Extravasa
O grito de gol é mais alto do que o tamanho da casa. Mais três crianças dormem sem escutar o uivo de êxtase. Gooooooooooool.
Um adulto quem sabe não gritaria com tanta vivacidade, com tanto entusiasmo. Se conteria. No máximo um punho fechado com imensa força, querendo extravasar o êxtase do momento de silêncio.
A palavra. O grito. A força toda poderosa. Sem poder mover braços e pernas de forma independente, meu filho usa a linguagem como sua força. A expressão é vibrante. O sorriso é abundante. O choro é incessante. A raiva é explosiva.
Usando de todas as palavras de carinho, ele consegue o que quer.
- Meu amorzinho, minha querida, por favor, te amo.
Usando de todas as más palavras ele consegue impacientar todos a sua volta.
- Sua feia, sua fumante, sua #$%@&*!
Palavras horripilantes com a mesma intensidade do grito de gol. A força da linguagem. A força mais intensa que ele pode usar e ferir. Sem entender nenhuma delas. Apenas o impacto do não, reagindo contra. A qualquer contra.
Driblo com diversas estratégias para conseguir entender e, um dia, resolver esse surto de extravasa.
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