No sono que acalma
Ao observar meu filho dormir vejo uma vida se transformar. Em instantes.
Na dificuldade de tranquilizar seu corpo e relaxar seus músculos, ele se vira para um lado, para o outro, e de novo, e de novo... em um movimento sem cessar. Ele `briga` com a variação entre o estado alerta e o estado de sonolência, como se esta situação fosse nova para ele, como se dormir fosse difícil. A respiração descoordenada, com o som de entrada e saída do ar pelas narinas formam uma música acelerada, em tom alto, se mostrando distante da combinação desejada para o sono.
Ao observar este ritmo, tento eu mesma buscar uma respiração equilibrada para meu corpo, tentando fazer com que pelos meus movimentos ele perceba e imite os meus atos. Mesmo que inicialmente seja de forma automática, sem razão, de forma inconsciente aquela imitação vem trazendo a ele o conforto do relaxamento, da respiração tranquila, em busca do prazer e do sono.
Em um momento muito próximo ao outro, seu corpo se acalma, sua respiração fica inaudível, sua energia se tranquiliza, ele adormece. Vejo uma vida se transformar. Aquela `briga` cessou, aquela angustia cessou, aquela pessoa se transformou. Assim vejo uma guerra que se transforma no bem, no guerreiro voraz que imediatamente se transforma em santo, na explosão que traz o silêncio. Em instantes.
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