), estamos criando o Dia do Condutor no Brasil.

É hoje, dia 9 de outubro, o Conductor Day. Felicito as duas condutoras que aqui estão neste ano de 2008, uma em Santa Catarina e outra no Rio de Janeiro. E desejo que muitas outras tenham a oportunidade de vir até este país maravilhoso e sedento de conhecimento por educação condutiva.

Parabéns!