Educação Condutiva - com amor

Quero escrever sobre Educação Condutiva porque me apaixonei por este método, cheio de amor, que tem atendido aos meus filhos com p.c. Quero descrever o que tenho estudado, aprendido, escutado e sentido ... Tenho a vontade de abraçar o mundo e fazer com que todas as crianças na mesma condição motora de meus filhos, tenham a chance de receber toda esta inteligência, técnica, forma de agir, pensar e sentir, que com todo carinho o Dr. Andras Peto deixou de herança.

Friday, January 30, 2009

Algoritmo para dormir


Begin

Deito colada com meu corpo no dele, lado a lado. Nos pontos de contato sinto a transferência de calor, de um corpo para o outro. Também percebo a força que coloco no contato e a pressão entre os dois corpos. Tento aliviar o peso de minha mão sobre o seu pequeno quadril. Este mesmo peso que por um lado harmoniza o peso do corpo dele, mantendo o corpo tranqüilo, seguro, confortável; pode por ventura ser demais.

Escuto a respiração dele ofegante, enquanto que eu com a minha, tento impor um ritmo. Respiro fundo e expiro com tranqüilidade. Procuro não fazer com que o ar que sai de nossas narinas se encontrem, se toquem. Se meu ar toca o corpo dele gero um descompasso. Sinto o cheiro dele que exala do corpo pela respiração, uma mistura de digestão com trabalho de órgãos. Ele deve sentir o meu cheiro, que por mais que me esforce não sinto. Mas, logo nossa respiração se harmoniza.

Com a respiração tranqüila, diríamos que estamos os dois dormindo, mas eu finjo. Então conscientemente começo a aliviar a pressão do meu corpo no dele. Ele percebe e seu corpo move. Experimento por alguns segundos, ele respira normalmente. Neste momento nosso contato é sutil, mas o calor continua vivo e a pressão, ainda que pequena, existe.

Novamente um momento consciente, mas ao mesmo tempo rápido, troco o contato de meus braços e peito com o contato de almofadas, já estrategicamente preparadas para esta função. A respiração dele continua leve, dessa vez o seu corpo não se mexeu. Eu já estou mais distante e não percebo seu calor, apenas pelo peso controlado de minha mão sobre seu quadril.

Cuidadosamente alivio mais uma vez a pressão e levanto meus dedos e pulso. Nenhuma parte minha encosta mais nele. O corpo dele reclama com um salto. Apenas um, imediatamente ele se acomoda e volta a respirar profundamente naquele ritmo que ditei ao deitar. Vai levar alguns minutos ainda para que eu não escute mais o entra e sai de ar dos seus pulmões e ele vai dormir bem.

Seus olhos de abrem antes mesmo do sol nascer, e todo este algoritmo começa de novo, repetidamente até que seja o momento de despertar.

End

Thursday, January 29, 2009

A dualidade do medo


Meu filho é dependente. Deixo ele sentado no sofá e se ele não está totalmente seguro, com a maior parte de seu corpo tocando o sofá, o chão ou a cadeira, ele se sente inseguro. Tem medo de cair. Seu corpo se ‘arma’ como o de um animal em perigo, os braços e pernas se fletem e endurecem, ele tem uma face de espanto e um sentimento de pânico. Ele tem medo de cair.

De certa forma o medo impede a ele de experimentar a sensação nova, a mudança de estado, o vai e vém que o corpo dele tem que experimentar para não cair. Ele deve experimentar para ver que é mesmo possível colocar os pés no chão e se equilibrar. Porém ele tem medo.

Seu irmão gêmeo é dependente, mas confiante de sua condição. Ele senta na cadeira e no sofá com mais facilidade, mas no momento de instabilidade, ele não tem medo. Ele não percebe o perigo, e fica ali sem medo, jogando com o perigo. Fazendo de conta que vai cair, joga com seu corpo, experimenta o desequilíbrio e volta ao lugar. Ele aprende que sabe voltar, no entanto ele passa a ser irresponsável em alguns de seus atos. Ele não tem medo. No entanto não ter medo, o deixa irresponsável, pois ele pode cair e se machucar.

Algum pensador já disse que : O excesso de confiança gera irresponsabilidade. No entanto vivo com a dualidade, com dois exemplos extremos, aquele que sem o medo arrisca e aprende; e outro que devido ao medo não experimenta.

Dicas para a vida


Li na revista VIP e copio para vocês, comungo com a grande maioria deles, difícil é praticar! Mas para viver mais e melhor, vamos começar 2009 tentando!

1- Economize energia
Esteja em sintonia com seu corpo. Os conhecimentos milenares ensinam que o sêmen é energia vital, não deve ser desperdiçado.

2- Suma do mapa
A rotina corrói o corpo e o espírito, invente vazios na agenda para curtir a vida direito.

