Andar de bicicleta e olhar pra frente
Escutei na Mothern este fim de semana uma história em que a mãe ensinava a filha a andar de bicicleta. Primeiro as rodinhas, depois o equilíbrio em uma só, depois conseguir manter o guidom em linha reta, e além de tudo ter que olhar pra frente!
Estar 'lá em cima' daquele banco já parecia ser algo totalmente novo. Eu vi nas palavras de um de meus filhos na primeira vez que sentaram em uma bicicleta adaptada, foi esta a principal experiência :
- Ai mãe vou cair daqui, que alto!
São tantas as sensações de estar ali naquela bicicleta, que estar 'no alto', não tinha sido a sensação que eu tinha percebido. Eu me percebo tentando decifrar e experimentar as sensações que eles vivem. Certamente as sensações deles são diferentes das minhas. Eles têm uma percepção muito maior. Não tendo a possibilidade de 'resolver' sozinho muitas coisas, acabam desenvolvendo novas formas de entendimento e encontrando outras soluções para o seu dia a dia.
Percebo que meus filhos sentem muito mais insegurança em situações novas, antevém situações de perigo com mais precisão, tem um ouvido apurado, um paladar seleto, um olfato que não erra. Também entendo que uma massagem será ainda mais sensível, podendo até irritar. Um carinho, um chamego, um afeto, é um derretimento da alma. A entrega é total, a amizade, a confiança, a unidade: impossíveis de medir. E aquele olhar que não fala, e que me diz tudo, consegue me passar muito mais que palavras, mas emoção, sensação, esperança, fé, amor.
São todas estas sensações que fazem de mim uma mãe aprendendo a andar de bicicleta. Mãe que cuida de seus filhos, vive por seus filhos, comunga com seus filhos. E ainda tem que olhar pra frente!