Maturidade aos três anos
Me inscrevi para uma bolsa de estágio internacional, era uma seleção entre todos os países da América Latina, uma chance em mil de ser selecionada. Sempre tive vontade de conhecer uma nova cultura, uma nova língua e de ter uma experiência de trabalho no exterior. Pensei na chance de ir, na vontade de ir e, mesmo sendo muito difícil passar, decidi me inscrever.
Era uma proposta de trabalho na minha área de atuação, desenvolver uma laboratório multimídia em uma empresa de tecnologia. Trabalhar nesta área era aquilo que eu mais gostava de fazer, e nesta situação então, era tentadora.
Eu conseguia imaginar meu trabalho, minha nova casa e meu grupo de amigos. Ao mesmo tempo que o coração me batia na garganta eu tinha desejo de estar lá o quanto antes.
Era fim de agosto quando recebi a carta de aceitação e eu deveria me apresentar até a segunda quinzena de setembro. Eu tinha tanta coisa pra decidir, que não tive muito tempo para pensar. Antes da data eu já estava em Madrid assinando os papéis do contrato, sozinha, procurando um lugar pra morar. Eu tinha 23 anos e já me considerava madura para a situação.
Eu estava sozinha, em um país distante, sem nenhum conhecido, sem falar o idioma, andava pelas ruas e todos pareciam me afrontar, me sentia com 'movimentos lentos', como se o meu corpo fosse mais pesado do que eu, e por mais que eu me esforçasse não conseguia dar os passos que queria. A minha cabeça estava super ocupada procurando casa, móveis, amigos, ônibus, trem, casaco, plano de trabalho, equipamentos.
Todo este filme passou em minha cabeça quando trouxe meus filhos para uma escola fora do país. Meus dois filhos, aos 3 anos de idade estavam vivendo aquela experiência que eu vivi com 23. Estavam em um novo país, em uma nova escola, com novos amigos, uma nova língua. A nossa adaptação a nova casa, ao clima frio, ao transporte, a localização, ao novo conceito de trabalho.
Imagino que eles também sintam seu corpo pesado, ou melhor, amarrado. Ver toda aquela nova situação dá mesmo vontade de fugir, mas para poder fugir eles precisam de auxílio. Sempre que vivenciam uma nova situação, sem que antes tenhamos a habilidade de explicar todo o roteiro, eles tentar se esquivar, seja aos choros ou com 'uma nova idéia menos assustadora'.
A Educação Condutiva tem dado a eles muita confiança no que eles podem e não podem fazer, naquilo que eles têm condições de visualizar, e na determinação e entusiasmo de executar suas ações. Eles administram tudo isso muito bem, talvez melhor do que com a minha sensação de maturidade aos 23.
Sou eu, que como mãe, os vejo indefesos. Seja por um mosquito que vem morder, ou por uma criança que vem bater. Espero mudar meu modo de pensar, espero vê-los maduros, ou que se sintam assim, ainda mais confiantes do que podem.
4 Comments:
Passei novamente por aqui. Parabens pelo primeiro mes de blog, e pelo sucesso que ele já está fazendo!
Beijos
Ai Lê... a gente fica mesmo sem palavras... só te digo: tu és demais!!!! Parabéns! Mãezona!
Um beijão!
Gabi
Oi Leticia,
Sei bem o que queres dizer, depois de ter lido no chat do yahoo sobre PC e Educacao Condutiva em Maio-04, comentei com meu marido sobre o metodo, em Junho-04 fizeram a reportagem na Globo em Outubro estavamos em Birmingham para uma visita vindo da Irlanda (campeonato de golf), acho que usei o motivo para convence-lo a vir pois sempre estava reticente em mudar , levar as criancas para um pais estranho, frio, sem conhecer ninguem , a cidade, sem saber se eles iam se adaptar a lingua a escola , ao metodo, tudo era uma interrogacao.
Pois bem estamos ainda aqui depois de ter morado em hotel, depois apart-hotel agora uma casa . As criancas para minha felicidade apagaram todas as minhas reticencias em relacao a adaptacao em dois dias eles se integraram , pois tinham atencao das condutoras e sempre se sentiram seguras , se desenvolveram e hoje com 5 anos ja leem as primeiras frases , ja se movimentam muito bem , sao capazes de se alimentarem sozinhas , ja na primeira semana nao usavam mais fraldas e agora treinam o equilibrio e os primeiros movimentos para caminhar . Sei que ainda temos um longo caminho ate a independencia total , mas a educancao condutiva realmente abriu este caminho para meus filhos , abriu a janela do "eu posso" , "eu consegui mamae", vou continuar trabalhando que eu consigo.
Fica aqui meu abraco, minha adminracao por voces de terem enfrentado tambem todos os porens para dar a oportunidade aos seus filhos .
Quem sabe um dia conseguiremos colocar uma celula de educacao condutiva no Brasil para ajudar a integrar as criancas com PC nas escolas? Vamos Torcer !!!
Abraco
Blandina
Blandina me emociono com teu post, uma depoimento na verdade né! Um super abraço e muita aventura também pros teus dois! Beijos.
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