Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Tuesday, February 26, 2008

Percebo o mar e algo mais


Em algumas vezes percebo o que eu faço. Outras vezes realizo de forma automática.

Me questiono:
:: Devo estar com a minha mente presente quando realizo?
:: Ou melhor que esteja realizando de forma automática, assim tenho a mente planejando?

Como um pescador olheiro que distingue no mar um vasto cardume de peixes, fico escolhendo involuntariamente as funções mais básicas que serviriam ao bem-estar da vida diária de meus filhos. Saber diferenciar o que é apenas água salgada, daquilo que pode ser uma farta refeição para o pescador.

Em alguns momentos posso até achar que estou certa, mas algumas vezes pode ser apenas uma sombra ou um vento que dobra o mar, e me engana. Outras vezes tenho certeza, quando facilmente identifico uma família de pássaros se divertindo com o cardume.

O que eu gostaria para os meus filhos era que eles pudessem estar realizando de forma automática as nossas funções mais básicas:
1. esticar os joelhos colocando os calcanhares no chão,
2. engolir a saliva,
3. apoiar-se para não escorregar e cair,
4. manter a cabeça levantada,
5. quadril ao centro,
6. cotovelos estendidos,
7. olhar penetrante no foco de atenção
8. coluna ereta,
9...
10...

... Para então ter a mente livre e descansada para planejar.

Grupo de Estudos: convite


Convido aos interessados a fazer parte do Grupo de Estudos de Educação Condutiva.

Este grupo funcionará de forma voluntária, quinzenal e servirá para enriquecermos nossos conhecimentos no assunto, seja estudando ou trocando idéias e experiências.

Para participar deste Grupo, estamos nos reunindo quinzenalmente às sextas-feiras em Florianópolis e criamos o e-mail / grupo
educacaocondutiva@grupos.com.br , para informar sobre as reuniões. Aqueles que desejarem participar podem me mandar e-mail para se adicionarem no grupo podem fazê-lo ou podem clicar aqui.

O primeiro encontro ocorreu na última sexta-feira dia 22 de fevereiro e falamos sobre o médico Andras Peto. A próxima reunião será no dia 7 de março e o assunto será o Instituto Peto na Hungria.

Um abraço com amor,
Leticia B. T. Kuerten
educacaocondutiva@gmail.com

Thursday, February 21, 2008

Problema



- ... desculpa, eu não sabia que ele tinha problema, pode passar por aqui.
- Ela tem um filho com problema.
- ... sim, nasceu com problema.

Estes trechos de conversa traduzem a forma mais natural de uma pessoa falar de criança especial.

Problema, segundo Aurélio:
1. Questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio de conhecimento.
2. Proposta duvidosa e que pode ter numerosas soluções.

Ou ainda, segundo a Wikipédia:
1. Em matemática, um problema é uma questão proposta em busca de uma solução.
2. Em psicologia, um problema é qualquer questão que pode dar margens a hesitação ou perplexidade, pela dificuldade de explicação ou resolução.
3. Problema para a filosofia, é, em geral, qualquer situação que inclua a possibilidade de uma alternativa.

Nunca gostei de escutar as conversas citadas acima por não aceitar que o problema fosse somente meu. Qual é a mãe que tem um filho que não tenha problema? Qual é a pessoa que não tenha um problema? Qual é a situação que não seja problemática?

Relendo as definições para problema, me contento em saber que ter um problema significa demonstrar que busco uma solução. Significa que devo sorrir ao escutar os trechos de conversa, ao invés de manter meu rosto sisudo. Também entendo que a situação afeta não somente o equilíbrio psicológico do indivíduo que se expressa, mas também do grupo a minha volta.

Talvez o que realmente importe não seja o tamanho do problema existente, mas o tamanho que EU DOU ao meu problema.

Sou eu que percebo as minhas dificuldades e acabo por definir o tamanho delas. Algumas enxergo como oportunidades, outras como adversidades, outras ainda como novas possibilidades. Uma mordida de mosquito, uma vaga a preencher, uma dor, uma perda, uma lesão. Pode ser a mesma situação para vários de nós, idênticas às vezes, mas sou eu que dou a permissão para que ela seja do tamanho que eu queira viver (ou sofrer).