3- Ouça os loucos
Observe os pássaros, suba montanhas, corra mais riscos, use menos o relógio e o guarda-chuva.

4- Coma o seu destino
Não se trata apenas de ampliar o tempo de vida, mas viver com qualidade o momento presente.

5- Faça o que gosta
Descubra o que você quer da vida, e não o que os outros esperam de você.

6- Baixe a bola
Sejam gentil com todos. Dedique tempo e energias às pessoas que você ama.

7- Cuide da carcaça
Mantenha seu corpo azeitado, seja com vôlei, musculação, alpinismo ou yoga.

8- Defina seus limites
Droga é o segundo copo d’água quando o primeiro já lhe satisfaz. Equilibre-se.

9- Crie seu mundo
Não se deixe enganar pelas neuroses da mídia, a vida é fruto da percepção que temos dela.

10- Tenha uma crença
Nem que seja para trocar por outra no meio do caminho. Desenterre ou fortaleça seus planos mais verdadeiros e persiga-os como um leão em fúria. Faça tudo aquilo que você sempre sonhou.



Revista VIP de julho de 2008, por Otávio Rodrigues, página 160.

Monday, January 26, 2009

Andar de bicicleta


Começar 2009 olhando para frente e fazendo tudo ao mesmo tempo, é um desafio para todos nós. Nos primeiros dias de janeiro começo o ano olhando pra frente, e aqui repito a notícia:

Mais de 305 mil alunos com deficiência estão matriculados no ensino regular

Dados do censo escolar mostram que, em 1998, havia 43.923 alunos com deficência matriculados em turmas comuns do ensino regular. Em 2007, o número passou para 305.136 e 63% das matrículas foram feitas na rede pública de ensino.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse não ter dúvida de que o desenvolvimento de estudantes com deficiência em turmas comuns do ensino regular é a melhor opção. “Não apenas para a criança com deficiência, mas também para a criança sem deficiência, porque a presença dela muda o ambiente de aprendizagem favoravelmente”, afirmou.

Haddad classificou os projetos de educação inclusiva no país como “grandes iniciativas” e informou que, este ano, o Ministério da Educação deve entregar mais de 4 mil salas multifuncionais para o atendimento de alunos com deficiência auditiva e visual e também com dificuldade de mobilidade física. “Adequamos a infra-estrutura com rampas e elevadores e isso conduz para uma escola inclusiva, plural e que respeita os direitos humanos”, disse o ministro.

O Decreto 6.571/08 que, de acordo com o MEC, “reestrutura” a educação especial, consolida diretrizes e ações já existentes voltadas para a educação inclusiva e destina recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) ao atendimento de necessidades específicas de pessoas com deficiência.

No ritmo ue seguimos fico contente de escutar bons projetos, mesmo que eles andem paralelamente, me sinto assim como aquela menina que aprendeu a andar de bicicleta:
- Faço tudo isso e ainda tenho que olhar pra frente!


Matéria de 10 de janeiro escrita por Paula Laboissière, repórter da Agência Brasil de Comunicações, em Brasília.

Estique os joelhos


Os movimentos experimentados nas rotinas da educação condutiva são muito importantes na vida diária de cada um que o executa. Eles podem até não estar evidentes, mas a seqüência de pequenos movimentos vem em busca do desenvolvimento motor necessário para uma vida independente.

O rolar é essencial para um bom sono, a mudança de posição durante a noite, onde reacomodamos nosso corpo para uma posição mais relaxada. E é dentro da sala que estas rotinas são experimentadas para ser aplicada com êxito durante a noite.

A posição em pé com os joelhos esticados, os calcanhares no chão, conhecendo a extensão dos músculos no momento certo para exercer as funções de andar ou correr, são essenciais como treino da postura em pé.

As seqüências de atividades são realizadas através de uma ordem dada, uma frase no presente, orientando o movimento. E a colocação das palavras nesta ordem é fundamental para que o cérebro registre a ordem correta.

Com o desejo de tê-los em pé, quantas vezes eu mesma disse aos meus filhos:
- Perna forte!
Onde minha intenção era para que ele esticasse bem as pernas, e deixasse os joelhos estendidos. Eu estava dando uma ordem errada. Se eu solicito a você, agora mesmo, a mesma ordem:
- Perna forte! Se você experimentar, sua intenção será contrair toda a musculatura, e quanto mais forte contrair, mais ficaremos com nosso glúteo contraído, nosso pé em ponta de bailarina, uma coxa tensa e joelhos super estendidos, quase dobrando ao contrário. Será difícil ficar de pé.

A ordem não está correta. Ser forte não é ficar de pé. Para ficar de pé é necessário ter a musculatura ao mesmo tempo que tensa, relaxada. Estender os joelhos, mas ao mesmo tempo relaxar o corpo para que os calcanhares encostem no chão, para que a coxa esticada segure o quadril no centro do corpo e com a cabeça no meio eu organize meu tronco alinhando meus ombros. Estou de pé.

