Mãe macaca, filho prematuro

" A culpa para tanto perigo na hora do nascimento está em sua cabeça. Temos cabeças, e principalmente cérebros - grandes demais para o nosso corpo. E um problema para, fisicamente, passar pelo canal vaginal. Outros mamíferos têm quadris muito mais preparados para dar à luz do que nós. Para resolver este impasse, a natureza criou uma solução um tanto pragmática: fez todas as crianças humanas nascerem prematuras. "

E é assim que as jornalistas Patricia Ikeda e Karin Hueck escreveram a matéria Nascer é Um Parto, para a Revista Super Interessante do mês de julho. Eu, que sou mãe de filhos prematuros, de gêmeos, sempre me considerei uma incapaz, uma impotente, de não ter tido útero para segurar minha dupla. Vejam só, todas nós mulheres humanas temos filhos prematuros! E a matéria segue:

" Sim, mesmo depois de 9 meses de gestação, ainda nascemos antes do tempo. É por isso que um bebê humano é tão dependente quando vem ao mundo e precisa de tanto cuidado. Um macaco, por exemplo, consegue subir nas costas da mãe logo depois do parto."

Meu filho mais novo, com dois anos de idade, adora subir nas minhas costas, se pendura mesmo e me agarra feito um macaco. Dois anos depois... O resultado de uma evolução faz de nós, mães : macacas mais fortes que as da outra espécie. Não só o macaquinho é mais independente, mas a macaca mãe é também mais livre ao dar a luz.

Stanislas Dehaene

O neurocientista Stanislas Dehaene esteve nesta sexta-feira, na Universidade Federal de Santa Catarina falando sobre os Neurônios da Leitura. Ele fala do cérebro estruturado da criança em seu momento de aprendizagem, o cérebro organiza as letras em um determinado local e joga as outras informações para uma outra posição. O pesquisador então descobriu o local do cérebro em que guarda a caixa de letras, e diz existir assim em todas as culturas. E fala de nossa sensibilidade em relação as formas de letras diferentes, como caixa alta, diferentes tamanhos, pronúncia e articulação. 

O pesquisador diz ainda que consegue saber o quanto uma criança lê olhando apenas para as imagens do cérebro desenvolvido. Cérebros leitores tem regiões ativadas e desenvolvidas. A leitura tem efeito positivo no cérebro, demonstrando estruturação e organização; e ainda adiciona que a leitura e aprendizagem podem modificar um cérebro adulto.  O sistema visual se altera quando a criança começa a ler, é uma organização das imagens e das letras. O reconhecimento das palavras se baseia na intersecção dos traços, diz outra pesquisa recente - é a propriedade não acidental dos objetos.

Dá muito valor ao fonema, pois ele não é direto, nem óbvio. É preciso apresentar e associar o som a letra, fazer uma preparação antes da leitura. Destaca como os fonemas fáceis (l,r, m,n, v,f,g,ch,z,s).

E deixa 7 princípios da alfabetização:

1- O ensino explícito do código alfabético

2- A progressão racional

3- Associação entre leitura e escrita

4- Transferência do explícito para o implícito

5- Escolha racional de exemplos e exercícios

6- Engajamento ativo, atenção e prazer

7 - Adaptação ao nível da criança

Ainda como regra:

1- Um organismo passivo não aprende.

2- Oferecer prazer e recompensa.

3- Saber adaptar o nosso aprendizado ao nível da criança.

E, em minha opinião: com esta conclusão, disse tudo!

A seguir, um resumo do assunto e do livro publicado.

"As neurociências são um amplo campo de pesquisas, com impacto em diferentes áreas, em especial na saúde e no comportamento. Com estudos mais recentes, a educação, processos de alfabetização e letramento também se beneficiam das mais recentes descobertas. Segundo Dehaene, as investigações realizadas pela psicologia cognitiva experimental comprovaram o centro de reconhecimento da palavra escrita no cérebro. Essa descoberta afeta as metodologias empregadas nas escolas, que deverão rever suas abordagens. Outro aspecto muito importante é quanto ao tratamento da dislexia, que afeta mais de 18 milhões de pessoas no país. Com o avanço da neurociência, o tratamento passa por uma fase revolucionária.

"Neurônios da Leitura é um livro que apresenta a lógica oculta da ortografia. Com exemplos práticos e os resultados de uma pesquisa pioneira, mostra como as línguas e o sistema da linguagem são processados. Uma das conclusões é que o cérebro possui uma força e uma capacidade inimaginável de se adaptar e de se transformar.

Os capítulos abordam como se dá o processo de leitura, o funcionamento do cérebro, como ocorreu a invenção da leitura e como o ser humano aprende a ler. Aprofunda-se, também, nas questões relacionadas com dislexia, leitura e simetria. O autor propõe a construção de uma “cultura dos neurônios”, com grande impacto na área de aprendizagem e educação."

Hoje iniciamos, pelo sexto ano consecutivo, o Curso de Férias de Educação Condutiva. Durante três semanas as crianças aprendem a desenvolver suas habilidades em conjunto com seus pares.

Diariamente repetindo os programas desenhados pelo médico Andras Peto e conduzido pelas condutoras Anna Szabó e Agnes Kasper, as crianças de 5 a 12 anos aprendem a ter uma vida mais independente.

Neste ano olímpico teremos uma motivação estudando a história dos jogos, a cidade sede e praticando alguns dos esportes que levam os melhores do mundo a esta competição secular.

Cada um desenhando seu próprio uniforme e recebendo medalhas pelas conquistas realizadas durante os programas de educação condutiva, nossos atletas especiais enfrentam barreiras em busca de suas conquistas.

Sejam bem vindos os familiares vindos de outros estados em busca de ganhos reais em seus filhos dedicados e exemplares, cada um deles dedicando suas energias e o tempo de suas rotinas por uma vitória: a medalha da vida!

Educação Condutiva Com Amor, reunindo famílias especiais. Obrigada a equipe: Rafaela, Juliana, Maísa, Eduarda, Aline, Anna e Agnes. Bom trabalho!