Wednesday, February 20, 2008

Procurando escola infantil


Meus filhos farão seis anos este ano e começam a fase de alfabetização. Sem ainda terem superado todas as fases para sua idade, já enfrentam um novo desafio: aprender a ler e escrever.

No ano passado visitei algumas escolas em minha cidade, avaliando não somente o espaço físico que viria atender meus filhos cadeirantes, mas também a vontade por parte da direção em receber crianças especiais. Eu particularmente fui brutalmente apunhalada com palavras e olhares em várias das escolas mais recomendadas de Florianópolis. Inclusive naquelas com base filosófica, provando que não aplicam em nada suas teorias.

Simplesmente dizer que não estamos preparados, parece fácil. Preparado? Quem está ? Eu por acaso estive ?

Felizmente me encontrei com a Escola Montessoriana Menino Jesus. Fui muito bem recebida, e digo que nenhum porém foi colocado ao fato de eu explicar que meus filhos eram especiais, me responderam naturalmente que já tinham outras crianças na escola. Adorei o espaço, a escola, a forma de atendimento, o método. Confesso que me preocupei com o barulho do recreio, muitas crianças gritando e brincando ao mesmo tempo.

O interessante, no entanto, foi quando fui com a condutora e perguntei a ela o que lhe tinha chamado atenção naquela nova escola, e ela me disse: o silêncio. Enquanto as crianças estão em sala de aula trabalhando concentradas em suas atividades, reina o silêncio.

Maria Montessori escreveu :
"O silêncio com frequência nos traz o conhecimento que ainda não percebemos completamente, o de que possuímos dentro de nós uma vida interior."

Maria Montessori foi uma pedagoga italiana nascida em 1870, que revolucionou o sistema educacional infantil em todo o mundo. Em 1907 foi ela que deu à sala de aula a aparência que conhecemos hoje: os móveis no tamanho para crianças, aventais, potinhos de tinta e belos materiais de madeira. E assim as crianças nas escolas montessori, por alguns instantes, escutam os sons do silêncio. Eu agradeço a Eliane, Lu Lemos, Lu, Sergio, Beth, Laura, Lara que em poucos dias souberam me oferecer um pouco deste silêncio.


Informações retiradas do livro entitulado Maria Montessori: Personagens que mudaram o mundo. Escrito por Michael Pollard.

Saturday, February 16, 2008

Infinidade de verbos


Fico lembrando quantas coisas esdrúxulas fiz com meus filhos, quantas orientações bárbaras segui a risca, quantos momentos me estraguei por dentro, sem nunca ter entendido meus verdadeiros sentimentos. Quantas brigas provoquei, quantas maldades apaziguei, algumas vezes por seguir regras sem sentido, ou seguir instruções e sentimentos que justamente me faziam sentido.

Minha imaginação sempre estava a frente preparando o próximo momento e o passo seguinte de meus filhos, alguns que ainda não chegaram, outros que nunca teriam conseguido realizar.

...
um quadro de ímans no quarto, para que pudessem exercitar a coordenação motora brincando;
uma piscina de sagu crú para fazer massagem e estimulação sensorial;
trocar as fraldas de barriga pra baixo, para não estimular a extensão nas costas;
dar banho de água fervida com gotas do vinho de não sei quem, para relaxar;
proferir o quebranto durante treze dias para afastar mau olhado;
fazer um número sem fim de cadeiras com braços e apoio entre as coxas para usar em casa, na praia, na escola, na estimulação;
fazer invertidas e pêndulos de cabeça pra baixo para estimular a circulação cerebral;
colocar espelhos no caminho que passam para que se observem;
procurar, como num garimpo, brinquedos que eles possam usar;
desmontar e refazer tesouras de quatro furos, para que possamos auxiliar no corte;
fazer massagem com esponja de louça, procurando apresentar também as sensações de áspero e rugoso;
procurar, fazer, apresentar, colocar,
...