Mesmo que por alguns segundos meus filhos possam realizar esta função de forma correta, assim eles estão aprendendo, organizando seu corpo, suas ordens cerebrais para a realização de funções ativas. E cada segundo desse é um momento de realização, de gratificação por estar sentindo-se bem, em harmonia. É na sala de educação condutiva, dentro do grupo, que eles recebem as ordens mais adequadas.

Thursday, January 22, 2009

Desenho Universal


“O ser humano tende a modificar o ambiente para poder viver nele. Ao longo da história, foi adaptando o meio natural, algumas vezes com maior, outras com menor respeito. Do mesmo modo fez com suas cidades, casas e objetos, a fim de torná-los mais adequados ao seu uso.
Quanto mais um ambiente se ajusta às necessidades do usuário, mais confortável ele é. Todavia, se ocorre o inverso, quando o ambiente construído não leva em conta as necessidades ou limitações humanas, ele pode chegar a ser mais inóspito que o natural.”

Estes são os dois primeiros parágrafos da introdução do Livro Desenho Universal: Métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. Escrito por Silvana Cambiaghi, editado pelo Senac São Paulo é uma obra prima para aqueles que vivem a inclusão social. O livro merece referência não somente para os técnicos na área, mas para famílias que buscam a melhor forma de encontrar a ergonomia ideal para seu mundo melhorar.

O livro foi um excelente presente da Professora Sandra Mallin, pesquisadora da Universidade do Paraná, que aprimora sem sossego seus estudos buscando inclusão para todos.

Destaco ainda um quadro que ilumina as relações entre os conceitos Deficiência, Incapacidade e Desvantagem. O detalhe é uma sinopse do documento da Organização Mundial de Saúde em texto de Lígia Amaral.

Classificação das deficiências (Quadro 1, página 25, do capítulo Pessoas com Deficiência: inclusão e exclusão social)

Deficiência = Impairment
Relativa a toda alteração do corpo ou aparência física (de um órgão ou de uma função com perdas ou alterações temporárias ou permanentes), qualquer que seja sua causa. Em princípio a deficiência significa perturbação no nível orgânico.

Incapacidade = Disability
Reflete conseqüências das deficiências em termos de desempenho e atividades funcionais do indivíduo, consideradas como componentes essenciais de sua vida cotidiana. Representa perturbações no nível da própria pessoa.

Desvantagem = Handicap
Diz respeito aos prejuízos que o indivíduo experimenta devido a sua deficiência e incapacidade. Representa a expressão social de uma deficiência ou incapacidade e, como tal, reflete a adaptação do indivíduo e a interação dele com o meio.


Silvana Cambiaghi é arquiteta e mestre em Desenho Universal pela USP.

Wednesday, January 21, 2009

Quero me duplicar


2008 é fim de ano no formato de funil, como se o acúmulo de dias realmente fosse ter um fim. Sentindo um dia mais curto do que o outro, cheguei mesmo a acreditar que poderíamos estar com nosso planeta girando mais rápido do que o natural. Parecia que eu não iria conseguir encerrar todas as funções e concluir todos os acontecimentos naquele ano. Um excesso de funções e compromissos quer terminam sendo operados irracionalmente, concluindo um em cima do outro.

- Quero me duplicar!

Assim como a Pinky dinky doo, que inventou uma máquina para fazer mil cópias dela mesma, podendo com isto parar e trabalhar no seu projeto desejado com tranquilidade. Então ela observa as outras Pinkys trabalhando e finalizando suas funções, mas em pouco tempo já não sabia mais o que fazer com tanta Pinky que repetia tudo tudo e copiava tudo tudo irracionalmente, e sem pensar ela criou muita confusão.

E 2009 começa com a dualidade, com o oposto. Um momento de pausa, de morguidade, sem viço, como se o transe fosse eterno. Como se eu não conseguisse mais ser multitarefa. Uma brevidade tão intensa que nos dá a sensação de andar em círculos, o que não é verdade!, o que fazemos é seguir caminhos que não se encontram, um fugindo do outro, numa linha reta. Não passamos pelo mesmo lugar, escolhemos cada vez um trecho novo, criativo, e na maioria das vezes falso.

Assim como o cientista que descobriu que cada matéria tem uma antimatéria, vivendo sempre em complemento, pulando entre os opostos, vivendo intensamente cada lado da moeda, provocando uma energia tão poderosa como a nossa criação ou extinção. Esta dualidade sou eu, em um momento estou no recorde diário de uma sequência incessante de atividades, em outro momento congelo.


Pinky dinky doo é personagem de desenho infantil exibido pelo Discovery kids. Ela e seu inseparável Tyler adoram inventar histórias. Episódio exibido em dezembro de 2008.