Razão
Enquanto vou levando, minha consciência busca uma razão. Mas mesmo sem razão sigo levando, sigo cortando.
Em algum momento essa estrada vai terminar, voltar já não posso, voltar já não passo, o que passei eu modifiquei, voltar não significa retornar da onde estive, porquê lá não existe mais.
Então se com razão não sigo. Sigo sem razão. Naturalmente sigo a regra até que termino. Termino com vontade de continuar.
Então a razão me comanda e encontro uma forma de voltar, avalio a forma que construí. Avalio o desenho que se formou, sem a minha razão, qualquer forma se faz. E recomeço, faço novas voltas, encontro mais espaço para continuar.
Continuar sem romper, diz a regra. Sem romper o quê? Tudo o que existia já não existe mais. As idéias vão sendo limitadas pela regra. Regra que procuro seguir, sem mesmo entender. Sem entender a regra.
Então escrevo, relato. Parto para um desabafo, um devaneio. Escrevo somente.
E continuo, e sigo. Encontro mais palavras e me lembro da regra. Então termino.
Agora brinco. Assim continuo me envolvendo, continuo levando a minha consciência em busca da razão.
* Após atividade com a Fita de Moebius, criado pela artista plástica Lygia Clark, no grupo de estudo Oficina da Palavra. Escrito por Leticia.