Uma infinidade de verbos que não canso de realizar. Dentre todas as ações e buscas que pretendi, nunca temi em dar de mais, mas me angustiava pensar que poderia não estar fazendo o suficiente... e certamente a melhor das experiências que fiz foi conhecer a Educação Condutiva. Não cansei, nem sosseguei, continuo procurando e conjugando.

Friday, February 15, 2008

tradução do post anterior




Blogs que eu gosto, Leticia e Norman
(por Andrew Sutton)

Educação Condutiva - com amor

Você pode não ler português mas mesmo assim vale um relance rápido no blog Educação Condutiva - Com amor, mostrando que este é algo a mais. A escritora do blog Leticia Búrigo é mãe de crianças, gêmeos com paralisia cerebral, que montou seu próprio centro de educação condutiva na cidade brasileira de Florianópolis, onde vive. Seu blogue respira a vida, uma mistura entusiástica, suas experiências em ebulição com a educação condutiva, suas reflexões sobre o significado e das implicações do método, traduções em português de materiais técnicos originais em língua inglesa, poesia, fotografias, ele está repleto de vida e de abundantes comentários de seu público - um verdadeiro carnaval brasileiro de Educação Condutiva.

Uma pequena busca na web para “Educação Condutiva” vem no topo o blogue de Leticia como sendo o número 1, encabeçando uma lista crescente, aparecendo mesmo antes de sites profissionais, artigos de jornal, resultados de buscas em grandes pastas e todo o flotsam do espaço cibernético. De fato, experimente colocar "educação condutiva” (em inglês) e procure as páginas em língua portuguesa, e você encontrará o blog Com Amor, no topo desta lista.

Foi lendo o que Leticia fazia em seu blogue, que me fez finalmente começar o meu próprio. Eu desejaria somente poder ter um blogue como o dela! Olhá-lo apenas, me faz sentir o calor da luz do sol brasileiro e do poder de seu (Leticia) entusiasmo…

Tuesday, February 12, 2008

Que honra!


Ele cita meu blog como um de seus favoritos e diz que foi lendo o meu que resolveu escrever o dele, além de muitos elogios mais. Que honra! me emociono... Obrigada Andrew.




Blogs I like

Leiticia's and Norman's

Educação Condutiva - com amor

You may not read Portuguese but even a quick glance at Educação Condutiva – com amor shows that this is something else. Blog-writer Leticia Búrigo is the mother of young twins with cerebral palsy ... e continua em seu blog
http://andrew-sutton.blogspot.com/2008/02/blogs-i-like.html

Monday, February 11, 2008

Prevenções


Nos programas de educação condutiva seguimos uma rotina todos os dias, fazemos os mesmos programas, repetimos as mesmas ordens. É uma receita que seguimos, alterando com motivações diferentes, atendendo as necessidades individuais de cada um, acelerando ou atrasando alguns ritmos, inserindo ou excluindo algumas atividades.

Para os que executam aprendem sempre algo novo, para os que visitam ficam maravilhados com todos os espaços preenchidos e bem aproveitados, para os que lideram basta ajustar alguns pontos para conduzir ativamente. Para as crianças a motivação é o que leva a executar a rotina pouco alterada, uma vez que escutam diariamente e seguidamente as mesmas ordens.

Encorajar. Provocar a espontaneidade. Aguçar a curiosidade. Educar.

Para conduzir ativamente é importante saber quais são as ordens que as crianças devem escutar e memorizar, daquelas que as condutoras e educadoras devem seguir e também memorizar. Aqui a diferença entre as tarefas a realizar e as prevenções a executar.

No grande movimento que dividimos em partes, acabamos por realizar uma série de pequenas ordens, algumas delas muito importantes para as crianças (tarefas a realizar), outras muito importantes para as educadoras que conduzem a criança no realizar (prevenções).

A condutora ordena que a criança sente reto, mas são as prevenções que fazem com que ela mantenha a cabeça no meio e levantada. A ordem pode ser ficar de pé, mas a prevenção é manter os joelhos paralelos e os calcanhares no chão. E aí segue-se em busca do conhecimento, que não se transfere, mas se constrói.

Sunday, February 10, 2008

Tapa na cara


Fomos nos divertir no carnaval e em uma festa destas estávamos com várias crianças que nunca tinham visto uma criança especial. Assim que chegamos ficaram várias a nossa volta olhando, observando, comentando e perguntando.

Entendo que são vários porquês, alguns que já deveriam ter sido respondido por suas queridas famílias, outros que nem pra mim sei responder. O momento das perguntas são muito desconfortáveis porquê não gosto de falar na frente de meus filhos a forma que gostaria de explicar para as crianças curiosas, que não se contentam com uma só resposta. Depois da primeira vêm outras várias questões.

Fico mesmo desconcertada, com meu coração batendo na boca e meu rosto suando. Que coisa difícil me manter simpática e agradável nesta situação. Tento distrair e respirar, me divirto de todas as formas.

No decorrer da festa encontramos com um adolescente especial que estava se divertindo. Para minha surpresa e vergonha, não entendi o comportamento de meu filho. Desta vez foi ele que fez `cara feia` e fez perguntas desagradáveis na frente da família dele. Percebi como eles se sentiram mal que até o menino foi dar uma voltinha.

Ai que vergonha! Conversei duro com meu filho, sobre como somos parecidos e cada um tem seu jeito de ser, e que não se olha para ninguém da forma como ele olhou para o menino, e que ele era igual a todos os outros.

Eu fiquei super acanhada com o comportamento dele. E na minha cabeça passaram-se vários momentos como este que eu já havia passado. De nada adiantaria falar com pais, a atitude das crianças é diferente. Eles são crianças curiosas.

Minha cara foi no chão. Aquela situação se inverteu e percebi como ainda tenho que aprender. Aprender que cada um é cada um, independente da situação que se está, parecida, igual, diferente, similar ou não. Entendo que tenho que encontrar uma forma de responder aos curiosos. Mas tenho que entender também que estamos construindo nosso conhecimento a partir de estímulos como este.

Friday, February 08, 2008

Estatísticas para educação condutiva


Muitos curiosos querem saber mais sobre Educação Condutiva.

Alguns vêm me perguntar sobre dados concretos, comparações entre ontem e hoje, tempo de desenvolvimento, qualidade da melhora. Me faltam palavras, gráficos e estatísticas. Tenho textos para recomendar, sites para visitar e um pouco de experiência do que vi e vivi.

Dados, poucos. O que nunca me falta, esperanças.

Li alguns textos, vi alguns gráficos, reli algumas tabelas matemáticas. Não saberia defender com dados, mas poderia discursar sobre fatos. Porém alguns buscam e publicam. Aqui publico um breve trecho do artigo, com estatísticas, de pesquisadores alemães.

"
Objetivo: estudar os efeitos da educação condutiva para crianças com paralisia cerebral, nas suas funções motoras e atividades diárias.
...
A Educação Condutiva melhorou as funções de coordenação motora em 20% a 25% comparado com nenhuma melhora durante o atendimento na educação especial... A competência com as atividades da vida diária melhoraram em aproximadamente 20% comparando com dados não significativos da educação especial.
...
Conclusão: A Educação Condutiva melhora a coordenação motora e as atividades da vida diária em crianças com paralisia cerebral.
"

Artigo: Conductive education for children with cerebral palsy: effects on hand motor functions relevant to activities of daily living.
Autores: Blank R, von Kries R, Hesse S, von Voss H.
Publicado no site FisioZone.com pelo Institute of Social Pedriatics and Adolescent Medicine, Child Center Munich, Ludwig Maximilians University, Munich, Germany.

Quem desejar saber mais procurar no Forum de Fisioterapia http://www.fisiozone.com/ ou no National Center of Biotechnology Information http://www.ncbi.nlm.nih.gov/